quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A selecção da Europa


Ideia gira da Visão de Mercado. Não que faltem competições ao calendário, mas uma prova intercontinental, em vez, por exemplo, da sensaborona Taça das Confederações, seria coisa para ter um apelo tremendo. Respeitando as limitações da VM (posições e máximo de dois jogadores de cada nacionalidade), aqui fica:

Casillas
Lahm
Pepe
Hummels
Bale
Pirlo
 Modric
 Iniesta
Ronaldo
Van Persie
Ibrahimovic

Banco: Hart, Cech, Ivanovic, Bonucci, Baines, Hazzard, Fellaini, Hamsik, Ribery, Robben, Lewandowski, Benzema.

Battle Born (2012)


O novo álbum dos Killers saiu há um mês e meio, e é um prato cheio. A aliar à deliciosa sonoridade de sempre, houve inspiração e criatividade para uma playlist quase inteira a valer a pena, coisa que não digo muitas vezes. Uma verdadeira beleza.

Favoritas são a Deadlines and Commitments, a Heart of a Girl, a From Here on Out e a homónima Battle Born.

Para ouvir e colar, e ficar a imaginar como seria se cá voltassem no Verão.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Um abuso de bom


5 episódios e todos vertiginosos, sem pouparem nada, sempre escritos com um thrill como se fosse o último. Homeland é, semana sobre semana, uma série total, sem limites no impacto e na qualidade do que pode oferecer. O 2º Globo de Ouro tem de estar ali, ao virar da esquina.

Treinador do Ano


Inovação feliz com dois anos, aquando da fusão da Bola de Ouro com o MVP FIFA.

São 10 os nomeados, e, à partida, a lista até devia emanar com uma simplicidade lógica. Grosso modo, seria pacífico nomear o Campeão do Mundo/Europa de selecções e o runner-up, o Campeão Europeu e o runner-up, o vencedor da Liga Europa, os campeões das 4 principais ligas e, nas vagas sobrantes, avaliar entre o campeão francês, os runners-up das ligas espanhola, inglesa e, dependendo do caso (como aconteceu com Domingos, no Braga), da Liga Europa.

Assim, os 10 nomeados de 2012 seriam Del Bosque, Prandelli, Di Matteo, Heynckes, Simeone, Mourinho, Mancini, Conte, Klopp e, no meu juízo, Guardiola.

Foram 8 destes 10. Simeone, que ganhou TODOS os jogos europeus que fez em 2012, incluindo duas finais europeias de goleada, e cujo Atlético de Madrid lidera a Liga das Estrelas pela primeira vez em 17 anos, e António Conte, campeão na Juventus (matriz da Itália vice-campeã da Europa), sem derrotas, ao fim de 7 anos, foram os sacrificados. Em benefício de quem? De Ferguson, que perdeu a Liga e foi humilhado na Europa, primeiro na fase de grupos da Champions, pelo Basileia, depois na UEFA, pelo Bilbao; e de Joachim Low, que falhou a tão anunciada final do Euro com a Alemanha. Implicado está.

Quanto ao vencedor, só se concebe uma corrida a dois: Del Bosque vs. Mourinho (Guardiola comporia o trio, quanto a mim, reeditando a pole de 2010; senão, Di Matteo). O Especial teve um ano espantoso, concretizando o que, uma mera época antes, parecia delirante: quebrar uma das melhores equipas da História. E fê-lo com assinatura, como tinha de ser: o Real bateu o recorde de pontos e de golos da Liga Espanhola, foi campeão no Camp Nou e só falhou a final da Champions nos penalties. Mourinho tornou-se no primeiro treinador da História a ganhar as três grandes ligas.

Don Vicente, alcançou, no entanto, a enormidade de juntar um Campeonato da Europa ao Campeonato do Mundo. Passou a ser, igualmente, o único da História a somá-los a uma Liga dos Campeões, no palmarés. Mourinho teve de fazer 5 ou 6 vezes mais jogos, mas a sua Espanha chancelou-se, oficialmente, como a melhor selecção de todos os tempos, e isso diz tudo o que há para dizer.

É a disputa mais equilibrada até hoje, depois das vitórias indiscutíveis do próprio Mourinho e de Guardiola, nos últimos dois anos, e ambos merecem a vitória inteiramente. Torço por Mourinho, como sempre. Del Bosque, porém, nunca ganhou, e reconheço que faria sentido que isso pesasse a seu favor.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Momentos de Mudança, SIC


É o jornalismo como era suposto que ele fosse.

Incrivelmente bem filmado, com uma profundidade, um tacto e uma capacidade para contar não raras vezes comoventes.

Somos deficitários em muitas coisas, mas sorte a nossa, nestes tempos falíveis, ainda haver tamanha qualidade na nossa televisão, capaz de nos sensibilizar com o retrato de um país, e com as suas dores de mudança nos últimos 20 anos. E capaz de compadecer-nos e de educar-nos, coisa que, no mínimo, há de nos ser um bom ponto de partida para o que está para vir.

Enquanto houver este jornalismo, ainda temos a obrigação de ter esperança.

Boa imprensa, boa publicidade e boa vizinhança na Bola de Ouro


Concordo com mais de 3/4 da lista, não está mal. Como sempre, há, contudo, uns quantos casos pródigos nestas coisas, com os quais vale a pena implicar.

A ausência de Pepe é dos maiores paradigmas de má imprensa. Só quem não viu nenhum jogo da época do Real, a jogar ele ao lado de Sérgio Ramos, é que pode achar este desfecho normal. Ramos nem na lista devia estar, mas é o caudilho, o vice-capitão do Real e um titular na Era da Espanha, enquanto Pepe, infinitamente mais fiável e mais preponderante, é só o asesino. Mais extraordinária só a nomeação de Piqué, que comete a proeza de a conseguir, mesmo tendo falhado quase metade da Liga Espanhola, por lesão.

Depois, publicidade em estado puro. No dificílimo Brasileirão, o Santos de Neymar ficou em 10º, em 2011, e vai em 12º, este ano, já com a Libertadores perdida nas meias-finais. Balotelli, por sua vez, tem sido sempre o 4º ponta-de-lança do City, foi pouco além da dezena de golos, e fez um único jogo bom em todo o Europeu. Mesmo assim, estão ambas as pop stars nomeadas, enquanto Mario Gómez (41 golos oficiais no vice-campeão europeu!, melhor marcador do Euro) e Higuaín (26 golos determinantes para o melhor ataque da História da Liga Espanhola) ficaram de fora.

Finalmente, questões de estatuto: Silva e Fabregas tiveram uma época bem mais plena individualmente do que Xavi, Xabi Alonso e Ozil. A ausência de David Silva, então, é absolutamente inacreditável: foi ele o jogador mais determinante do campeão inglês, e, a par de Iniesta, o melhor espanhol no Euro. Também Fabregas regressou em cheio ao Camp Nou, com rasgo e com golos, performance que lhe ofereceu a titularidade na Espanha bicampeã da Europa. No entanto, o que vingou foi o conservadorismo amigo de sempre, os nomes de cor. Não consigo deixar de repetir a pena que é um prémio desta envergadura, em virtude do modelo de votação, ter uma componente tão intrincada de simpatia e de desconsideração pelo mérito. Para o que vale, fica o meu top-10.

1 - Ronaldo
2 - Messi
3 - Falcão
4 - Iniesta
5 - Pirlo
6 - Drogba
7 - Casillas
8 - Ibrahimovic
9 - Van Persie
10 - Aguero

sábado, 27 de outubro de 2012

Sam Mendes fez o melhor Bond da História


Para mim, o Casino Royale não era só o melhor 007 jamais feito. A superação e o engrandecimento que emprestou à saga representaram um marco tão grande, que, como Dark Knight, no Batman de Nolan, tornava pouco crível que se pudesse vir a fazer maior do que aquilo. Quando o Skyfall acaba, no entanto, não precisamos de mais do que uns segundos para ter a certeza.

A realização de Sam Mendes é uma monumentalidade com todas as letras. É qualquer coisa de espectacularmente abusivo, uma arte com vida própria dentro do filme. Não me lembro de ter dado por mim tantas vezes maravilhado com a beleza da técnica. O realizador de American Beauty, que lhe valeu o Óscar (bisneto de madeirenses!), tem mais sequências de génio em Skyfall do que muitos realizadores na carreira inteira. O filme valeria a pena só por causa dele, mesmo que fosse um lixo no resto.

A luta num parapeito de um arranha-céus, feita de silhuetas num plano estático, de luzes ondulantes em fundo e da banda sonora de Thomas Newman (perfeita) é, possivelmente, a mais deslumbrante cena de acção que já vi. O permanente jogo com a escuridão - em cunha com o negrume do próprio argumento -, o Bardem cambaleante na noite entre chamas, o metro pelas galerias de Londres, o poder a filmar acção, a magnitude a filmar os lugares - da ilha deserta de Bardem aos majestáticos campos escoceses -, enfim, Sam Mendes escreveu uma poema com uma câmara nas mãos. Se a Academia o desterrar, como fez criminosamente com Nolan, descredibiliza-se até onde isso for possível.

O argumento é dos menos conspiratórios que a saga já teve e, ao mesmo tempo, dos mais felizes. Skyfall não é uma história de luta pelo domínio global ou de criminalidade caótica. É uma história pessoal, um ajuste de contas, um mergulho de cabeça no passado, que fala de confiança, de medo, de vingança e de expiação, e dos fantasmas que assombram cada um de nós. É a história mais humana de sempre, do Bond que volta à amargura da infância, da M para quem não há fuga das decisões que teve de tomar, e do impagável laço fraternal entre os dois, concretizando, de forma plena, a reinvenção do Bond impessoal, concebida em Casino Royale.

Na comemoração do meio século de filmes 007 (1962-2012), ainda houve tempo para ser revivalista, e ressuscitar, em homenagem, uns quantos símbolos que fizeram a saga. A Neal Purvis e Robert Wade, que asseguram o texto há 13 anos, desde The World is not Enough, juntou-se, desta vez, o colossal John Logan (Gladiador, Último Samurai, Aviador!), e, não sabendo mesurar o contributo, para um leigo, o peso pareceu imenso.

Bardem é o melhor vilão de sempre. Assim, fácil. Era coisa que o trailer já fazia adivinhar. Com a performance em No Country for Old Men ainda na cabeça, dar-lhe esta insanidade era pouco menos do que uma escolha perfeita. É impressionante a forma como o espanhol projecta no olhar, no esgar e nos gestos a loucura que se queria, a maneira como todo o seu corpo responde ao papel, possuído e febril, como se tivesse, realmente, uma sede quase física de vingança. Necessariamente para atacar o segundo Óscar da carreira, sem dúvidas.

Sagas não costumam ser muito gratas ao protagonista, mas Daniel Craig continua a merecer que se enalteça a encarnação brilhante de um papel que fez tão seu. Tão pessoal, tantas vezes em fiapos, mas sempre comprometido, e inevitavelmente intenso. A incomparável individualidade do seu Bond é um legado que ninguém lhe poderá tirar.

Skyfall é tão bom, que deu-se ao luxo de ter um fim como merecia. Pintado como um quadro, quase místico, reverente, duro e incontornável. Um fim à altura do melhor Bond de sempre.

9/10

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Baylor - Texas Longhorn, 50-56. Resumo


Das hienas não reza a História


Na antecâmara da decisão sobre o caso Armstrong, já escrevi o que queria.

O linchamento público que se sucedeu foi, porém, ainda maior do que poderia imaginar. Sobre isso, só gostava de notar uma coisa. Três reacções, lidas na Marca.

Andy Schleck, um inevitável número 2, um crónico derrotado, sempre incapaz de se provar na estrada, e cujo irmão, e eterno companheiro de equipa, está suspenso por doping disse: "É uma decisão justa, que chega tarde. O que aconteceu foi muito grave."

Bradley Wiggins, o vencedor em título do Tour, que nunca o teria sido se não estivesse toda a gente lesionada, e se a Sky não tivesse instituído uma disciplina militar para levá-lo num berço à vitória, riu: "Armstrong é como o Pai Natal, ao envelhecer compreendes que não existe."

Alberto Contador, vencedor histórico de 7 Grandes Voltas, um monstro da corrida, e que até teve uma cisão pública grave com Armstrong, quando eram colegas de equipa, deixou, por sua vez, o seguinte: "Estão a humilhar o Lance, a faltar-lhe ao respeito. O que sei é que se o ciclismo é popular nos Estados Unidos, se sabem lá o que é o Tour, é graças a ele."

Nos tempos difíceis, como na estrada, só está à altura quem pode. Grandeza não é coisa que se aprenda. Na História, também não fica quem quer.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Louie (2010), season 1


Excessivamente experimental.

Que Louis C.K. é um génio, não há dúvidas. É um nome incontornável do stand-up mundial, um dos absolutos grandes da actualidade, e vê-lo em palco é uma monumentalidade.

O problema é que C.K. não quis ser muito ortodoxo no desenho da sua comédia, que produz, realiza, escreve e protagoniza. Louie é a história de uma versão ficcionada de si próprio, um comediante de cena urbana, recém-divorciado, e que tem de criar as duas filhas menores em Nova Iorque. A acção, no entanto, não tem uma linha orientadora. É colada aos trechos, às vezes nem relacionados, com performances reais de stand-up de C.K. pelo meio. Há episódios em que o seu talento plasma na acção da série, mas durante a maior parte do tempo investe-se no constrangimento e no non-sense, sem um resultado muito bem sucedido. A liberdade criativa e de edição acaba por revelar-se como uma falta de coesão estranha e, na verdade, são quase sempre as performances verídicas que salvam o episódio.

Com a terceira temporada recém-concluída, Louie já rendeu a C.K. um Emmy para Melhor Argumento Comédia, pela season 2. Não é comparável, contudo, ao que o americano alcança no stand-up puro.

Looper


Boa ficção científica.

Em 2074, viajar no tempo é possível, mas ilegal, e só está ao alcance da máfia, que o usa como a melhor forma de eliminar os seus alvos. Esses são, assim, enviados 30 anos para o passado, onde hitmen esperam por eles para concluir o serviço. O problema é que o alvo podem ser eles próprios.

Looper tem várias ideias boas. O cenário futurista é sóbrio e elegante, e o enquadramento histórico da trama é muito bom - o futuro que assombra o passado. Ao mesmo tempo, é agridoce em vários planos: a densidade do que o protagonista tem de assimilar é boa, mas sempre um pouco artificial e sentida de menos. Gordon-Levitt não ajuda quanto a isso. Alguns elementos da história são roubados ao cinema de horror, o que é surpreendente e arrojado, no entanto deviam ter sido mais cirúrgicos e menos exagerados. E o desfecho, não sendo banal, não é pleno e inquestionável. Independentemente destas oscilações, o trabalho de Rian Johnson, que realizou e escreveu o filme, é claramente digno de registo.

Gordon-Levitt continua a não me convencer. Novamente num papel generoso, voltou a demonstrar falta de alma e de empatia. Era fácil criar ali algum calor humano, mas Levitt pareceu tão impessoal como sempre, difícil de se relacionar com tudo aquilo. Bruce Willis é só força bruta. O melhor do cast é a vulnerabilidade de Emily Blunt, uma mãe possível, em remissão do passado para dar uma oportunidade ao filho.

Looper tinha potencial para um pouco mais, mas a sua qualidade não está em questão.

7/10

Derrota normal em casa de um rival na luta pela manutenção


Godinho Lopes foi eleito às custas de Domingos. Num Domingo, disse que "a saída de Domingos é uma questão que não faz sentido", e despediu-o na 2ª. O Sporting falhou o pódio, ficou fora da Liga dos Campeões e, no último dia da época, perdeu a final da Taça (onde não merecia estar) para a Académica. Menos de uma semana depois, Godinho Lopes renovou com Sá Pinto.

Ainda não acabámos Outubro, e o Sporting está em 12º no campeonato, já foi eliminado da Taça e segue em último do grupo na Liga Europa. Em 11 jogos oficiais, ganhou 2, 1 dos quais contra uns tipos chamados Horsens, que não jogavam na nossa Liga de Honra. Sá Pinto, claro, já foi despedido há três semanas e, enquanto não arranja forma de arranjar um treinador - nem com o rebuçado que foram duas semanas sem competição -, o Sporting ainda paga o salário de Domingos e de Sá Pinto. Pelo meio, não conseguiu melhor do que esmolar as vendas de João Pereira e Matías.

Uma pergunta é tudo o que resta: como é que é possível que Godinho Lopes ainda não se tenha demitido?

"Una mina de oro"


Falcão marcou ontem o golo da vitória do Atlético. Tudo normal até aqui. Ou não. Afinal de contas, coisas normais não é o forte do Tigre.

Falcão marcou ontem o golo da vitória do Atlético ao minuto 90, num estádio agreste, e de livre directo. No caso, o primeiro livre directo da carreira. Simeone explica: "O Falcão pediu-me desesperadamente para bater o livre porque tem treinado imenso para melhorar." Como é óbvio. O melhor 9 do planeta só podia passar os treinos a reflectir sobre o que está mal.

Dissemos todos o quão penoso era um tipo destes falhar um grande europeu. O desperdício, o crime, a perda. Que ridículos que nós somos. O Falcão é tão bom que se limitou a assegurar que o Atlético passava a ser a escolha correcta. No fundo, era tudo simples, como um euromilhões. Não existia o sítio certo, saía simplesmente a qualquer um e depois mudava-lhe a vida.

Graças à sua pornografia de golos (neste momento, 10 jogos seguidos a marcar, por exemplo), o Atlético ganhou duas finais europeias de goleada, e lidera agora a Liga Espanhola, pela primeira vez desde 1995/96. A Colômbia, que não vai a um Mundial desde 1998, segue destacada no pódio da qualificação sul-americana, graças a 3 vitórias seguidas esta época, assinadas com 4 golos seus.

Estas coisas de fábulas não acontecem, pelo que é possível que ele ser do Atlético e ser colombiano seja só uma experiência científica, para ver o que ele pode render em condições adversas. Como quando o Tartaruga Genial punha o Son Goku a lutar com peso às costas. Qualquer dia aparece alguém a dizer que, na verdade, o Falcão é brasileiro e pertence ao Real, mas que era feio andar aí a humilhar os mortais.

Pensar que o Iniesta pode ganhar a Bola de Ouro dá-me vontade de rir. O Iniesta não devia estar sequer nos três finalistas.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Kramer vs. Kramer (1979)


"- Daddy? 
- Yeah? 
- I'm sorry. 
- I'm sorry too. I want you to go to sleep because it's really late. 
- Daddy? 
- What is it? 
- Are you going away?
- No. I'm staying here with you. You can't get rid of me that easy. 
- That's why Mommy left, isn't it? Because I was bad?"


É um daqueles filmes icónicos, que marca uma geração.

Paternidade e crescimento mútuo, responsabilidade, cuidado, sacrifício e a afeição mais umbilical que pode existir. Extraordinariamente escrito, inevitavelmente tocante.

Ganhou Óscar para Filme, Realizador, Actor, Actriz Secundária e Argumento Adaptado. Robert Benton, que ainda viria a ganhar um terceiro Óscar, realizou e adaptou a história. Dustin Hoffman, um figurão no auge, levou o primeiro da carreira, tal como Meryl Streep, a agarrar o ecrã ainda com ar de miúda. A eles juntou-se um tal de Justin Henry, puto absolutamente bestial, que nunca fez carreira, mas que, aos 8 anos, alcançou legitimamente a enormidade de ser o nomeado mais novo da História dos Óscares.

Um evidente obrigatório.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

"It builds character Mr. Preston. The kind you only find on mountaintops, and deserts, and battlefields, and across oceans."


Um dos filmes mais underrated que já vi. Fracassou nas bilheteiras, foi desprezado pela crítica e, hoje, não é mais do que uma nota de rodapé na carreira brilhante de Ridley Scott. Se calhar sou só eu, mas nunca vou perceber.

A realização de Scott é poderosa. A fotografia é deliciosa, como a banda sonora, e a performance de Jeff Bridges enorme. O melhor, porém, coisa rara, ainda por cima, é o carisma impagável, o romance, a lição, a inspiração, e a aventura apaixonante. E um fim que me continua a arrepiar de todas as vezes.

Nenhum site de avaliações dirá isto, mas White Squall (1996) é um filme grandíssimo e inesquecível.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Pessoas que merecem


O talento é dádiva divina, a motivação e o profissionalismo educam-se. Depois há uns quantos, poucos, que têm simplesmente uma vontade contagiante de ajudar, de honrar a camisola, de fazer sempre um pouco mais, um pouco melhor. É um compromisso que vem de dentro, uma reciprocidade, carácter. Não é coisa que se ensine, mas que se admira simplesmente.

Ontem, em casa dos Camarões de Samuel Eto'o, eternos gigantes, o Heldon marcou o golo que colocou o seu pequenino Cabo Verde na CAN, pela primeira vez na História. Não foi só um golo histórico de um jogador do Marítimo, foi um golo histórico do Heldon, e acho que ficamos todos mais contentes por causa disso.

Há jogadores que, pura e simplesmente, merecem ser felizes.

Sherlock (2010), seasons 1-2


Um Sherlock Holmes no século XXI é uma daquelas ideias que soam boas desde a primeira hora. Com a BBC a fazer as honras, o resultado era inevitável: a série é um verdadeiro tratado de realização, espectacularmente filmada, muito bem editada e com uma assinatura moderna de requinte. A storyline emana dos escritos de Sir Arthur Conan Doyle, que só conhecia nos traços mais gerais do senso comum, mas a transposição do texto para os nossos dias foi perfeitamente feliz. Estão completas duas temporadas, de três episódios cada (1h30), e a season 3 já foi confirmada para 2013.

Holmes surge, aqui, mais isolado, psicótico, anti-social, quase intratável, e sobrenaturalmente dedutivo. A personagem, e falo por associação com outras representações, é bastante exponenciada, o que lhe dá um carácter ainda mais peculiar. Benedict Cumberbatch assume o papel com uma quase vocação. Conheci-o em Tinker Tailor Soldier Spy, onde, para mim, foi a evidência do elenco, e aqui, o seu afastamento da realidade, o seu olhar às vezes vítreo, a sua psicose e a maneira como experencia a acção chega a ser impressionante.

Martin Freeman injecta densidade na personagem de Watson que, com ele, se torna notavelmente séria e empática. Deixa altas as expectativas para O Hobbit. Lara Pulver, na pele da notória Irene Adler, só tem um episódio, mas passa por ele como um furacão. E nenhum elogio faria sentido se não incluísse a performance extraterrestre de Andrew Scott como Moriarty. A sua insanidade genial, excêntrica e inacompanhável está ao nível do Joker de Ledger, é icónica. Já lhe rendeu o BAFTA deste ano, mas o Globo de Ouro é o reconhecimento que se exigia.

Sherlock, já com 17 nomeações aos Emmys, vale absolutamente a pena. Pelas personagens, pelo nível de execução, e pelo enlace das histórias, que já rendeu autênticas pérolas de episódios. Pessoalmente, só tem um grande senão: a falta de coragem do argumento. Estamos a falar de um produto histórico, mas, para mim, são as decisões feias que separam as grandes histórias das brilhantes, e este Sherlock, com todos os méritos, não evita ficar um pouco aquém do que podia ser.

sábado, 13 de outubro de 2012

Estreias 2012-13. Last Resort


Poderosa, muito fácil de gostar.

Um submarino nuclear americano recebe uma ordem para bombardear o Paquistão. O comando chega por canais impróprios, há milhões de vidas em jogo, a ordem directa é questionada. Como retaliação, as próprias forças americanas atacam o seu submarino.

A série tem uma certa majestade, uma pujança natural. Faz-se de coisas grandes, militares, tem ritmo, tensão. É bem pensada, evita ser banal. A conspiração promete não ser muito facilitista. E até se equilibrou a claustrofobia do submarino com um ambiente envolvente que promete ser uma pérola: uma pequena ilha ficcional no Índico que tem uma estação da NATO.

Mesmo assim, é provável que fosse uma série mais ou menos linear, se não tivesse personagens muito boas a alavancar o clímax da acção. Acima de todos, o notável Andre Braugher, venerável capitão do submarino, nome respeitado, personalidade intensa e carismática. Scott Speedman, o protagonista, também deixou uma óptima impressão. É o poster boy, mas parece consistente, interessante e, sobretudo, empático.

Depois, são muitas as personagens com potencial. Destaco três: Daniel Lissin é um elemento das black ops, recolhido pelo submarino pouco antes dos eventos em questão. É um Sawyer de Lost, ou um Daryl de Walking Dead, ou seja, um free agent duro, enigmático, com carisma e ainda mais nervo. Sahr Ngaujah é um traficante ao estilo caribenho na pequena ilha de Sainte Marina, tão humano quanto objectivo. A estonteante Autumn Reeser é, por sua vez, uma criadora de tecnologia militar, empreendedora, vivaz e imiscuída no sector em Washington.

O piloto é crucial para qualquer série, e Last Resort começou com o pé direito.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O sítio onde toda a gente gostava de trabalhar


Qual é o verdadeiro alcance de se ser unânime quando nunca houve tanta oferta e tanto lixo em televisão?

Não que a SIC tenha feito tudo bem. Não que tenha uma programação limpa, inatacável. Apesar disso, o seu estatuto é qualquer coisa de monstruoso. Não é subjectivo, discutível, na verdade, é quase tangível. No fim do dia, não há ninguém que não gostasse de ser jornalista, apresentador, actor ou colaborador da SIC. Ninguém que não gostasse de estar associado, de fazer parte, de ser um bocadinho daquilo. Parece daqueles casos em que já se nasce assim. Em que não há manual de instruções, em que se brilha mais e se faz melhor do que os outros simplesmente porque sim.

Claro que não é tão simples quanto isso. Mas parece. E isso fala por todos quantos, nos últimos 20 anos, quiseram construir um legado sem paralelo nos media portugueses. A fugir ao facilitismo, ao medo de arrojar, às velhas fórmulas. Com investimento na novidade, com visão e iniciativa permanentes, e, sobretudo, com uma excelência maciça em quase tudo o que se fez. A SIC pode não ter sido sempre a melhor, mas trabalhou como se fosse. E isso as pessoas não esquecem, nem deixam de admirar.

Eu tenho 22 anos, a SIC tem 20. Crescemos juntos, god damn true. Esteve comigo das manhãs de sábado, de quando eu ainda não tinha tamanho de gente, e das tardes da lenda inenarrável do Dragonball, até hoje, à Grande Reportagem e aos programas de política pela noite dentro. Acredito que a minha geração vê o imenso reconhecimento transversal por estes 20 anos, e fica um tudo-nada orgulhosa, como se as palmas fossem para um velho amigo, um mentor, um exemplo.

Eu, ainda por cima, acabei jornalista. A SIC continua aqui, a garantir que isso ainda vale a pena. Parabéns. E obrigado.

Comédias 2012-13. New Girl


O primeiro episódio de How I Met Your Mother foi tão mau, que me decidiu de vez a pôr-lhe um ponto final. O entusiasmo já morreu há duas temporadas, agora a falta de ideias grosseira da season 7 provou mesmo que já não faz sentido continuar.

Big Bang e Modern Family não estão decadentes, continuam a valer a pena. Já não têm, no entanto, aquele encanto, a expectativa, a imprevisibilidade criativa.

Nada que se compare a New Girl. O início de segunda temporada foi outra confirmação tremenda das boas ideias que surgiram no ano passado. Cada episódio é fresco, genuíno, carismático. Sente-se que ainda tem avenidas por explorar, tem génio todas as semanas, e a novidade torna-a mais entusiasmante do que qualquer uma das outras.

A julgar pelo início, este é o caminho para reclamar os prémios perdidos no ano de estreia.

Há gente a quem não se oferece um golo


"Relvado" horrível, a ajudar às dez dúzias de passes falhados. Muito perturbador defender-se que aquilo é a mesma coisa.

Arbitragem para não se chatear, um rebuçado para quem defende.

Mesmo assim, 72% de posse de bola não era para perder. Excelente postura, jogo assumido no meio-campo russo, tenha sido mais ou menos consentido, e oportunidades claras para marcar pelo menos um. Não para malhar Postiga como sempre, mas ter um 9 incapaz de atacar bolas dentro da área é morrer num jogo destes.

No fim de contas, as teias de Don Fabio continuam a ser tão assassinas como sempre, e depois de lhe oferecer um golo, já tínhamos perdido e ainda não sabíamos.

A derrota não põe em causa a qualificação, mas já tenho saudades de ganhar um grupo.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Monumental


2 episódios da segunda temporada foram suficientes para prová-la como um dos monstros da actualidade.

Homeland é a série mais visceral, tensa e poderosa do mercado, e cada episódio é um desafio de auto-controlo para o espectador, entre a adrenalina, o nervo, a expectativa e um novo choque. A obsessão, o tormento e a electricidade fazem-na tão forte, que acho que provoca desgaste físico a quem a vê.

2 globos de ouro e 6 emmys foram só a amostra.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

The Rumble 2012: O'Reilly vs. Stewart


A política americana é um mundo apaixonante, e coisas como esta ajudam a perceber porquê.

Na ressaca do primeiro debate presidencial, Bill O'Reilly, histórico apresentador do programa de comentário político The Factor, na conservadora Fox News, e o lendário Jon Stewart, organizaram juntos um debate simulado, cómico, satírico na forma, mas extraordinariamente cheio de sumo. Estão ambos no ar desde o século passado (O'Reilly desde 1996, Stewart desde que assumiu o monumental The Daily Show, em 1999), há mais de uma década que são convidados mútuos habituais mas, como o descreve o New York Times, "raramente concordam em relação a alguma coisa excepto quanto ao respeito que têm um pelo outro." De facto, O'Reilly é homem de Direita, como pude conhecer, Stewart assumidamente democrata, como se sabe, e não há nada que enganar nas suas funduras de discurso. Pensam como água e azeite. E mesmo assim, aliás, por isso, tornaram isto possível.

À parte as simpatias políticas, acho que o mais extraordinário desta Rumble, o mais recompensador, é a consideração com que se fica pelo outro lado. Política não tem de ser cegueira, os bons contra os maus, os certos contra os errados, o vale-tudo. Não tem de ser um vazio, um cinzento, uma dialéctica de coisa nenhuma. Como se prova, e na democracia mais mediática do mundo, onde o mais fácil é extremar e deformar, é possível ter dois pesos pesados, duas autoridades, a falarem de concepções ideológicas tão diferentes, sem a capa partidária, sem terem de ganhar nada, de uma forma completamente instrutiva. Discutiu-se substância, uma concepção para o país. Em Portugal, um debate destes, com esta capacidade de encaixe e, sobretudo, com tamanho conteúdo, é, quanto muito, uma utopia.

Sou esquerdista, assimilo e identifico-me com quase tudo o que Stewart defendeu, mas debater com carácter e com inteligência, respeitar o rival, e compreender até os seus méritos, é, possivelmente, das coisas mais notáveis que a política pode oferecer. É o que nos faz a todos melhores, e o que nos educa verdadeiramente.

Esta Rumble é uma aula de política, de ideologia e de actualidade que toda a gente devia aproveitar e, possivelmente, o melhor debate destas Presidenciais americanas.

Provas de vida extraterrestre


Terá havido, nalgum momento da História, coisa semelhante a estes Barça-Real, a estes Messi-Ronaldo?

As duas melhores equipas do mundo, tão mais temíveis do que as outras, os dois jogadores mais fabulosos de uma geração, infinitamente melhores do que os mortais, um de cada lado no mesmo campeonato, a marcarem 70 golos por época, cada um espantosamente melhor por causa do outro, a estupidificarem recordes com décadas, para lá do humanamente concebível. Todos os países do mundo a quererem ver um e o mesmo jogo, a vivê-lo abestalhados do princípio ao fim, e acabarmos na ironia genial de um Messi - 2, Ronaldo - 2. Os meus netos vão olhar para mim com mais brilho nos olhos só porque eu estou a ter o privilégio de viver ao mesmo tempo do que isto.

No jogo, a já tradicional primeira meia-hora estupenda do Madrid, com a qual o Barça não consegue lidar. Ronaldo, poste de Benzema, mais 3 bolas óbvias de golo, contra um vazio blaugrana. O que este Real cresceu num ano é uma enormidade, e só é pena que tamanha fertilidade destes inícios de jogo continue a não valer mais golos. O empate de Messi, na primeira oportunidade e num falhanço logo de Pepe, sempre o defesa mais forte, foi um golpe frio demais. O ónus era do Real, o Barça não pode ser morto, e foi-se a respiração. A equipa manteve a consistência, fez um jogo posicionalmente portentoso quase até ao fim, mas mais um livre monumental a Casillas pareceu definitivo, até porque o Real aparentava ter secado. Pareceu só, porque o duelo era de monstros, e eles lá se resolveram.

Não é o resultado que o Real precisava, e 8 pontos continuam a ser uma imensidão. Mas perder o jogo era perder tudo, e o campeão provou-se em compostura, e provou ao Barça que a Liga só se ganha em Maio. Mais vale acreditar.


P.S. - Ainda sobre Messi-Ronaldo: dar a Bola de Ouro a Iniesta, só porque é o porta-estandarte espanhol, seria uma aberração. Não está em causa o jogador que é Andrès, mas crer que pode ser galardoado ao nível dos outros dois, ou que esta é a altura da História para se agradar a troianos, é coisa delirante ou mal-intencionada.

Messi e Ronaldo não têm comparação possível, não se foge a isso. Cada um tem o seu, e como disse Mourinho hoje, não existe aqui o melhor. O que existe, este ano, é o direito de Ronaldo. Marcou 60 golos, explodiu no Camp Nou, e foi ele quem ganhou, simples quanto isso. Igualmente, achar que a diferença entre os dois deve ser de 4 Bolas para 1, é ser desonesto. Resta esperar que, em Janeiro, a FIFA decida estar à altura desta Era do Jogo.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Champions 12/13, o pulso


PORTUGUESES - Grande vitória do Porto, inteiramente merecida, frente a um PSG que ainda não é mais do que um projecto de equipa. O Porto foi adulto, poderoso e sempre melhor, e mereceu o instante prodigioso do talento enorme que é James. Se dúvidas havia, a equipa de Vítor Pereira é claramente a melhor de um grupo que, agora, tem a obrigação de ganhar.

No Braga, Peseiro já teve, pelo menos, duas derrotas comprometedoras, mas a resposta da equipa tem sido absolutamente extraordinária. Depois da estreia-desastre com o Cluj, e com um punho a fechar-se na garganta, a vitória senhorial em Istambul, casa dura de um excelente adversário, resgata o Braga bem vivo para o que falta, e prova os arsenalistas como equipa para estas coisas.

O Benfica, pese a boa vontade da primeira-parte, teve um jogo tão doloroso quanto se esperava, e não conseguiu vingar os seus méritos. A defesa remendada até tem estado à altura, mas o grupo promete ser bem mais duro do que se antecipava: a vitória do Celtic em Moscovo não estava nos planos, e o Spartak continua a ter qualidade mais do que suficiente para ainda baralhar contas a muita gente.

SURPRESAS - Málaga e BATE, tão grandes uma como a outra. Os malaguenhos, num ano em que perdem Cazorla, Rondón e Nistelrooy, estreiam-se na Champions com dois 3-0 (a que juntam o sensacional 3º lugar na Liga!), que os colocam, desde já, como candidatos claríssimos aos oitavos, fazendo miséria do milionário Zenit. Honra seja feita a "El Inginiero" Pellegrini, um homem que falhou no grande voo da carreira, em Madrid, mas que, depois das aventuras com o Villarreal, volta a fazer este pequeno milagre.

Os crónicos campeões bielorussos, por sua vez, afirmam finalmente, e com autoridade, o seu sustentado projecto europeu, e baralham seriamente um grupo que parecia entregue à partida. É o leste "puro" a voltar a dar cartas na alta roda, o Bayern que o diga, e agora é o Valência quem vai ter de correr atrás, já na jornada dupla que se segue. 

GRUPOS DA MORTE - O do Real mais do que o do Chelsea, claro, mas ambos muito interessantes. Depois do extraterrestre Madrid-City da primeira jornada, o Real consolidou calmamente a liderança. 2º hattrick seguido para Ronaldo, já melhor marcador, e a passar Messi nos golos da época (12 contra 10). Curiosamente, o todo-poderoso City, ainda assombrado pelo falhanço europeu da última época, já podia ter deitado tudo a perder hoje, perante um Borussia fortíssimo e descomplexado, também ele à procura da redenção europeia. Balotelli salvou a honra citizen em cima da hora, e Mancini ainda vive, mas o ónus fica do lado dos campeões ingleses.

No grupo E, o empate do Shakhtar em Turim provou que é melhor não fazer contas antecipadas. O empreendimento europeu de Lucescu está a ser construído há anos, e tem muita qualidade, pelo que Chelsea e Juventus devem estar avisados. Para já, é a Juve quem está fora do apuramento. A ida do campeão europeu a Donetsk é um dos jogos mais interessantes da próxima jornada.

GRANDES - Pleno para Barça, Real, Arsenal e United. O Real num grupo muito mais difícil do que os outros, como já disse, o Barça com uma superioridade quase violenta, o Arsenal a fazer a sua vida segura de sempre. Sinais menos fortes para o United, que tudo o que faz este ano parece ser em esforço. Depois de muita sorte na primeira jornada, reviravolta mínima na segunda. Boa hora, quem sabe, para Old Trafford descobrir o Braga.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

"O brasileiro precisa de comida, educação e saúde, e um pouco de alegria. E a alegria foi"


Grandíssimo documentário sobre uma das lendas desportivas do século XX.

A carreira prodigiosa, a grandeza competitiva, a pureza, a forma única de correr, a compulsão pela velocidade, a idolatria das massas, e a fé de um predestinado, bigger than life, num trabalho de edição magnífico, composto de contributos notáveis e desenhado com uma empatia absoluta.

Senna é uma obra obrigatória, seja para quem gosta de F1, ou de desporto em geral, ou, simplesmente, para quem saiba apreciar um retrato reverente e emotivo de um símbolo universal.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Somos isto?


"Esclarecemos que ante a recusa de uma maior autonomia no seio da Pátria Portuguesa, que desejamos fortemente, optamos pela separação. (...) Desafiamos o Estado português para, em caso de dúvidas, ter a coragem de assumir uma decisão democrática e permitir um referendo na Madeira que, de uma vez por todas, demonstre a vontade do povo madeirense"

Moção de AJJ para a sua reeleição como líder do PSD-Madeira

É triste que, para boa parte dos portugueses, a Madeira não seja mais do que isto. Não temos nada uns contra os outros, não temos nada que nos diferencie. Isso, porém, não é coisa que faça jeito a caciques que se queiram perpetuar no poder. Assim, a guerrilha de eternização de Jardim tornou-se na guerra da Madeira contra o Continente. Tornou-se nas patacoadas sobre o povo superior, instigado de medo e de revolta contra esse temível inimigo externo chamado Lisboa, cujos governos, só por acaso, perdoaram TODAS as bancarrotas que Jardim tão extraordinariamente conseguiu acumular, coisa que, no fundo, só significa que querem fazer disto um Tarrafal ou uma Área 51. Às armas, madeirenses, que a República quer fazer-nos pó. 40 anos desta dialéctica imbecil é tudo o que passa.

Jardim vai morrendo aos poucos, e, entre portas, este é o discurso para radicalizar uns quantos ignorantes, não mais do que isso. Claro que a maioria dos madeirenses não quer ser independente. O problema é que esta é a demência na qual metade deles votaram. Boa parte desses finge que não ouve, com um sorriso envergonhado, não lhe dá importância, mas esta estupidez irresponsável, em tempo de crise, é exactamente o tipo de coisa que faz as outras pessoas perderem a paciência. Claro que a maioria dos madeirenses não quer ser independente. Infelizmente, e por culpa nossa, acho que a maioria do país já não tem a mesma opinião.

Este delírio bafiento surge, novamente, porque daqui a um mês o PSD-Madeira vai a eleições e, pela primeira vez, como já escrevi aqui, Jardim terá um adversário. Assim, há que voltar a polir a demagogia. Na sua brilhante moção, o chefe também reafirma a habitual capacidade para lidar com a rotatividade de poder, quando pergunta "à consciência dos filiados no PSD, se nos vamos suicidar politicamente só para seguir as leviandades e oportunismos? Vamos entregar o PSD-M a um testa-de-ferro dos nossos inimigos políticos?". Aqui, e pela primeira vez na história dos dicionários portugueses, testa-de-ferro define-se como alguém que pensa pela sua própria cabeça. A isto, soma o seu tradicional apego à democracia, acrescentando que "tem de ficar muito claro que os derrotados agora devem ser afastados [do partido] nos termos estatutários". O discurso, como vemos, está sempre a modernizar-se.

No dia 2 de Novembro, votam no futuro líder do PSD Madeira cerca de 3500 afiliados. 2% de madeirenses têm a primeira verdadeira possibilidade de depor Jardim. A queda é improvável, claro. Na Madeira, porém, essa mera possibilidade de mudança é mais valiosa do que uma Revolução.