Vamos ganhar porque isso é a nossa História. Em quase 900 anos de existência comum, não foi ontem que eles passaram a ser os maiores. A nossa vida toda foi ganhar aos espanhóis. Inclusive para deixarmos de ser uma espécie de espanhóis num tempo distante. Depois para lhes chaparmos a independência segunda vez, com uma padeira que era o Ronaldo de Aljubarrota. E para assinarmos Tordesilhas pelo meio, enquanto eles tossiam o nosso pó nos Descobrimentos. E, no fim, para irmos bater com a coisa da independência terceira vez, aos Filipes que eram o tiki-taka da época.
Vamos ganhar porque perder era muito fácil. E porque o Nuno Gomes já lhes mostrou como elas mordem antes deles serem alguém nesta coisa do futebol, e porque o mister em funções assinou de cruz no show-down da Luz há um ano e meio, quando eles já tinham as estrelas todas no equipamento. Vamos ganhar porque, este ano, parimos a nossa terceira Bola de Ouro do século, e eles não ganham uma há mais de 50 anos.
Vamos ganhar porque esta Selecção é diferente. O treinador é excelente, o talento é brutal, o futebol respira qualidade, e o nosso jogo é valorizado, é isso tudo, mas é diferente pela maneira de estar. Não é uma selecção que veio animar isto; é um grupo com uma resiliência à flor da pele, que marca nos últimos 10 minutos, que vence nos descontos, que sabe ganhar. É uma equipa que não está em campo à espera de ser a melhor, como sempre, mas de ganhar, como nunca. É uma Selecção que, de cada vez que respira, diz que, desta vez, é a sério.
Vamos ganhar porque o melhor jogador português de todos os tempos está no pináculo da sua prodigiosa carreira, e porque essas coisas acontecem. O futebol é sensível aos teoremas do Universo, e este Ronaldo é a força que ninguém pode parar, é o tipo que nasceu para nos dar a alegria internacional das nossas vidas, o nosso primeiro grande título. Se não for agora não é nunca, e que me venha algum espanhol dizer com certeza que não vai ser amanhã.
Vamos ganhar porque há um momento na vida de toda a gente em que está escrito. Roubaram-nos esse dia os ingleses em 66, os gregos em 2004, os
franceses tantas vezes. Um dia só saberemos que era suposto termos falhado, mas, nesse dia, vai ser tudo nosso. Nesse dia o jogo vai acabar e não vamos estar só orgulhosos do que fizemos; vamos sentir que cada bocado daquele caneco já é nosso.
Vamos ganhar porque toda a gente é imbatível uma vez na vida. O nosso dia começa a escrever-se amanhã.
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