


"I have no choice but to direct my energies toward the acquisiton of fame and fortune. Frankly, I have no taste for either poverty or honest labor, so writing is the only recourse left for me." Hunter S. Thompson
Jorge Jesus, na reacção ao Benfica 4-1 nacional
Antes de mais, uma consideração prévia: numa geração de jogadores incrível que juntou Zidane, Ronaldo, Beckham, Rivaldo ou Henry, o Figo foi porventura o que jogou mais tempo a um nível mais alto. Barça, Real, Inter, 15 anos, títulos espanhóis e italianos, a Champions e a Bola de Ouro. Um vulto de dimensão em todo o lado onde jogou, um nome incontornável do futebol europeu do último quarto de século. Não houvesse Eusébio e teria sido o nome maior da História do Futebol Português mas, mesmo com ele, foi com Figo e com a Geração de Ouro que moraram as maiores glórias do nosso futebol, o 2º e o 3º lugar dos Europeus, o 4º no Mundial, os Mundiais de sub20. Figo foi, talvez, a maior bandeira do país no último meio século, e isso nem é discutível.
Tudo isto não invalida que seja possível não gostar de Figo. Porque o futebol tem tudo a ver com paixão, e porque essa não tem que ver necessariamente com resultados e títulos e produtividade. O Figo foi um jogador monstruoso, um colosso, mas nunca vai ser uma lenda, e por uma razão muito simples: não soube assumir fora do campo o que representava dentro dele. Leio muitas vezes que ele soube gerir a carreira de uma forma ímpar, mas quem diz isso, não consegue perceber a verdadeira essência do futebol. O Figo tinha tudo, tudo, tudo para ser um perfeito ícone, mas optou por desprezar tudo isso no dia 24 de Julho de 2000, quando trocou a braçadeira de capitão do Barça, depois de ser um dos únicos estrangeiros, na História do clube, a ter a honra de a usar), pelos muitos milhões com que lhe acenaram de Madrid. Já ouvi que é injusto e hipócrita condenar alguém por querer melhorar a vida, por querer subir na carreira, mas lá está: futebol não tem nada a ver com ser racional. E quem faz o que ele fez, não vai ter nunca a idolatria das pessoas.
Esta semana, Figo falou da sua traumática saída de Madrid. Na altura, pagou, valha a verdade, pela imagem de galáctico, e foi afastado mal e porcamente, logo que o Real tentou lavar a cara depois dum período duro, pós-grandes resultados. Figo disse, agora, de maneira amargurada, que foi enxotado. Foi-o, de facto, e a verdade é que não o justificava. Não o merecer é que já não tem nada a ver com isso. Figo saíu do Real pelo negócio, porque foi para lá pelo negócio. Se queria respeito e devoção, que tivesse ficado na Catalunha. Não sei se existem muitos com moral para falar ou não, mas ele, definitivamente, não a tem.
A Argentina continua viva na luta pela África do Sul, a depender apenas de si, graças a um golo de "El Loco" Palermo, contra o Perú, no último minuto de descontos. Na próxima 5ª feira, segue-se um jogo épico em Montevideu, com o Uruguai a estar, apenas, a um ponto de distância (e o Equador a dois, quando só se qualifica directamente o 4º classificado). Esta Argentina pode não ter, de facto, quase nada à imagem de Maradona. Mas o coração, esse, está todo lá.
(actualizado)
«Chupem e continuem a chupar. Os que não acreditaram, os que me trataram como lixo, agora vão ter de aceitar. Qualificámo-nos para o Mundial com todas as honras. Hoje vários jogadores que ganham um monte de dinheiro suaram a camisola como nunca, esforçaram-se e merecemos a qualificação»
Maradona, após a vitória por 0-1 no Uruguai