domingo, 30 de janeiro de 2011

The Fighter



The Fighter conta a história do boxer Micky Ward, que se conseguiu sagrar Campeão do Mundo de pesos-leves, em 1996. Baseado numa história verídica, e menos flexível por isso, como é evidente, The Fighter não é um filme para ficar na memória: falta-lhe alma, emotividade e, no essencial, outro tipo de argumento, mais sofrido, e que acrescentasse qualquer coisa ao filme tradicional sobre boxe. É um nomeado fraco para Melhor Argumento Original.

Os predicados estão na realização e nas interpretações. David O. Russell voltou dum hiato de 6 anos com um elenco de todo o tamanho, e deu conta do recado, percebendo-se a nomeação para o Óscar. A sua realização tem classe, enquadramentos muito bons, e muita preocupação com as pequenas coisas, e isso é cativante para quem vê, mesmo apesar de, na primeira parte do filme, a câmara mover-se muito, e, no geral, a edição ser um bocado sofrível (o que não é só culpa dele).

Individualmente, aceita-se que Wahlberg tenha ficado fora da corrida ao Óscar. Gosto dele pela dimensão que tem no meio, ao nível da produção, mas nunca foi um grande actor para mim, e, apesar de The Fighter lhe ter garantido a nomeação para o Globo de Ouro, não foi desta que deu o salto em frente. Falta-lhe muito mais poder interpretativo, muito mais coração, e deixar de parecer um bloco em quase todas as circunstâncias.

Já Christian Bale leva o filme às costas, e caminha a passos largos para o seu primeiro Óscar. É ele o irmão de Wahlberg, e a sua inspiração, por ser uma lenda de boxe local, e igualmente o seu treinador. Mas é também um lunático viciado em crack, e Bale deixa tudo no ecrã, capitalizando superiormente o excelente papel que teve. Ao mesmo nível, está Melissa Leo, a mãe, com um desempenho intenso, obstinada em mandar na família e na carreira do filho, numa fusão das duas coisas. Ganharam ambos nos Globos (Actor e Actriz secundários), e são candidatos de peso para a Academia. Menos sentido fará a nomeação de Amy Adams, que cumpre, sim, mas pelo seu jeito delicado e atraente, não pela interpretação.

The Fighter não é mau, só não é muito melhor que a média do que se faz no género. Ser nomeado para Melhor Filme é desajustado.

Breaking Bad


Não é doentiamente viciante, particularmente glamourosa, e não tem uma empatia ímpar, das personagens ao cerne da acção. Mas é, definitivamente, a série mais bem realizada que já vi. Nos 20 episódios que constituem as duas primeiras temporadas, Breaking Bad faz-nos babar com a classe com que é filmada, a riqueza de planos, de abordagem, tudo com um sentido estético pouco comum em televisão.

A série conta a história dum professor de Química que, na frustração e na crise de meia idade, e com uma filha a caminho, descobre que tem um cancro no pulmão, em fase terminal. Então, com o peso duma vida falhada nas costas, para ele que tinha sido uma potência-promessa na área, e com a perspectiva de deixar a família ao Deus dará, Walter White começa a produzir metanfetaminas, de extrema qualidade, auxiliado por um antigo aluno, traficante.

Seguimos então o crescimento instável e as vicissitudes do jogo, à medida que White, amargurado com a vida que tem, luta contra a própria doença, enquanto tem de esconder o segredo à família, e gerir o progresso. À realização junta-se uma tremenda criatividade nas histórias de episódio sobre episódio (para o que contribuiu a série ser curta - 7+13 -, nas duas primeiras temporadas), que quase nunca são banais, e ultrapassam bem a falta de "mistério" ou de segredos para o público.

E claro, as interpretações são muito boas. Bryan Cranston, acima de todos, tem uma performance extraordinária, tão realista ao ponto de sentirmos a sua frustração e amargura como genuínas, ao ponto dele próprio nos irritar. Também Aaron Paul está a um nível alto (mais entre o fim da Primeira e o início da Segunda), com uma personagem que sonegou uma vida perfeita, para acabar embrenhada num mundo sombrio, muito distante do que nasceu. RJ Mitte, o filho com paralisia cerebral do protagonista, ele próprio com paralisia leve, cresce bastante no decorrer da série. E nota ainda para o desempenho extraordinário de Raymond Cruz (4 episódios), no início da 2ª Temporada, e para a sensualidade de Krysten Ritter.

Breaking Bad não é inebriante ao ponto de nos colar, mas é uma série duma enorme qualidade, que merece ser acompanhada. Valeu a Bryan Cranston, para já, um Globo de Ouro e três Emmys, para Melhor Actor dramático, um Emmy para Aaron Paul, por Melhor Actor Secundário, e uma nomeação Emmy para Melhor Série dramática.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Quoteando Boston Legal #2

"Denny Crane: I consider myself a tolerant man. And these midgets... Truth is, I like ‘em. They’re sexy. I’ve always heard about those Munchkin orgies—hundreds of ‘em, all in a pile, and the idea of jumping in. Oh. Their libidos are out of whack, you know. They can go like gerbils... What?

Alan Shore: Nothing. Just listening to the idle ramblings of the tolerant man."

Boston Legal, Temporada 3, Episódio 2

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Bem, a Oposição é irritante, o DN tem a mania de ser independente e, sobretudo, o Coelho é o Hitler. Eu sabia

"É lógico analisar em conjunto, os coelhais resultados e o disparate habitual dos dirigentes de alguns Partidos da Oposição local, dos quais não há maneira de nos vermos livres.

(...)
Mais. Propõem ao dito Coelho substancialmente votado... que se ponha às ordens dos socialistas nessa “plataforma Blandy’s”, sinistramente organizada pelo “D.N.” cá do sítio!

(...)
Nunca me passou pela cabeça que os resultados da criatura fossem tão longe.

(...)
A degradação do sistema político-constitucional português é de tal ordem, que a “aspirina Coelho” começa a ser um ensaio semelhante ao que vimos nas últimas décadas em vários países da União Europeia. O protesto contra os Sistemas, através da extrema-direita.

Mesmo historicamente, quer o fascismo italiano, quer o nacional-socialismo alemão, vulgo nazismo – Hitler era um indivíduo também sem qualificações... – ambos estes movimentos de extrema-direita nasceram de uma profunda crise económico-social, utilizavam uma linguagem rasca e dita de “esquerda”, fingiam estar em defesa dos mais desfavorecidos, e foram o fascismo a liquidar a Democracia!...

É espantoso que tanta gente pareça não perceber quem e o quê estão por detrás desta coelhada!

(...)
Sabemos que, na Madeira, não podemos contar com a maioria da comunicação social para uma objectividade e eficácia em tal informação e educação cívica.

(...)
Em Outubro, nas eleições regionais, (...) a bipolarização política levará a um forte confronto, desta vez já com a extrema-direita, a “Madeira Velha”, o fascismo, a pontificar, independentemente dos outros rótulos partidários que indecentemente se lhe colem.

O Povo Madeirense será chamado a dizer claramente, se quer voltar ao passado ou se me dá confiança para aguentar as dificuldades tanto quanto me for possível.”

Alberto João Jardim, nesse arrepiante baluarte da Democracia chamado Jornal da Madeira

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Nunca é demais

Em memória desses anos,

Não é uma conclusão fácil, nem muito linear, mas, na essência, não gosto de Figo. Gabo-lhe a gestão da carreira, o talento utilitário inequívoco, os 15 anos no topo do mundo, e, sobretudo, o que representou para a geração mais lendária da História do futebol português. Mas Figo escolheu os seus próprios caminhos, e a empatia natural, a que os torna inesquecíveis, deixou-a nalguma noite quente, algures na Catalunha. Ainda assim, é impossível, sobretudo para mim, que cresci com ele e com a Geração de Ouro, menosprezar momentos como o que está abaixo, no qual tropecei ontem, depois de ler uma qualquer declaração solta dele. Vi este jogo com a Dinamarca em directo.

domingo, 23 de janeiro de 2011

189 340 votos

4,5%, quase 200 mil pessoas a votarem nele.

Tanto como para o Coelho, foi um dia histórico para a Madeira. Pela primeira vez, um candidato não PSD, um homem absolutamente hostil ao jardinismo, ganhou no Funchal, e ganhou ainda em Santa Cruz e em Machico. Uns extraordinários 39% de votos na Madeira, segundo candidato mais votado, um resultado que superou, certamente, tudo o que fossem expectativas entusiastas.

Foi um resultado memorável dum anti-sistema, dalguém averso à podridão da máquina, à corrupção, à partidocracia, às elites, e ao sufoco da democracia. Foi, também, uma bofetada de luva branca aos puristas desse país, que o chamavam de "reles inimputável", e às Judites Sousa indignadas. Mas foi, reforço, a vitória de quem ainda acredita que a Madeira podia ser diferente.

Com eleições regionais daqui a 9 meses, há finalmente uma esperança. Pequena, frágil, nem sequer da queda do jardinismo, mas esperança, fé, na primeira maioria não absoluta em 35 anos. Serão, também, as minhas primeiras eleições. Faça-se História.

Crónica de uma derrota anunciada

Hoje à noite, Cavaco vai ganhar com maioria absoluta.

Essa consciência é uma lição para mim, e para todos quantos olham para ele, e para os últimos 5 anos, e vêm um Presidente da República profundamente anti-carismático e distante, amorfo, o exemplo maior dum produto do sistema, alheio a todo o mérito e a todas as ideias boas que deviam fazer a política. Um homem que mandou no país durante 15 dos últimos 20 anos, e que ainda enche a boca para dizer que, sem ele, teria sido muito pior. O Presidente da República que não fala sobre nada desde que não possa ganhar qualquer coisa com isso, o Presidente que, sobre qualquer tema verdadeiramente importante, ainda nos goza na cara, a dizer que o Presidente não pode falar dessas coisas. Um vazio de ideias e de discurso aterrador, o exemplo acabado não do servir, mas do servir-se da política.

Hoje à noite, Cavaco vai ganhar com maioria absoluta.

Essa consciência é uma lição para mim, e para todos quantos não votaram, não quiseram, não tentaram ou deixaram passar. A culpa não é do contexto histórico-cultural, que diz que uma reeleição de Presidente é quase certa, nem da campanha desapaixonada, nem dos candidatos "serem todos maus". A culpa é de quem, como eu, cagou, não quis, não tentou, ou deixou passar. Por viver muito longe de casa, eu nunca votei. Não tentava sequer, pelos relatos de burocracia estapafúrdia que tornavam o acto francamente indigesto. Desta vez, pese o certo trabalho que ia dar, pareceu-me que havia uma janela de oportunidade. Mesmo assim, passou. Não me informei a tempo, não insisti, conformei-me.

É por minha culpa, e pela culpa de todos os outros como eu, que, hoje à noite, Cavaco vai ganhar com maioria absoluta. No fundo, não merecemos mais do que ele.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

As Presidenciais aí à porta

"No fundo, o que Cavaco quer é que chegue ao fim a agonia da campanha que tem mostrado à saciedade a verdadeira essência do político bartleby, o político que é apenas competente enquanto nada faz e honesto quando nada diz. De soluço em soluço, Cavaco reza para que ainda haja portugueses que o elejam à primeira volta porque não sabe o que pode acontecer com mais três semanas de campanha. Há quem diga que o silêncio é mais sábio que o ruído. No caso de Cavaco, o silêncio sempre lhe serviu de máscara para o vazio."

Sérgio Lavos, no Arrastão

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A elevação e, sobretudo, a camaradagem

"Chipre e Noruega? Responsabilidade foi de Agostinho Oliveira"

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Descobri, 3 anos depois, que a Mariza foi ao Letterman actuar para 23 milhões de pessoas em directo

Sempre que vejo a Angie nestas coisas, penso que ela merecia ganhar aquilo tudo


Filme, Realizador, Argumento e Banda Sonora para o banalíssimo, superficial e desinteressante filme da moda. E um monumento como o Inception, e um génio como o Nolan, a seco, desterrados pela máquina e por uma encomenda.

O momento da noite foi, portanto, o Jesse Einsenberg perder o Globo para o Colin Firth.

A Natalie-deusa-agora-menos-um-bocadinho-porque-foi-muito-lambuzada-e-engravidou foi, como evidentemente merecia, Melhor Actriz Drama.

Era justo, e a Benning levou mesmo Melhor Actriz Comédia, apesar da minha extrema consideração pela Emma Stone.

O grande Jeremy Renner não foi Melhor Actor Secundário, mas foi-o o grande Bale, o que, mesmo sem ainda ter visto o The Fighter, deve ser indiscutível.

A Mila e a Sofia Vergara não ganharam nada, o que não é correcto.

Infelizmente, o Despicable Me também não teve hipóteses perante outro papão.

The Walking Dead não foi Melhor Série Drama, nem o Bryan Cranston Melhor Actor Drama, mas a coisa ficou com o Boardwalk Empire e o velho Buscemi, portanto não há muito espaço para ficar indignado.

Big Bang perdeu para a lócura-lócura do Glee, mas o Sheldon levou Melhor Actor Comédia, e contribuíu para a decência da noite.

E é belo ainda ver o melhor actor de sempre a receber Globos. Mesmo que vê-lo a ele, Pacino, e ao grande De Niro, tão velhotes, faça sempre impressão.

Quando penso que o Gervais apresentou isto, e os Óscares vão ser para o Franco e para a Hathaway, tenho vontade de chorar.

O Downey Jr. é muito bom para nunca se terem lembrado dele para host.

Admito que, sem os efeitos luzidios do Transformers, a Megan banalize um bocadinho. A Scarlett também passou ao lado, infelizmente. Respect na January Jones, na Hale, na Love Hewitt e na Vergara.

A Olivia estava um deslumbre, como sempre, mas o título e a imagem falam por si.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Noite grande, grande noite


Falta-me ver muita coisa, mas, com ou sem corrupção à mistura, é sempre imperdível.

Espero que o Inception leve Filme, Realizador e Argumento. Talvez Banda Sonora, apesar de ficar bem entregue com o 127 Hours.

Espero que o The Social Network seja um rotundo fracasso.

Espero que a Natalie-deusa seja, como evidentemente merece, Melhor Actriz Drama.

Era justo que a Annette Benning levasse Melhor Actriz Comédia, apesar da minha extrema consideração pela Emma Stone.

Espero que o grande Jeremy Renner seja Melhor Actor Secundário.

Tinha piada a Mila Kunis ganhar Melhor Actriz Secundária, só porque sim.

Torço muito pelo Despicable Me para Melhor Animação.

The Walking Dead tem de ser Melhor Série Drama, apesar da minha devoção por Boardwalk Empire.

O grande Bryan Cranston tem de ganhar Melhor Actor Drama.

Oxalá Big Bang ganhe Melhor Comédia, e o Jim Parsons Melhor Actor Comédia.

E claro, a Sofia Vergara que receba qualquer coisa, porque merece muito.

127


Era um dos filmes mais esperados do ano e, sinceramente, não me encheu as medidas. Apesar das circunstâncias se apropriarem, a opção por um filme quase a solo do protagonista foi arriscada e, para mim, difícil de gostar. Mesmo que se tenha tido algum sucesso a contornar esse tempo no mesmo sítio e com um único intérprete, e com o filme a durar apenas 1h30, o solo é limitador para quem vê. E também não sou fã da realização de Danny Boyle, que é um tanto ou quanto turva, mesmo que isso seja propositado para ritmar a acção. Sendo um filme que vive dessa realização, baseado numa história verídica, acabou por ter uma assinatura muito marcada de Boyle, e tornou-se numa obra mais artística do que fluente. Também James Franco, nomeado para Melhor Actor Drama nos Globos de Ouro, está longe de ser inesquecível, ainda que seja competente, e não desfaça o papel.

Ainda assim, 127 Hours não deixa de ser um filme interessante. A gestão do tempo no solo de Franco acaba por dar espaço a coisas bem feitas, muito especialmente, à exploração do carácter do personagem, com base naquela situação aludida ao resto da sua vida, e isso é a grande mais-valia do filme. Franco é Aron Ralston, um aventureiro que explora os canyons sozinho, e o que lhe acontece, numa viagem em que não lhe apetecera avisar ninguém do seu paradeiro, e em que só tinha querido dar azo, mais uma vez, ao gosto por estar sozinho, serve de analogia, pelo próprio personagem, para todo o seu percurso de vida, magistralmente resumida no alucinado devaneio "Toda a minha vida foi um caminho até esta pedra".

Fantástica é a banda sonora, dirigida por A.R. Rahman, vencedor do Óscar com Slumdog Millionaire, e tem um dos "singles" mais fortes do ano, If I Rise, com Dido, que passa injustamente ao lado da corrida de amanhã para Melhor Música.

Longe de ser um fracasso, 127 Hours deixa a sensação de que ficou a meio caminho de qualquer coisa maior.

Sobre uma família,


The Kids Are All Right é um excelente argumento, justo nomeado para os Globos de Ouro de amanhã. É criativo, inteligente, e conjuga uma piada bem feita, com uma tónica funda e séria. É um filme, acima de tudo, sobre família, sobre alimentá-la e sonhar com uma perfeita, mas isto na história duma não convencional - um casal de lésbicas cujos dois filhos nasceram por inseminação artificial. Uma família que sofre dos problemas de todas as outras, do desgaste do casamento ao crescimento dos filhos, com a nuance desses filhos, à beira da maioridade, decidirem conhecer o doador de esperma que é o seu pai biológico.

É claramente um filme de argumento, "fácil" de realizar, levado sempre num ritmo calmo, um típico dramedy, que parte duma série de abordagens com uma piada natural, para prosseguir num contexto mais duro e emocional. E tem o grande mérito de ser bem acabado, longe de tiradas cliché ou muito cor-de-rosa.

O elenco funciona muito bem, com a excepção de Mia Wasikowska, que, pese o papel importante, fica sempre mal no ecrã, fria, e com uma má expressividade. Mark Ruffalo e Annette Bening são os melhores. O primeiro num registo sex symbol que não lhe é habitual, e lhe rende um papel muito bem conseguido (fica fora das Nomeações para Melhor Actor Comédia estranhamente, mesmo sem ter visto os outros); Benning numa performance em crescendo, em auge na segunda metade do filme. Sem deslumbrar, Julianne Moore fecha bem o leque, com a desconhecida Yaya DaCosta a marcar pontos no seu pequeno papel, pela atitude e pela sensualidade.

Só vi Red dentre os restantes nomeados para Melhor Comédia, mas, pelo argumento e pelo conjunto, desconfio que The Kids Are All Right é o mais merecedor dos candidatos.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

De quem escreve de futebol grandemente, sobre o que é o Barça, com Wenger e Mourinho à mistura

"Há poucas equipas que nos empolgam porque há poucas equipas com capacidade intrínseca real para nos empolgar; não é que não queiram, é que não podem; no meu modo de ver, e repisando um pouco o meu tema preferido do momento, o sistema Guardiola não passa de um produto dos jogadores que, mais ou menos por acaso, conseguiram reunir.

Volto a lembrar a minha disponibilidade para me auto-sodomizar perante a menor evidência de que a verticalidade do jogo do Barcelona é mais uma ideia do Guardiola que produto de uma astrologia; nesse aspecto, o Wenger pode mais facilmente ser acusado de, sem um tostão furado, andar há anos a tentar construir uma equipa que, durante os jogos, não faz rigorosamente mais nada que passar a bola a pessoas que ninguém sabe muito bem de onde vieram."



"Impossível esquecer o titulo europeu de Mourinho. Por muito injusto que lhe possa parecer, continuamos a acreditar que o triunfo na semi final sobre o Barcelona foi algo daquele tipo que acontece uma em dez vezes. Tal não pretende, de forma alguma, retirar mérito ao melhor treinador do mundo. Consiga o treinador português vencer uma prova de regularidade (campeonato) ao temível Barcelona, e seguramente que deverá ficar guardado na memória colectiva não como o melhor da actualidade, mas como o melhor de sempre."

O ano dela

E ainda mal três meses passaram, e lá vamos nós para mais um concerto para a posteridade

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Orgulhosamente,

O louco


José Manuel Coelho sempre foi uma figura difícil de se levar a sério. A própria entrada na cena política madeirense, tão habituada aos brandos costumes, a comer e a calar do regime, rondou a violência para quase todos: uma bandeira nazi é muito fácil de se levar a mal, e ainda mais de descredibilizar à nascença ideias boas. Mesmo que sempre por caminhos tortuosos, o Coelho resistiu a isso. E o sarcasmo, a agressividade, o ácido e o exagero, tornaram-no, nos últimos anos, pura e simplesmente, na única verdadeira forma de oposição na Madeira. Sempre presente, sempre despudorado nos nomes e nas acusações, sempre sem contemporizar, é a única personalidade política que vi irritar o regime nestes anos todos. Antes, a oposição era só um brado envergonhado nas discussões comezinhas. Só com ele e com o seu estapafúrdio, e com as bandeiras, os relógios ao pescoço, os dirigíveis no Chão da Lagoa, os boicotes às inaugurações, e a denúncia a frio, é que surgiram a espinha e os princípios.

Não deixa, por isso, de dar que pensar, quando, na 6ª-feira, uma empertigada Judite Sousa, sempre tão mansa quando o entrevistado é um peixe graúdo, quase bradou aos céus com a suposta falta de seriedade da campanha e da forma de fazer política do Coelho. E com a sua falta de coerência, do Partido Comunista ao PND, e com a obsessão com Alberto João Jardim, sem o qual não seria nada, e com a sua ligação às famílias alheias ao jardinismo. Judite Sousa é muito importante para compreender que casos extraordinários exigem medidas extraordinárias, e que, no caso da Madeira, só um louco, sem nada a perder, sem limites, poderia contribuir com alguma coisa. O choque genuíno e a agressividade de boca cheia do vulto a quem os políticos supostamente se explicam ao país, foi só um espectáculo triste, de quem não é capaz de enxergar que política é muito mais do que Esquerda ou Direita, do que formalismos ou do que o politicamente correcto.

Claro que o Coelho não é nenhum profeta, que não é um santo ou um salvador, e que provavelmente tem os seus interesses, ou é levado por este ou por aquele, e que talvez nunca seria capaz de assumir e governar. Mas no seu irreprimível devaneio, sobrevive a consciência de que, independente a tudo, ainda é possível chegar-se à frente e denunciar a máquina. Não há seriedade maior do que essa.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Um dragão engraçado


How to Train Your Dragon é uma Animação melhor do que o que a Dreamworks tem andado a fazer. Tem mais vivacidade, mais cor, e mais criatividade do que Kung Fu Panda, Madagascar 2 ou o desterro de Shrek, e é melhor notícia por causa disso. Na história eterna sobre o ser diferente, também há espaço para uma certa emotividade, o que, não sendo suficiente para colocar a Dreamworks ao nível da concorrência, mostra um certo amadurecimento, e os primeiros passos nesse caminho. Temos ainda uma magnífica banda sonora, um contexto engraçado - vikings -, e uma muito bem sucedida estreia de Gerard Butler a dar a voz.

Num ano mais fraco ao nível da Animação do que os últimos três (falta-me ver o Tangled), e com o Oscar novamente perdido para a Pixar, na quase incontornável coroação de Toy Story, que nunca pôde ganhar, How to Train Your Dragon não deixa de ser um apontamento que vale bastante a pena. Ainda que, para mim, o mais conseguido do ano seja o Despicable Me.

Uma suprema obra de arte


"We sat and drank with the sun on our shoulders and felt like free men. Hell, we could have been tarring the roof of one of our own houses. We were the lords of all creation. As for Andy - he spent that break hunkered in the shade, a strange little smile on his face, watching us drink his beer. You could argue he'd done it to curry favor with the guards. Or, maybe make a few friends among us cons. Me, I think he did it just to feel normal again, if only for a short while."

Red (Morgan Freeman), The Shawshank Redemption

aqui

As minhas noções temporais estão deslocadas, mas se comecei o ano com esta vista, o que se segue há de ser bom. Happy New Year