domingo, 27 de setembro de 2009

Na boca da urna

Para hoje, aposto que:

- o PS vai ter uma vitória clara, a roçar 0s 40%
- o BE não vai disparar como poderia ser de prever
- o CDS será provavelmente a surpresa da noite, muito perto dos níveis do BE
- vamos ter um governo de coligação PS - CDS.

A ver vamos.

(actualizado [bué tempo depois])

- Sócrates teve a derrota mais espectacular de que há memória, ao perder a maioria, vinte e tal deputados e meio milhão de votos. Curioso, é ainda ter ido a tempo de envergonhar à bruta o PSD e Ferreira Leite, com uma vantagem de 7,5%, quando se falou tanto em empates técnicos. Mesmo com o PSD a aumentar o número de deputados (uhh, 3, no caso).

- O CDS foi mesmo a surpresa da noite, ao chegar, imagine-se, ao bronze. Um resultado condigno para com uma campanha consistente e consciente, chamem-lhe populismo ou outra coisa qualquer.

- O BE, apesar da relevância de um 9,9%, engoliu em seco a incapacidade para formar maioria com o PS no Parlamento, e pagou caro a falta de maturidade e o radicalismo da campanha.

- Governo de Coligação, pelo que se diz, não é hipótese, mas as principais decisões do país vão sair das negociações entre Sócrates e Portas. O que é interessante, digo eu.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

The Curious Case of Carlos Azenha

«Temos um acordo, em princípio está fechado, só falta assinar. Foi complicado, foi difícil, o Vitória passa por uma situação muito complicada, mas não tínhamos alternativa»

Fernando Oliveira, presidente do Vitória, sobre o despedimento de Carlos Azenha

Chegou a Setúbal há 3 meses, como ex-adjunto de Jesualdo, ex-comentador desportivo e ex-treinador do candidato derrotado à presidência do Benfica. Chegou como um perfumado intelectual, um distinto iluminado, no fundo, lá está, como um muito cheio de si novo Mourinho, a dizer que queria «atacar à Van Gaal e defender à Sacchi». À 4ª jornada, está de saída do Vitória, clube que deixa no último lugar do campeonato, com 1 empate e 3 derrotas, 1 golo marcado e 13 sofridos... Ao menos, não voltaremos a ouvir nada dele durante muito tempo.

domingo, 13 de setembro de 2009

"Não percebi nada do que quis dizer nessa última frase, Senhora Doutora"

Pois, nós também não. Nem nessa, nem nas outras. Acredito que Manuela Ferreira Leite seja uma pessoa com algumas boas ideias e alguns bons princípios, que perceba muito de Finanças e que tenha a virtude de pensar pela própria cabeça, o que não é assim tão vulgar. Mas isso não chega. Quem fala assim, sempre fraca, sempre ambígua, sempre a soar estranho, sempre enrolada e perdida em si própria, não pode nunca liderar um país. É verdade que não percebo grande coisa de política, mas acho que percebo que chegue para dizer que tamanha redundância, tamanha dificuldade em aparecer, tamanha dificuldade em falar, não pode ser suficiente. É impensável que tenhamos como Primeiro-Ministro alguém de quem só esperamos a próxima gaffe, alguém que, pura e simplesmente, não tem imagem, não têm fôlego, não inspira confiança. E à mulher de César não vai nunca bastar ser.

Depois, gosto do Sócrates. Gosto da maneira como ele conhece o meio, como se sente à vontade e como se mexe num debate, gosto da fluidez e da capacidade para nunca parecer apanhado de surpresa. E gosto, sobretudo, da confiança em si próprio, da confiança na vitória, algo que, claramente, Ferreira Leite não tem. Acho que um líder é muito daquilo. Claro que tem rabos de palha e tiques totalitários e é teimoso, mas parece-me, sempre me pareceu, competente, arrojado, de boa visão e, acima de tudo, inteligente a tomar opções. E, isso sim, é raro. O resto é só normal. O que este país precisa é de ousadia, de vontade em arriscar, de vontade em andar para a frente, e o Magalhães, o TGV, o Aeroporto, qualquer um deles tem tudo a ver com isso. É claro que me identifico com ele.

Programas e ideologias e o raio à parte, também gosto do Portas e do Louçã, pela oratória, do BE em especial, pela juventude que foi capaz de conjugar à sua volta e pelas posições em temas como o da eutanásia, por exemplo. Mas o programa deles, com o cheirinho puro a comunismo, com nacionalizações para cima e para baixo, mandou-me um balde de água fria. Foi a desilusão clara desta "pré-época", apesar do meu voto estar reservado, em todas as circunstâncias, para o PS. Reservado, aqui, em pleno sentido figurado, já que os quilómetros que, a 27 de Setembro, me vão separar de casa, consumam que não exista UMA ÚNICA possibilidade de votar nas Legislativas. O que é triste num país de primeiro mundo, digo eu.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Isto da sorte é fodido.

"A Arábia Saudita de José Peseiro despediu-se nesta quarta-feira da qualificação para o Mundial 2010, ao empatar 2-2, em casa, com o Bahrein, no primeiro «play-off» de acesso.

O nulo na primeira mão colocou a decisão na segunda e esta sorriu ao Bahrein em cima do apito final. Latif, aos 90, marcou o golo decisivo, um minuto depois da Arábia Saudita ter feito a festa, por Montashari. A selecção a cargo do treinador português esteve, aliás, em vantagem por duas vezes.

«Foi uma desilusão ter perdido a possibilidade de estar onde acho que merecíamos estar, reconheço», acrescentou José Peseiro, que classifica este como «um claro momento de azar»."
in MaisFutebol

Juro que não sei como é que o Real sobreviveu à dupla Queiroz-Peseiro.

(ser mais velho 14 dias, 2 horas e 50 minutos é quase pedófilo, mas...)

(...love you anyway, BOO xD)


Parabéns FOFURA!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

09+09+09 = ? (ou Coisas Fantásticas #1)

"Quarta-feira, 09 de Setembro de 2009 (09-09-09), é para muitos o dia mais esperado do ano, especialmente para os chineses, que associam o número 9 a sorte e sucesso, esperando que este raro momento do calendário marque a diferença no rumo das suas vidas.

Na cultura chinesa, alguns números estão associados à sorte ou ao azar, de acordo com a ideia para a qual remete a pronunciação da palavra em chinês, e o 6, 8 e 9 são os que têm a carga mais positiva, uma vez que os seus nomes em chinês remetem para palavras com bons significados.

O número 9, quando pronunciado em chinês (gau), está associado a longa duração, sendo por isso escolhido pela maioria dos casais como o dia preferencial para darem o nó, já que é aquele que oferece, à partida, mais garantias de sorte e sucesso no futuro.

Mas o 9 tem um significado especial, e não só na cultura chinesa, mas na mitologia de diversas culturas, estando associado em quase todas à medida exacta da busca de proveito, ao corolário dos esforços, ao encerrar de um ciclo e início de outro superior, já que é o maior número singular."
in Lusa

Get busy living or get busy dying


Não sei se o Up é melhor que o Wall-E, porque, sem sequer falar do filme em si, a dimensão do que o Wall-E conseguiu, as fronteiras que abateu no universo dos filmes de Animação, confere-lhe um pedestal permanente. De qualquer maneira, seria muito injusto dizer que o Up é inferior. Será, sobretudo, a extraordinária confirmação da Pixar como uma contadora de estórias ímpar, sempre imparável na sua capacidade para as criar e para se transcender ao fazê-lo. Porque a Pixar não tem assim tanto a ver com efeitos visuais. A Pixar é ter sempre mais uma ideia.

Este Up é um filme essencialmente sobre a vida. Sobre a importância de nunca deixarmos de lhe dar tudo o que temos, de nunca deixarmos de viver. Sobre sermos felizes e ainda irmos a tempo de concretizar um sonho e ainda irmos a tempo de voltar a viver e ainda irmos a tempo de contar uma nova estória. É um filme sobre respeitar a vida, sobre reverenciá-la. No fundo, sobre nunca desistir de viver.

É facto que ainda não foi aqui que a Pixar materializou um filme mais duro, sem o escape do humor (apesar disso não ser um defeito, sublinhe-se, ainda para mais com a qualidade com que se faz), caminho para o qual invariavelmente caminha, e talvez por isso digo que a Pixar ainda não chegou ao seu auge, ainda não fez aquele filme que vai partir tudo, que vai limpar Óscares. Isto não significa que o Up, tal como no ano passado o Wall-E, não seja uma perfeita obra de arte. O apego ao mundo infantil, puro, ainda é incontornável, mas funde-se impossibilidades com poesia, e desenha-se a pequena casa do velhinho Carl perdida num céu de balões e é impossível não ficar esmagado. A simplicidade com que se cria aquilo, qual fábrica de sonhos, com que se vê um arco-íris de balões a invadir um quarto, com que se criam bonecos riquíssimos... tudo aquilo é arte. Não é óbvio, não é seco, e ainda assim, não deixa de ser simples. Arrebatadoramente simples.

P.S. - Admito que a dobragem não sabe tão mal como as dos Harry Potters... mas ainda não me converti.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

UP.(2009).Screener.XviD-ROAR


Estou a passar dois meses na Madeira no período exacto em que um dos filmes do ano está em exibição. Fui vezes mais do que suficientes ao cinema para ver esse filme, mas vou voltar para o Porto sem o ver, possivelmente numa altura em que ele já não vai estar em exibição em mais lado nenhum. Não foi azar, falta de companhia, falta de pontaria ou preferência por outras opções. Foi porque esse filme tem um pequeno senão: olham para ele e dizem que é para a miudagem. E como qualquer bom filme para miudagem, é dobrado (possivelmente a coisa mais irritante à face da Terra...). Portanto, como é óbvio, se é para a miudagem e se é dobrado, caga-se na versão original. Se há dobradinho em português, para quê se dar ao trabalho de ocupar um horário duma qualquer das 20 salas da Região com uma versão original, não é? É isso e os bandalhos dos downloads sempre a crescerem. Não percebo.

Everybody hates Charles

«Não acho que se deva discutir táctica entre treinadores e jornalistas»

«Em sete jogos, tivemos cinco penalties não assinalados. Só pedimos decisões justas»

Carlos Queiroz, após o Dinamarca-Portugal

Um dos muitos e intermináveis defeitos que se apontava a Scolari era a intransigência em não comentar as suas opções. Não justificava convocatórias, tácticas, substituições, não gostava de ser contestado, não admitia certas perguntas até. Fartavam-se de dizer que aquilo não era postura para um seleccionador, que era arcaico e inadmissível, que um estrangeiro pago a peso de ouro, que nunca ganhou nada por cá, não se podia dar ao luxo de pensar que mandava nisto tudo. Com o regresso de Queiroz, era suposto que tudo mudasse. O Professor sempre teve bons media, sempre cultivou uma imagem politicamente correcta, sempre apareceu como um senhor da táctica e, portanto, era suposto ser um prato apetecível para as conferências de imprensa. Afinal, a este respeito, não é tão diferente de Scolari quanto isso. Depois dum empate em mais um jogo que não podíamos empatar, Queiroz não resistiu a debitar umas pérolas. Disse que as suas opções não deviam ser comentadas pelos jornalistas, esses energúmenos da táctica. E disse também que somos a Selecção mais azarada do Mundo a rematar à baliza e que somos perseguidos pelas arbitragens. Ou seja, Queiroz é um génio na abordagem ao jogo, isso nem é comentável!, mas não pode fazer nada porque tem as piores arbitragens e o maior azar do planeta. Há gente assim, sem sorte...

Do jogo na Dinamarca é impossível não retirar duas conclusões: a primeira é que Portugal terá feito, em termos de qualidade de jogo, uma primeira parte ao nível do que de melhor alguma vez produziu. Estreámos um sistema novo mas enchemos o campo, e isso é, de facto, mérito do Queiroz. Futebol apoiado, o Tiago e o Meireles em transições perfeitas, o Deco no lugar em que parte tudo, o Ronaldo solto da ala, a respirar muito melhor. Isto, infelizmente, não foi suficiente para invalidar a segunda: o Queiroz é um dos treinadores com pior leitura de jogo do Mundo. Apesar do golo da Dinamarca em cima do intervalo, não havia razão nenhuma para pensar que fôssemos deixar de assumir o jogo com o losango até ao fim. A Dinamarca não nos estava a anular, minimamente, e aquele golo tinha sido um acaso (provocado por um admirável ser que teve a capacidade de parar no peito no meio de 5 defesas nossos e marcar sem deixar a bola bater...). E o que é que acontece? Entra o ponta-de-lança que faltava (um gajo que dizem que até está habituado a jogar em losango)... mas a equipa, por alguma razão, porque aquilo pareceu lógico a alguém, desfaz-se para o 4-3-3 tradicional, e comete a proeza de foder a segunda parte toda. Na cabeça do Queiroz o problema de estar a falhar golos era o de criar muito jogo!...

Disse, depois do jogo da Albânia, que não acreditava na qualificação mas que continuava a ter fé. Repito-o agora. Fé em que, nos próximos três jogos, a Senhora do Caravaggio continue a não se esquecer de que não temos treinador.