domingo, 30 de agosto de 2009

We are only entitled to one life.


Não sei se é coisa minha, mas quando decido ver um filme português, vou sempre de pé atrás. A experiência diz que, no geral, ou se apanha qualquer coisa para avacalhar com um par de famosas nuas, ou qualquer coisa muito muito intelectual (cujo objectivo não é percebermos), ou qualquer coisa simplesmente má (Corrupção!), portanto dou logo o desconto. De qualquer maneira, é justo reconhecer que se tem feito por evoluir as coisas por cá e, em vez de bater sempre só porque sim, é justo dar o braço a torcer quando há um mínimo de razões para isso. Tem-se feito muito mais cinema de grande circuito, têm havido muito mais oportunidades e não se tem tido medo de experimentar, o inglês por exemplo, portanto este é o caminho. E, entre a desconfiança genérica e o crédito progressivo, e quanto mais não seja porque é de um produto português que se trata, nunca deixo de ter interesse em espreitar.

Devo dizer que, desde o momento em que começou a ser anunciado, este Second Life me despertou uma atenção especial. Valendo o que vale, a música final do trailer apanhou-me completamente, e, vendo-o mais do que uma vez, fiquei com a sensação de que, por detrás do argumento e da própria realização, estavam boas ideias. Depois de vê-lo, a sensação é a mesma. A ideia é reflectir sobre a injustiça de termos tantos caminhos para escrever o nosso futuro e só podermos escolher um, sobre como uma única decisão pode mudar tudo, sobre a infinita questão de como teria sido se tivéssemos decidido de outra forma, e tudo isto é, de facto, um bom argumento. Ousado, amplo, complexo, bem para além do que é costume por cá. Querer concretizar uma coisa assim é, mais do que uma boa ideia, um arrojo, e isso deve ser reconhecido. Na realidade em que se insere, este Second Life é um filme claramente acima da média.

Não nego, de qualquer maneira, que a concretização de todo este ideário falhe muito. Este não deixa de ser um filme com más opções, limitado, com saloismo, e com falta de capacidade para se transcender. O final é bem mais ambíguo e vazio do que poderia ser e fizeram-se escolhas bastante tristes a nível de cast, como a Fátima Lopes, o Malato, o Figo ou o Luís Filipe Borges (para quê??), num cozidinho típicamente nosso, que retira uma certa credibilidade. É estúpido, também, que um polícia qualquer ou uma florista qualquer ou um cameraman qualquer tenham de ter caras reconhecidas por toda a gente como o Rapazote, a Ana Padrão ou o Ricardo Pereira, e já se torna bastante chato que o Nicolau Breyner tenha sempre de fazer uma perninha. Ao nível da acção, funciona mal que um círculo de amigos seja tão impessoal e é impossível que, com 7 pessoas numa casa, haja droga e 3 cenas de sexo e o raio sem que os outros presentes se cheguem sequer a aperceber... Mas, digo e repito: este Second Life não é lixo. Os grandes planos, por exemplo, são muito bons, o Adamczych e a Lúcia Moniz são excelentes actores, os momentos em voz-off funcionam e, como já disse acima, o filme, fruto do argumento, consegue criar momentos bastante consistentes. Além de que, chamem-lhe exagero ou outra coisa qualquer, tem uma das melhores bandas sonoras que eu já vi em cinema.

sábado, 29 de agosto de 2009

Um banho em Milão

Este Inter está a jogar MUITO à bola.

A basterd’s work is never done


Pode-se gostar mais ou menos da técnica ou das opções, pode-se criticar o exagero ou a violência, o despudor, ou pode-se recriminar que por trás daquilo não existam grandes mensagens de fundo, mas uma coisa ninguém pode negar: Tarantino é um dos poucos que continua a ter um estilo. Não sei se isso significa alguma coisa para a maioria, mas eu, pelo menos, não consigo deixar de lhe fazer uma vénia. Com ele, não há barretes-surpresa, sabemos sempre com o que contar. E é inevitável reconhecer, em cada um dos seus diferentes trabalhos, que aquilo é a cara dele, tem o cunho dele. Depois, além dessa fidelidade ao conceito, percebe-se que Tarantino adora o que faz. É ele quem escreve, realiza, produz, e todas as subtilezas, a inteligência do discurso, a acção, a mecânica, tudo aquilo é da cabeça dele. No fundo, é isso o que o distingue: ele nunca faz nada que não lhe dê um tremendo prazer próprio.

É verdade que já vi o Pulp Fiction, o Reservoir Dogs e o Death Proof, e é verdade que nenhum deles entra verdadeiramente na minha galeria, como este Inglorious Basterds também não o faz. Mas qualquer um deles é muito, muito bom. E vale todo o tempo e todo o dinheiro que gastamos com eles. Porque, gostos pessoais à parte, é de cinema que estamos a falar. E Tarantino, nas palavras do próprio, não aprendeu cinema, aprendeu no cinema. O que explica muita coisa.

Este Inglorious Basterds será talvez um pouco mais parado do que seria de esperar. É algo desligado, a espaços, e pouco fluido, noutros (a divisão por capítulos, por exemplo), e acaba por criar com facilidade uma narrativa paralela da qual talvez não necessitasse. Mas a ousadia, no argumento e na acção, está toda lá. Este é provavelmente o primeiro filme sobre a 2ª Guerra que não tem, nem quer ter, nada a ver com História, e isso é uma incrível lufada de ar fresco. É um filme, à imagem de Tarantino, que não poupa na violência, na dureza das cenas, sem que isso faça com que a violência gratuita seja o seu centro. Não tem qualquer pudor em ser extremo, e é quase caprichoso a nível de argumento, recheado de um gozo intrínseco que é qualquer coisa de impagável. Além de que conta com um Brad Pitt colossal, hoje e sempre no auge.

Sinceramente, não sei se algum dia Tarantino vai ganhar Melhor Filme, nem sei se algum dia vai fazer um filme que me encha realmente as medidas. De qualquer maneira, é impossível não se reverenciar o seu trabalho. Tarantino é um gajo de culto, em tudo o que isso possa representar.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Crónica de um massacre anunciado

Sem 4 titulares, empatamos com uns gajos que ganharam não 1, nem 2, mas QUATRO torneios de pré-época. Eu ainda devia estar a guinchar de alegria.

Será que ele escreveu isto ainda com a boca toda porcalhona?

"Jorge Valdano foi um grande jogador e é um grande ex-jogador com o dom grande da palavra. Pablo Aimar faz, por vezes, lembrar Valdano, pois também tem o grande dom da palavra e um dia será também lembrado como um antigo grande jogador. Usa a ironia como ninguém, a favor e contra, se preciso for, e como sabe bem ouvi-lo, sobretudo quando se descontrai e abre o seu livro. Se o seu futebol se derrete no olhar, como bem se tem visto nesta pré-época, as suas palavras derretem-se no ouvido..."

Entrevista a Aimar por Nuno Reis, in A BOLA, 08/08/2009

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Na Madeira, a gente tem umas levadas com pinta

Foi hoje, ali para os lados do Porto da Cruz.




terça-feira, 4 de agosto de 2009

Era uma vez na Holanda. Ou duas.

Há pouco mais de 4 anos, lembro-me de ter festejado como um sportinguista, a passagem do clube à final da UEFA desse ano. Estava então no Porto Santo, numa viagem de finalistas de 9º ano, e no cafézinho ali entre quem vem das lambecas e vai para o Zarco, não se distinguiam clubes. O jogo, em Alkmaar, foi, a todos os níveis, épico, com o Sporting a se qualificar com qualquer coisa como um golo no último minuto do prolongamento, marcado pelo mais que improvável Miguel Garcia, já aí um defesa direito bem pobrezinho. O Sporting jogava, na altura, muito futebol, apesar do treinador, o Peseiro, ser um pamonha do pior (o que teve como consequência maior passar, nesse mesmo ano, de finalista da UEFA e líder do campeonato, para finalista vencido da UEFA e terceiro classificado do campeonato).

Hoje, a jantar fora de casa, acabei por apanhar, já sem contar muito com isso, um jogo que, apesar de bem longe do nervo duma meia-final, era igualmente vital para o Sporting. Em questão, 2 milhões de euros de imediato, e a possibilidade de continuar a lutar por MUITOS mais, para um clube, abertamente, na bancarrota. Desta vez, o Sporting qualificou-se com um golo no último minuto dos descontos, marcado, de maneira ainda mais improvável, entre o seu próprio guarda-redes (!) e dois (!!) dos seus adversários. Hoje, nem o Sporting anda a jogar nada que se veja, nem eu festejei seja de que maneira fosse. De qualquer maneira, o treinador, agora, é Paulo Bento. E ninguém o podia merecer mais do que ele. Porque até os milagreiros precisam, de vez em quando, de um dia de sorte.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

And I think to myself,

What a wonderful world.