segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A boémia que vivemos


Os 20 minutos de recriação integral da performance dos Queen no Live Aid são uma das ideias mais simples e mais felizes que o cinema nos trouxe nos últimos anos.

A antecâmara do filme foi feita de um misto entre a antecipação sufocante, própria da enormidade que era proposta, e o temor por uma romantização demasiado esterilizada do que foram, afinal, os Queen. Talvez nunca saibamos como foram, afinal, os Queen, mas Bohemian Rhapsody é uma oportunidade extraordinária de nos lembrarmos de tudo o que já fomos com eles nalgum momento da nossa vida, como ao ouvir o Don't Stop Me Now nos créditos, e pensar que foi exactamente assim que eu, a Susana e a Andreia nos despedimos da Faculdade, há muito muito tempo, no saudoso anfiteatro de Jornalismo, na Coronel Pacheco.

Não vivemos a mesma vida, nós e o Mercury, mas já vivemos juntos muitas outras, e é essa intemporalidade que o filme nos restitui, numa vertigem do mais puro entretenimento, e do fascínio fulgurante que sempre os acompanhou. Há biografias melhores e piores, mas nunca tinha visto nenhuma com gente a cantar na sala dos 20 aos 60 anos, a reclamar propriedade dos ídolos e do tempo em que havia ídolos, de olhos a sorrirem para o ecrã, tão orgulhosos como se tivessem estado lá, se calhar porque, um dia, já todos estivemos com eles em Wembley, de uma forma ou de outra.

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