quarta-feira, 30 de junho de 2010

Trova do vento que passa

Podia dizer que Queiroz não armou mal a equipa, pese a insistência demente neste Pepe a trinco. Podia dizer que, durante 60 minutos, equilibrámos o jogo com os espanhóis, jogámos decentemente, e tivemos umas talvez surpreendentes 3 ou 4 bolas para marcar. Podia dizer que, depois do início forte deles, por alturas do intervalo, os tínhamos em sentido, e que estávamos perto de dobrá-los. Quase à distância de acreditar que podíamos. No entanto, nada disso seria suficiente para caracterizar a nossa despedida. Essa resume-se a um momento, por tudo o que representou táctica, efectiva, moral e estilisticamente: a saída do Hugo Almeida, ao minuto 58. É um momento com tanto para dizer, que resume não só este jogo, como a nossa própria passagem pelo Mundial e toda a expressão do Queiroz como treinador.

Ao minuto 58, a Espanha não tinha tido uma bola de golo na nossa área, na 2ª parte. O Hugo Almeida, aquele grande, meio tosco, meio lento, que pouco desiquilibra e não é nenhum pensador, tinha acabado de cruzar todo o meio-campo espanhol e, com o pé cego, metido a bola para um quase auto-golo espanhol. Numa jogada, as fraquezas feitas em forças, o sacrifício e a alma, Portugal de olhos no jogo, de coração aberto, a acreditar que, pelos seus próprios meios, era equipa para ganhar ao campeão da Europa. No mesmo minuto 58, Queiroz resolveu tirar de campo Hugo Almeida, naquela que será, por si só, uma das mais brutais imagens de autismo da história do futebol português: com uma única opção, Queiroz conseguiu substituir o elemento de maior rendimento no ataque, privar a equipa de ponta-de-lança, num convite ao ataquem-vocês-porque-nós-somos-cagados-e-só-queremos-sair-de-cabeça-pseudo-erguida, e pôr em campo um jogador que, por mais apreço que lhe tenha, foi o maior flop português que passou pela África do Sul. Em 5 minutos, o destino acertou contas connosco.

Não estou a dizer, obviamente, que é pela substituição de Hugo Almeida que perdemos o jogo. Perdemos, sim, pela aridez mental, pela falta de visão e pelo autismo grosseiro de que essa decisão é tão ilustrativa. Nunca escondi a opinião que tenho sobre Queiroz, mas reconheço-lhe vários méritos. Desde logo, termos conseguido, global da qualificação e das próprias culpas dele à parte, as únicas 5 vitórias finais que nos poriam na África do Sul. Depois, parte da gestão táctica da fase de grupos e, indiscutivelmente, a passagem sem derrotas e sem golos sofridos no grupo da morte. Reconheço que Queiroz é capaz tacticamente, como sempre disse, evoluído a esse nível, e que, regra geral, até sabe iniciar jogos, porque se prepara muito bem. Mas mesmo quando as coisas lhe estão a sair razoavelmente, mesmo quando não fica dependente da alma e do carisma que assumidamente não tem, Queiroz não consegue ser maior do que as suas próprias fragilidades. Não consegue, por um segundo que seja, pensar fora da caixa, e será por certo, dentre o leque de treinadores das 10 ou 15 melhores selecções do Mundo, um dos mais miseráveis a ler o jogo e a gerir do banco, e o pior de todos na mentalidade.

Com Queiroz, podemos acreditar em equipas muito cultas do ponto de vista táctico, equipas a quem é muito difícil marcar golos, que até podem arrancar bom futebol se o adversário ajudar, e que, provavelmente, vão conseguir cumprir o mínimo que se lhes exigir. Mas nunca teremos, por certo, uma selecção com a mentalidade dos campeões, que jogue na cara com toda a gente, e que não sufoque em inferioridade sempre que o adversário tem um nome grande. O Portugal com quem cresci foi o Portugal do 3-2 à Inglaterra depois de estarmos a perder por 2-0, o Portugal que violou esse grupo da morte e ficou em 3º, só para, 4 anos depois, comer espanhóis, eliminar a Inglaterra outra vez, com defesas sem luvas e penalties de guarda-redes, e chegar à final, para, 2 anos depois, ainda cavalgar até outras-meias finais, e deixar a Inglaterra a comer pó outra vez, e ganhar a Batalha de Nuremberga. O Portugal com quem cresci foi o Portugal dos resultados impossíveis, o Portugal que estava sempre lá para ganhar, mesmo que fôssemos só nós contra o Mundo. Nunca fomos melhores do que os papões todos, mas isso nunca nos impediu de ficar à frente de quase todos eles. Perdoe-me o Queiroz, e perdoem-me todos os que acham que ele fez um bom trabalho, e todos os que acham que despedir um treinador eliminado pelo Campeão da Europa é infantil. Acontece que se já fomos o Portugal conformado e pequenino, que ficava com lágrimas nos olhos pelas esmolas e pelas pequenas vitórias, já não somos mais. E no dia em que perdermos a mentalidade, perdemos tudo.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Então adeus

"Neste Mundial, quando tivemos de enfrentar os melhores adversários, fomos pequenos. Como noutros tempos, quando entrávamos em campo convencidos de que os outros eram muito melhores do que nós e jogar de igual para igual era algo impensável. Aliás, olhos nos olhos só enfrentámos Costa do Marfim e Coreia do Norte. E é assim que vamos.

Nunca pareceu que a selecção desejasse mais do que sair de cabeça erguida, na expressão, também ela pequena, do seleccionador. Passámos muito tempo atrás, na esperança que Ronaldo surgisse lá na frente, por entre o nevoeiro, e resolvesse. Aparentemente, foi para isso que nos preparámos durante semanas.

Não queríamos uma coisa diferente e, sejamos honestos, não merecíamos mais. Lamentavelmente, voltamos para casa mais pequenos do que partimos. Era o pior desfecho."
Luís Sobral, no maisfutebol

Miúdo, acreditamos todos. Mostra que tínhamos todos razão

"Cristiano é o jogador determinante", Torres

"Ronaldo e todos os outros atrás", Del Bosque

"A melhor maneira de parar Ronaldo é com entreajuda",
Capdevilla


Slap Bet #19

Paraguai - Japão, 1-2

Espanha - Portugal, 0-1

Foi Assim Que Aconteceu #18

Holanda - Eslováquia, 2-1

Ao ver jogar a Holanda, não consigo evitar uma certa desilusão. A Laranja mantém muitas das coisas boas que sempre teve, seja o toque de bola, as boas transições, ou a extrema qualidade individual no ataque, e juntou a isso, agora, capacidade defensiva, muita calma a construir na primeira fase e uma intensa circulação de bola. Isto tornou a Holanda numa selecção mais adulta, mais perigosa e, por consequência, mais perto de bons resultados. Não é à toa que ganhou todos os jogos da qualificação, e segue com 4 vitórias na África do Sul. Ainda assim, esta Holanda, é uma Holanda ferida em boa parte da sua filosofia. Já não estão lá a reactividade, o futebol-carrossel e a eminente vertigem atacante. O que se vê agora, é uma teia lenta, paciente quase ao infinito, que mastiga, sem arriscar, até haver espaço para os homens da frente. É uma selecção mais perto de ganhar, mas muito mais longe de se gostar. E uma Holanda que sacrifica o seu próprio estilo, uma Holanda que não entusiasma, passa a ser outra coisa qualquer.

Jogadores:
Holanda - Robben (MVP) e Sneijder foram os dois melhores da Champions deste ano, e mostraram hoje que podem manter o nível no Campeonato do Mundo. Será da capacidade destes dois monstros criativos que dependerá até onde pode chegar a Holanda. Kuyt, o mais cerebral da equipa, o mais polivalente e o mais sacrificado, também é um imprescindível.

Eslováquia - Vittek é o nome a reter desta, apesar de tudo, nobre campanha de estreia em Mundiais. A equipa jogou pouco, mas o ponta-de-lança de 28 anos, que, depois dos anos da Bundesliga e da Ligue 1, vai jogar no Ankaragucu, da Turquia, sai ao nível dos grandes nomes de concretização da prova.

Brasil - Chile, 3-0

Uma verdadeira demonstração de força brasileira. Não força como a alemã, ou como o que já se viu da Argentina, de futebol quase total, mas força indiscutível, duma equipa hiper-consistente, e que se arrisca a ser a maior candidata à vitória final. O Brasil de Dunga, desta vez não com um diplo pivot, mas com Ramires como volante, é um bloco de aço no seu meio-campo, que viu o Chile tentar de coração aberto muitas vezes, mas que nunca tremeu um nervo que fosse. Depois, seja pelo futebol das laterais, seja pelo poço de talento que é ter Kaká, Robinho e Fabiano na frente, é tudo fácil. O Chile caíu com mais estrondo do que eu esperaria, mas quem viu compreenderá. Depois das 2 vitórias nos grupos, e de ter posto a Espanha em sentido, a violência do pragmatismo e do poder brasileiro foram fortes de mais. 1-0 de bola parada, e 2-0 de génio, em 3 minutos, e não sobrou nada, senão conformar-se. Não que isso signifique que o Chile tenha desistido. Pelo contrário. Mesmo conscientes da derrota, os chilenos mostraram o carácter de sempre, e bateram-se pela dignidade do golo de honra. A frustração na cara de Bielsa, depois de Suazo falhar a última oportunidade, diz tudo sobre um estilo.

Jogadores:
Brasil - o melhor Kaká da época, provavelmente. O passe do 2-0 fala por ele. Robinho e Fabiano em grandes rotações. Juan será um dos melhores centrais do mundo, actualmente, e Ramires pareceu um senhor, na jogada fenomenal do 3-0.

Chile - num jogo complicado para a alegria atacante chilena, o melhor foi Humberto Suazo. Com menos técnica e mais força, foi sempre ele o mais perigoso. Beausejour despediu-se com mais um pedido de ida para a Europa.

domingo, 27 de junho de 2010

We were born ready motherfuckers, ou a antevisão sócio-cultural duns oitavos-de-final

Os espanhóis são a melhor selecção do Mundo. São os campeões da Europa, têm o melhor guarda-redes do mundo, o melhor central do mundo, os melhores médios centro do mundo e um dos melhores pontas-de-lança do mundo. Têm, também, o melhor tenista do mundo, um dos melhores pilotos e um dos melhores basquetebolistas. E ainda têm o melhor campeonato de futebol do Mundo. Social e culturalmente, são eles os patrões da Ibéria. A nossa economia depende deles, toda a nossa realidade social e cultural é influenciada por eles, e as lojas deles estão por todo o lado. Historicamente, fomos uma espécie de espanhóis num tempo distante, e eles nunca gostaram dessa merda da independência, e invadiram-nos, e foderam-nos a vida, e voltaram a mandar em nós e isso tudo. Sempre se deram como nuestros hermanos mas, no fundo, para eles somos aqueles pequeninos sobre quem eles têm a asa, o parente pobre, os filhos dum deus menor, e todo o caralho de analogias que nos faça parecer coitadinhos ao pé deles. E é vê-los abrir as comportas dos rios que nascem lá e nos foder de inundações aqui, tentarem engolir as Desertas e as Selvagens para aumentarem a zona marítima, cobiçarem e colonizarem a nossa fronteira toda e, cúmulo, nos darem sempre 6 pontos na Eurovisão, depois de nós nos prostituirmos e lhes darmos sempre 12.

A verdade é que eles não passam duns derrotados crónicos e podres. São tão pigs como nós, e, apesar de todas as condições, também na metáfora de vida que é o nosso orgulhoso contexto futebolística da última década, eles vivem para lhes passarmos em cima. Ser espanhol é ser comido por portugueses nas pequenas coisas, é cuspir o nosso pó na corrida aos Descobrimentos, é ser fodido na boca por D. João II e pelo mítico Tordesilhas, é levar com a nossa independência duas vezes, é ser violado em Aljubarrota e ainda levar da padeira, é nunca terem o melhor jogador do mundo enquanto nós produzimos em série aqui, é ficar nos quartos do Euro2000, nos oitavos em 2006, e é levar o golo do Nuno Gomes em 2004.

A diferença entre nós e os espanhóis, não é o facto deles serem maiores, melhores, mais competentes, mais ricos, mais poderosos, mais importantes e o caralho disso tudo. A diferença é que nós não perdemos com espanhóis.

Slap Bet #18

Holanda - Eslováquia, 2-0

Brasil - Chile, 2-1

Don Quijote de la Mancha

"Demitir-me? Obviamente que não. Jogámos bem com os Estados Unidos mas cometemos um erro gigantesco. Contra a Argélia, fizemos um mau jogo, mas estivemos bem frente à Eslovénia. Hoje, se o árbitro tivesse validado o golo, tudo teria sido diferente."
Capello, via A BOLA

Para todos quantos viram o que fez a Inglaterra na África do Sul, ficaria mal dizer isto. A Capello, fica ainda pior. Senhor dum currículo monumental, o Feiticeiro ficou conhecido no mercado, nos últimos 20 anos, como uma das últimas verdadeiras garantias de resultados, e chegou ao Mundial como o seleccionador mais bem pago do planeta, líder duma equipa poderosíssima, ponteada por alguns dos melhores da actualidade. Sair goleado da África do Sul, com 1 vitória em 4 jogos, e sem um pingo de futebol jogado, deveria ser suficiente para, pelo menos, sair discretamente do Mundial e da Selecção. Entendeu que não. Os problemas foram o azar e os árbitros, não ele. A cegueira, em vez da saída com dignidade. Capello devia saber, melhor do que muitos, que a credibilidade de anos se pode perder em meses.

Foi Assim Que Aconteceu #17 - OITAVOS

Alemanha - Inglaterra, 4-1

À partida, provavelmente ninguém acreditaria no melhor jogo da competição. Facto é que o foi, pelo futebol posto em campo por dois nomes como a Alemanha e a Inglaterra, pelos muitos golos, pelos casos, e pelo simbolismo e a historicidade que este resultado vai alcançar.

Como apostei, esperava uma vitória inglesa. Não porque não estivesse a torcer pela Alemanha, ou porque não reconhecesse a maior qualidade da equipa de Löw, mas porque, mesmo depois do exemplo da queda italiana, acreditava que, para Capello, há coisas que nunca mudam. Esperava que a Inglaterra jogasse pior, sofresse, mas controlasse, e, no fim, fosse qualificada. Não aconteceu, nem de perto. A Inglaterra nunca esteve sequer perto de ter o jogo controlado, nunca manipulou a Alemanha e, depois da banhada nos dois primeiros golos, só sobreviveu porque pôs o coração em campo. Foi o melhor período do jogo. Entre o 2-0 e o 3-1, a Inglaterra jogou o melhor futebol que lhe vimos nos 4 jogos, com problemas de construção, sim, mas sem amarras, o que a levou ao 2-1, ao virtual 2-2, e a que Lampard ainda falasse com a trave outra vez.

O golo não validado a Lampard, ao contrário do que se poderá querer fazer passar, não será a razão da eliminação inglesa. Com o 2-2 nessa altura, provavelmete a Alemanha não teria marcado dois golos em contra-ataque, depois, mas a Inglaterra perdeu, pura e simplesmente, porque foi pior, sempre pior, em quase tudo. A sua defesa foi mais fraca, o meio-campo menos inteligente e o ataque infinitamente menos criativo, e, mesmo com o 2-2, acredito que a Alemanha acabaria sempre por ganhar o jogo de hoje. A Mannschaft provou que a qualidade do seu futebol pode bater quase tudo, e que é justo olhá-la, daqui para a frente, não como uma equipa juvenil, liderada pelos miúdos Özil e Muller, mas como uma selecção que está em campo para o título. Transições violentíssimas, um super contra-ataque, e um meio-campo ofensivo genial, composto, imagine-se, por dois miúdos na fronteira do desconhecimento, e um desacreditado. É pena que o Alemanha-Argentina venha tão cedo.

Jogadores:
Alemanha - MVP Muller. O extremo-direito do Bayern é classe da cabeça aos pés. É inteligente, movimenta-se lindamente, e parece que tem sempre o toque que define a jogada. Do atómico Özil já disse quase tudo. Reforço que entre ele, Muller e Messi está o melhor jogador do torneio. Podolski continua a ser uma certeza a toda a prova, Klose ainda tem muito para dar (sanguinário no 1-0), e Neuer, o 3º guarda-redes alemão no início da qualificação, é daqueles em quem se pode confiar.

Inglaterra - No melhor período do jogo, Lampard e Gerrard. Mais ou menos conjugáveis, são dois jogadores tremendos, e a passada e o poder de construção que conseguiram imprimir ao jogo inglês, foram os únicos minutos decentes que a Inglaterra deixou na África do Sul. Rooney foi a maior desilusão individual do Mundial.

Argentina - México, 3-1

Jogo ingrato para o México. Perante uma Argentina com uma espécie de 1 médio e 5 avançados, a selecção de Aguirre entrou tranquila, com a qualidade que sempre patenteou até agora e, mesmo perante o toque argentino, apanhou o jogo, e teve 2 ocasiões soberanas para marcar primeiro. Nem sequer se sentia a Argentina até ao erro de arbitragem que originou o 1-0. Foi um erro grave, que mudou o jogo, precipitou o 2-0 e condicionou todo o plano mexicano. Depois, o México só pôde tentar sobreviver, e então, com um balão de oxigénio para jogar, foi a vez do incrível universo de individualidades da Alviceleste começar a jogar. O pisar da bola de Higuaín no 2-0, o monumento de Carlito Tévez no 3-0, o permanente enleio dançante de Messi, são trechos quase impossíveis de conter. O México ainda foi bom mentalmente, reduziu, esteve surpreendentemente perto do 3-2, mas não era dia para milagres. Ainda assim, contra a Alemanha, só o talento individual não chegará à Argentina.

Jogadores:
Argentina - Tévez é um jogador quase no plano da inspiração. O golo hoje é dum predestinado, e a corrida e o abraço a Maradona falam por si. É todo ele carisma, um ídolo na sua plenitude. Messi continua na sua perturbadora via sacra de 4 ou 5 quase golões por jogo. Não haverá, no entanto, dúvidas duma coisa: este é mesmo o Messi do Barça, não a espécie de sombra que pairava muitas vezes pela Selecção. Tal como Maradona em 86, talvez o nirvana chegue nos quartos.

México - Salcido é um jogador tremendo. Foi o melhor da defesa, e, seja perante quem for, é violência em movimento na ala esquerda. Hoje, com 3 incríveis remates de pé direito, foi o jogador mais perigoso da equipa. Guardado, que nunca foi uma aposta constante, e Juárez, são dois médios interiores duma qualidade acima da média, o primeiro mais técnico (novamente pertíssimo do golo), o segundo mais intenso. Chicharrito, no ataque, despediu-se em beleza (trabalho monumental no golo), e o miúdo Barrera, não engana: sairá do Pumas em breve.

Slap Bet #17

Alemanha - Inglaterra, 0-1

Argentina - México, 2-1

sábado, 26 de junho de 2010

Foi Assim Que Aconteceu #16 - OITAVOS

Uruguai - Coreia do Sul, 2-1

Foi a vitória do talento individual sobre a estrutura. A primeira parte foi equilibrada, mas, na 2ª, ainda que o resultado incentivasse a isso, só se viu a Coreia. O coração estava em campo, mas os coreanos produziram um futebol muito agradável, forte nas transições, sempre cuidado no passe e sem jogo directo. Empataram, tiveram tudo para marcar o 2º golo, mas, dum total apagão uruguaio, surgiu um momento genial de Suárez, e acabou. Com um pouco mais de qualidade individual, provavelmente a Coreia teria tido outra sorte. O Uruguai terá, contudo, mérito. A equipa de Tabárez potencia o talento do ataque com um meio-campo de puro trabalho e, se calha de marcar primeiro, como tem acontecido, desliga o jogo, e é um osso muito duro de roer. Hoje terá exagerado um pouco nisso, o que permitiu um ascendente enorme da Coreia, na 2ª parte, e o empate, mas, no fim, acabou por ter a estrelinha. Ainda assim, os princípios estão lá e, a saber que não vai encontrar nenhum monstro nos quartos, o cinismo do Uruguai parece marcar pontos, rumo a uma incrível chegada às meias-finais.

Jogadores:
Uruguai - Suárez sairá do Mundial com o dobro da credibilidade que os 50 golos no Ajax lhe renderam. Com qualidade para fazer mossa em toda a frente de ataque, juntou hoje, ao instinto dentro da área, criatividade para inventar golos, e decidiu a qualificação da equipa. Nota, também, para o coração da equipa, nomeadamente Diego Pérez (o trinco), Rios (o interior direito, que cai, muitas vezes, para 2º pivot), e Álvaro Pereira, que começou mal, mas que cada vez se enquadra melhor nas funções de interior esquerdo. Estará neste meio-campo de sacrifício uma das principais razões para o Uruguai ser tão forte a matar o jogo adversário.

Estados Unidos - Gana, 1-2

Os Estados Unidos terão sido a equipa com mais carácter que passou pela África do Sul. Um coração do tamanho do mundo, que valeu para quase todas as dificuldades, duma qualificação no último minuto, até 3 (!) recuperações (uma de dois golos), depois de estar a perder. Este era, contudo, como é fácil de perceber, um tipo de jogo perigoso, e hoje não foi suficiente. A defesa americana, o sector mais pobre da equipa, facilitou muito, e a qualidade do Gana a vários níveis fez o resto. Ainda assim, ficou o jogo positivo de sempre, bem trabalhado, pese todos os problemas de construção e essas fragilidades atrás. O Gana passa, e passa muito bem. Considerei-os favoritos à partida, e a selecção de Rajevac, sem ter sido declaradamente superior, mostrou sempre mais segurança, mais maturidade e mais talento. É uma selecção cativante, que mistura o perfume africano com a adultez táctica europeia, e que seria bonita de ver numa fase ainda mais adiantada da prova. Nos quartos, espera-a, no entanto, o calculismo uruguaio.

Jogadores:
Estados Unidos - Altidore voltou a cativar. Sem ser um matador, é um colosso na área, ganha muitas bolas e mexe-se com inteligência. Com 20 anos, será um jogador com potencial para aparecer nos próximos anos.

Gana - MVP o capitão Kingston. Não que os Estados Unidos tenham sufocado a área ganesa, mas o guardião foi determinante quando teve de intervir. Gyan fez mais um grande jogo, e o golo é extraordinário: no meio de dois defesas, sem se desiquilibrar, e a olhar antes de rematar. Oxalá lhe reconheçam o talento, porque, repito, é um desperdício andar no Rennes. Boateng, pela capacidade que tem a sair a jogar, para um trinco, é um jogador muito interessante.

Foi Assim Que Aconteceu #15

Coreia do Norte - Costa do Marfim, 0-3

Com 2-0 aos 20 minutos, o milagre chegou a pontear o horizonte, mas era mesmo uma tarefa impossível. Ainda assim, fica a ideia dum trabalho muito positivo de Eriksson, que, noutro grupo, teria muito provavelmente valido a qualificação.

Chile - Espanha, 1-2

A Espanha não falhou. Mas, no apanhado da primeira hora, a vitória espanhola é injusta. O Chile foi a melhor equipa em campo, ignorou o favoritismo adversário e, até mais um golo inventado por Villa, era aquela que tinha criado mais perigo. O 2-0 e a expulsão de Estrada pareciam ter condições para gelar o jogo, mas o Chile marcou e, com 10, ainda conseguiu encostar a Espanha várias vezes. Os chilenos merecem indiscutivelmente a passagem, e farão o Brasil sofrer. A Espanha soube ser fria e resultadista depois da derrota com a Suíça, e isso fala pela sua capacidade competitiva. Mas a Roja não é, neste momento, o tractor dos últimos 2 ou 3 anos. A equipa treme, já não tem a facilidade para amarrar jogos que a caracterizava e, mesmo favorita para o jogo com Portugal, é, hoje, um adversário bem menos imbatível do que há 5 ou 6 meses atrás.

Jogadores:
Espanha - Villa é extraordinário, e estará, concerteza, no leque dos 2 ou 3 melhores pontas-de-lança mundiais da actualidade. Finalmente na próxima época poderá jogar num palco à sua altura. No meio, com Iniesta, é definitivamente outra coisa. Parece sempre fácil.

Chile - Na retina, o ala esquerdo, Beausejour. Bom a jogar por dentro e com muita facilidade em aparecer na área, terá sido o jogador chileno mais perigoso. Isla, o ala direito, também tem qualidade.

Suíça - Honduras, 0-0

Despedida totalmente inglória dos suíços. Não eram, de facto, 1 das 2 melhores equipas do grupo, mas, depois da vitória frente à Espanha, não se admitia o fraquejo contra as Honduras. Morreu o projecto de Hitzfeld, que chegou a ter, por mérito próprio, todas as condições para andar.

Cosa Nostra #3

Portugal - Brasil, 0-0

Portugal fez um jogo pragmático. O Brasil estava desfalcado, não tinha especial interesse no jogo, e à Selecção bastava o empate para selar a passagem. Abandonamos, então, o futebol de picos que se viu contra a Coreia, e voltamos à abordagem do jogo com a Costa do Marfim: uma equipa fechada, muito dura nos blocos, e a privilegiar, sempre, a segurança atrás. Sem fazer uma apologia do futebol defensivo, ou do jogo mais feio, acho que, ao contrário do primeiro jogo, Queiroz abordou como tinha de abordar. Dava, talvez, para fazer um jogo nas mesmas bases, mas com muito mais perigo na transição, se, em vez de Ricardo Costa, Pepe, Duda e Danny (infelizmente, não há maneira de pegar), tivessem estado Miguel, Pedro Mendes, Simão e Hugo Almeida. Queiroz exagerou nesse aspecto (4 centrais em campo, 0 pontas-de-lança), e esse extremo poderia ter saído mais caro, quando, por exemplo, aos 20 minutos a Costa do Marfim já ganhava por 2-0, e Portugal não saía do seu meio-campo. No fim provou-se, ainda assim, que é muito complicado nos marcarem golos e, no balanço, 0 derrotas e 0 golos sofridos, no grupo da morte, é bastante bom. A partir dos oitavos pede-se, contudo, um pouco mais de tacto: mesmo que o adversário se chame Espanha, fazer uma equipa para não jogar, não nos levará a lado nenhum.

Jogadores:
MVP novamente o Coentrão. Aligeirou alguma coisa no fim do jogo, mas fica para a história mais uma grande exibição, e desta vez com um senhor chamado Maicon pela frente. Perfeito a defender, ainda foram dele as únicas boas ideias do jogo português na primeira parte.

Ronaldo, vetado a 9, fez o que pôde, e foi o melhor no período mais forte da Selecção, na 2ª parte. A nossa melhor oportunidade no jogo é com ele no meio de 3 adversários, por todo o meio-campo brasileiro. Simão entrou muito bem, e tinha justificado a titularidade. E por fim Eduardo: não foi muito posto à prova durante os 3 jogos, mas, hoje, com Nilmar isolado à sua frente, fez uma daquelas defesas que valem jogos. Bom sinal para o que falta.

Slap Bet #16

Uruguai - Coreia do Sul, 2-1

Estados Unidos - Gana, 1-2

sexta-feira, 25 de junho de 2010

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Slap Bet #15

Portugal - Brasil, 0-0

Coreia do Norte - Costa do Marfim, 1-1

Suíça - Honduras, 1-0

Chile - Espanha, 0-1

Foi Assim Que Aconteceu #14

Eslováquia - Itália, 3-2

A queda italiana é uma aberração. Sobretudo, tendo em conta a pobreza dum grupo em que as estreantes Eslováquia e Nova Zelândia produzem no limite do zero, e o Paraguai surge como a mais discreta equipa sul-americana. Mesmo sem o espalhafato francês, para mim o falhanço italiano é o mais perturbador. No banco estava Lippi, não um palhaço qualquer, havia calma, método, e o talento do costume. Nada justifica que o Campeão do Mundo saia de cena sem vitórias, e em último, no grupo mais pobre da prova. Com Prandelli, a partir de Setembro, estão abertas as portas duma Revolução.

Paraguai - Nova Zelândia, 0-0

Sem nunca lhe terem exigido muito, o Paraguai ganhou o grupo tranquilamente. Mesmo assim, isso não é sinónimo de que o Japão, nos oitavos, vá ser um adversário acessível. A Nova Zelândia, incrivelmente, despede-se do seu primeiro Mundial sem uma única derrota. Belíssimo.

Camarões - Holanda, 1-2

Valendo o que vale, a Holanda teve o nervo suficiente para fazer o pleno. É disso que se fazem os campeões. Com a Itália fora do caminho, a Laranja tem tudo para estar nas meias-finais.

Dinamarca - Japão, 1-2

Admiro a competência das equipas asiáticas. Tipicamente sem o talento sul-americano, europeu ou africano, conseguem ser equipas competitivas por se trabalharem tão bem, ou seja, por cuidarem de todos os detalhes do jogo que podem estilizar. O Japão qualificou-se através de dois livres directos. Um apuramento quase à régua e ao esquadro, puro de equilíbro, ainda que ponteado, aqui e ali, por bons apontamentos de qualidade. Uma equipa que se gosta, este Japão. A Dinamarca, depois do tractor da qualificação, parece uma equipa perdida no tempo. Com um meio-campo ofensivo de veteranos, houve uma imensa falta de ideias, e a equipa pareceu sempre banal, até não resistir ao inócuo jogo directo. Mesmo que não tão prolífica em potencial quanto outras, à Dinamarca exigia-se, pelo menos, organização e intensidade. Saíu pela porta pequena.

Jogadores:
Dinamarca - mais do que pelo velho Tomasson, ou do que por Rommedahl ou Jorgensen, o futuro da Dinamarca passará por Niklas Bendtner. O 9 do Arsenal é um colosso, cheio de vida, e é ele quem deverá liderar uma Dinamarca que se quer renovada para 2012. Notas positivas também para o defesa-esquerdo Simon Poulsen, forte a sair para o ataque.

Japão - todo um parágrafo para falar de Keisuke Honda. O médio-ofensivo do CSKA é um jogador fantástico. Rápido, com um pé esquerdo iluminado, permanentes recursos, grande técnica e remate. Parece sul-americano, e justifica sair da Rússia o mais rápido possível.

Foi Assim Que Aconteceu #13

Eslovénia - Inglaterra, 0-1

À velha italiana, Capello fintou, para já, aquele que seria um rotundo fracasso. Depois de 2 empates, e de 2 exibições no limite do miserável, valeu o instinto de Defoe e, cúmulo, a Inglaterra até ia ganhando o grupo. O mojo falhou, no entanto, no último minuto, e nos oitavos virá a Mannschaft. Teste tremendo para esta Inglaterra.

Estados Unidos - Argélia, 1-0

Possivelmente o jogo mais emotivo do Mundial. A Argélia não abdicou do seu futebol interessante, bem construído e bem feito até onde dava, e, perante o desiqulíbirio a que os Estados Unidos se vetaram a partir de certa altura, teve mesmo condições para marcar e fazer outro resultado. Mas a selecção americana arrancou mais um grande jogo. Sempre com iniciativa, à gente grande, os Estados Unidos reafirmaram-se como uma das selecções que melhor joga neste Campeonato do Mundo, e, com mais presença de espírito e outra experiência, teriam resolvido o jogo bem mais cedo. Valeu novamente Donovan, a materializar um milagre ainda maior do que contra a Eslovénia, e a pôr os americanos no topo do grupo, quando o Eslovénia - Inglaterra até já tinha acabado. A jogar contra o Gana, e emparelhados com o Uruguai - Coreia nos quartos, a equipa de Bob Bradley tem condições para fazer um campeonato histórico. Alma, pelo menos, nunca lhe faltará.

Gana - Alemanha, 0-1

As duas melhores selecções do grupo, sem dúvida. A Sérvia terá mais potencial individual do que o Gana, mas o projecto de Rajevac tornou os ganeses muito maiores do que o paradigma da tradicional selecção africana. Com menos individualidades do que a Nigéria ou os Camarões, o Gana discutiu o jogo na cara com os alemães no campo todo, seguro de si atrás, e com sucessivas iniciativas em apoio no ataque, outra vez sob a lide do trio Ayex, Asamoah e Gyan. A Alemanha jogou menos do que contra a Austrália ou contra a Sérvia, mas isso não significa que tivesse estado ausente do jogo. Podia ter marcado mais cedo, e justificou sempre a passagem que devia ter estado garantida ainda antes deste jogo. Depois, valeu novamente o génio de Özil, por estes dias, a par de Messi, o melhor jogador da competição.

Austrália - Sérvia, 2-1

A Austrália, mesmo sem nunca ter deslumbrado, caíu pela goleada do primeiro jogo. A experiência da equipa acabou por valer a recuperação mental. A Sérvia, pelo potencial enorme que tem, é uma grande desilusão. Depois de bater a Alemanha, foi absurdo o espalhanço contra a selecção mais modesta do grupo.

Slap Bet #14

Eslováquia - Itália, 0-1

Paraguai - Nova Zelândia, 1-0

Dinamarca - Japão, 1-1

Camarões - Holanda, 0-1

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Slap Bet #13

Eslovénia - Inglaterra, 0-2

Estados Unidos - Argélia, 1-0

Gana - Alemanha, 1-2

Austrália - Sérvia, 1-2

Foi Assim Que Aconteceu #12

México - Uruguai, 0-1

Grande jogo de futebol. Perante a ameaça de conluio, e dum jogo para o empate que apuraria ambas as equipas, responderam mexicanos e uruguaios na raça americana, e fizeram uma óptima 1ª parte. O Uruguai, que impressionou muito pouco na abertura com a França, acabou indiscutivelmente em crescendo, a ganhar inclusive o grupo, e isso muito deverá às ideias positivas do seu treinador, Tabárez, que, com 3 avançados tremendos nos 23, optou por lançá-los a todos no onze: Forlán, acima de todos, mas ainda Luisito Suárez e Cavani. O México não mereceu perder. Quando se jogou futebol, os mexicanos fizeram o que lhes vimos fazer desde o primeiro jogo, e era justo que tivessem marcado (incrível o míssil de Guardado). No fim, qualificação justa para as duas melhores equipas do grupo. O México, que cumpriu as minhas expectativas, e o Uruguai, por quem torci desde o início, e que conseguiu essa proeza de passar toda a gente.

Jogadores:
México - a equipa de Aguirre é uma selecção com um potencial tremendo. Já tínhamos visto os miúdos Giovanni, Effraín, Vela, Hernández,e desta vez brilhou mais um: Barrera. Com o 7 nas costas, tem agilidade, técnica, e qualidade a meter a bola. Parece que em todos os jogos aparece mais um.

Uruguai - Forlán está por mérito próprio nos melhores do Torneio. Sabe-se como é difícil ser o maior nome duma Selecção média, a responsabilidade que isso acarreta, mas para Diego é tudo normal. Mesmo que seja, por estes dias, uma espécie de 10. Mais do que Suárez hoje, no super-trio uruguaio, falar de Cavani: ainda que com menos instinto que os colegas de ataque, tem tudo para se afirmar como um grande avançado. Corpo, remate e cruzamento.

França - África do Sul, 1-2

Saíu a França como mereceu. Sem vitórias, com um único golo, e no último lugar do grupo. Esperava que corresse mal, mas Domenech fez questão de garantir que corria ainda pior. Numa altura em que se especula sobre tudo e mais alguma coisa, uma certeza permanecerá: o descalabro da França é da responsabilidade dum homem acima de todos. Do mesmo homem que disse a Scolari "fodi-vos outra vez", o mesmo que hoje deixou Parreira de mão estendida. Um sujeito repugnante, protegido por uma campanha à sombra do génio dum dos maiores de sempre, em 2006, e que nunca justificou, além disso, comandar uma selecção de tanto potencial. Depois de cuspir na cara de toda a gente, e de excomungar uns quantos dos seus próprios jogadores, chegou ao dia em que os que sobraram lhe viraram as costas. Hoje, Domenech morreu para o futebol.

Sobre a África do Sul: 1 vitória sobre a França, 4 pontos, e a golos do apuramento. Ainda que nunca tenham estado verdadeiramente perto da qualificação, os sul-africanos honraram a festa, emprestaram alegria ao jogo, e foram bonitos de ser ver. O oposto do adversário de hoje, portanto. Um bem-haja.

Nigéria - Coreia do Sul, 2-2

Outro grande jogo de futebol. Sem a pressão dos grandes nomes, sem a táctica dos grandes candidatos, com ingenuidade, coração e jogo bonito. A Nigéria voltou a estar a ganhar, e voltou a permitir a reviravolta. Mas ainda empatou, e, cúmulo, falhou dois golos feitos (Yakubu, então...) que lhe garantiriam uma extraordinária qualificação, duas derrotas depois. A Coreia, a perder cedo, pôs de parte a disciplina asiática e deu-se ao jogo, abrindo espaços e jogando na área adversária. Num jogo tão dado, o talento nigeriano era maior, e podia ter feito estrago, mas Coreia e Nigéria são equipas emocionalmente distantes, e no fim passou a mais madura. Pena, talvez.

Grécia - Argentina, 0-2

O primeiro pleno da competição. Sem adversários de peso até às meias-finais, a expectativa segue grande em torno de Maradona, mas o jogo com o México já será consideravelmente mais difícil do que os da fase de grupos. A Grécia foi uma desilusão.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Slap Bet #12

México - Uruguai, 1-0

França - África do Sul, 1-1

Nigéria - Coreia do Sul, 0-1

Grécia - Argentina, 1-3

Foi Assim Que Aconteceu #11

Chile - Suíça, 1-0

O coração chileno sobre a frieza de Hitzfeld. O Chile confirma as minhas expectativas, pese as particularidades do jogo de hoje, nomeadamente a expulsão injusta de Behrami e o golo irregular. A equipa de Bielsa está a um empate de seguir em frente, mas tem de sobreviver ao enorme jogo em perspectiva, contra a Espanha, na última jornada. A Suíça parece ter condições para chegar aos 6 pontos e levar o grupo ao desempate, e vai depender dos golos que conseguir marcar às Honduras.

Espanha - Honduras, 2-0

No reino de Villa. Desta vez, a Roja não falhou, mesmo sem deslumbrar, e conseguiu garantir que lhe bastará uma vitória no último jogo para seguir em frente. O 1-0 é um monumento ao nível do novo jogador do Barça. De novo, um grande Espanha-Chile em perspectiva.

Cosa Nostra #2

Portugal - Coreia do Norte, 7-0

A vitória foi tanto mais extraordinária, quanto eram desfavoráveis as circunstâncias que estavam à sua volta. Portugal entrou em campo depois da imagem miserável do 1º jogo, com muita pressão (extra para Ronaldo), pouca confiança, e até com um caso. No fim, mesmo que o adversário se chame Coreia do Norte, ficou a maior vitória da História do país em grandes competições.

No meio, sem dúvida, a atitude que a equipa emprestou ao jogo. A personalidade que nunca foi o forte desta Selecção de Queiroz, a personalidade que nunca se vislumbrou contra a Costa do Marfim, esteve lá desta vez, e cheia de poder. O resto fala por si. Mais ainda do que o resultado, vale a pena falar da qualidade da exibição. O Portugal "aborrecido" do início da semana, colocou-se, pelo que deu de si, pelo que potenciou da sua qualidade, ao nível do melhor futebol que já se jogou na África do Sul, e é evidente que isso só nos pode encher as medidas.

Mesmo as mudanças tácticas têm tudo a ver com mentalidade. Queiroz manteve o 4-3-3, mas o 4-3-3 não teve nada a ver com o primeiro jogo. A equipa jogou aberta, com ordem para atacar por todos os meios, e é clara a diferença que isso fez: qualidade pura na construção ao meio, fôlego nas laterais, poder nas alas. Talvez, com uma equipa de outro nível, mais experiente pelo menos, não tivéssemos chegado aos 7, mas, com a predisposição de hoje, especialmente depois do 2-0, não seriam assim tantas equipas a poder conter o nosso futebol.

Por mérito próprio, Portugal conseguiu a proeza de, depois de um empate no primeiro jogo, estar virtualmente classificado no 2º, e o que aconteceu hoje só pode servir de incentivo à mudança. Incentivo a que deixemos de ser coitadinhos, e que disputemos as coisas na cara, com toda a gente. A equipa ganhou sem margem para dúvidas, exorcizou os próprios fantasmas e, mais importante, provou a si mesma o que pode jogar se pensar como vencedora. Que tenha sido, pois, um novo começo.

Jogadores:
O Melhor em Campo foi Tiago. Disse, na antevisão, que devíamos entrar em campo com Danny a 10 (a substituir Deco), e não com Tiago, porque o médio do Atlético não é um 10, e porque, mesmo apesar de admirá-lo bastante, ele nunca rendeu por aí além em 4-3-3, ou, pelo menos, com outro médio interior tão próximo. Facto é que Tiago desmistificou isto tudo. Ainda embalado com a 2ª volta em Madrid, ele foi um monstro, não como 10, realmente, mas como um segundo 8, ao lado de Meireles. 2 golos, a assistência magistral para o 1-0, alegria e uma qualidade extrema, ao nível do que sempre prometeu. Estão abertas as portas de um grande Mundial.

Logo a seguir Meireles. Depois da época no Porto, talvez ninguém arriscasse muito nele mas, depois de já ter sido um dos melhores no primeiro jogo (e fora de posição), voltou a box-to-box, e partiu a loiça. Lembra o Maniche dos velhos tempos. Coentrão, agora versão atacante, arrisca-se a ser o melhor lateral esquerdo da competição. Sinceramente, nem o nível da época no Benfica me fazia acreditar que chegasse à África do Sul assim. Ricardo Carvalho voltou a ser o patrão, e até Hugo Almeida, pese as fragilidades que se conhecem, foi uma unidade de valor.

Falar, também, de Ronaldo: o jogo não lhe correu bem durante bastante tempo, é verdade. Mas a última meia hora deve ter feito bastante por ele (oxalá que sim). Sem a pressão extrema de carregar a equipa, Cristiano foi grande no jogo, marcou, deu a marcar e esteve novamente perto da galeria dos melhores golos da competição. Ainda há tempo para Ronaldo deixar a sua marca.

Venha o Brasil.

Foda-se


7. Jesus Fucking Christ.

Va te faire enculer Domenech, sale fils de pute

"O despudor de Henry foi a tristeza de um senhor tão simpático como Trapattoni. Na altura, o apuramento pareceu uma crueldade para os irlandeses. Agora que olhamos para os gauleses, a sensação é diferente: estar no Mundial é o maior castigo que a selecção francesa poderia enfrentar."

Luís Sobral, no maisfutebol

domingo, 20 de junho de 2010

Um par de ideias dum gajo que gostava de ganhar amanhã

- Devíamos jogar em 4-4-2 losango. (ou seja Mister, com um trinco, um médio interior, um médio-ala e um 10, mais o Ronaldo ao lado do Liedson). Íamos parecer de primeiro mundo.

- Se for para jogar em 4-3-3, (porque o Mister não tem tomates para utilizar a única verdadeira boa ideia que teve em quase 3 anos de Selecção), que joguemos sem 2 trincos, com 2 extremos bem pronunciados, e um 10 próximo do Liedson.

- Isso implica ter o Meireles onde o Meireles joga bem (como 8), ter o Simão na ala, e ter o Danny a 10 (não o Tiago, porque o Tiago não é um 10).

- O Paulo Ferreira não pode ser titular. (o Rooney da Ásia cai naquele lado, e eu não queria ir muito mortificado para o exame que tenho a seguir). Esta eu peço por favor, Mister.

Slap Bet #11

Portugal - Coreia do Norte, 1-0

Chile - Suíça, 1-1

Espanha - Honduras, 4-0

Foi Assim Que Aconteceu #10

Eslováquia - Paraguai, 0-2

Não sei o que jogava a República Checa para ter sido eliminada pela Eslováquia, mas devia ser mesmo muito pouco. Os eslovacos são uma das selecções mais miseráveis da prova e, sinceramente, nem se tivessem ganho à Nova Zelândia, na 1ª jornada, se teriam ficado mais perto da qualificação. Mesmo com alguns nomes reconhecidos no meio internacional (Hamsik, mas também Skrtel ou Vittek), o que se viu foi uma equipa incapaz de, em 90 minutos, fazer 3 passes seguidos, e que não conseguiu criar perigo antes do minuto 92. Se por acaso acontecia da bola pingar perto da área paraguaia, os eslovacos encarregavam-se imediatamente de resolver a situação.

O Paraguai foi um vencedor indiscutível, mas continua sem impressionar. A qualidade média da equipa deu e sobrou para a Eslováquia mas, pese um ou outro lance bom (o 1-0, por exemplo, é magnífico), não invalida que sejam os paraguaios a equipa americana menos entusiasmante. Depois de marcar, a equipa ainda por cima perdeu quase todo o (pouco) interesse que tinha no jogo, e limitou-se a gerir, ainda que, mesmo distante do jogo, tenha feito o suficiente para o 2-0.

Jogadores:
Paraguai - MVP foi o Lucas Barrios. O argentino naturalizado é claramente o melhor jogador da Selecção. Muito bom tecnicamente, ágil, é um avançado móvel de grande qualidade. Vera, um 8 moderno, não devia andar perdido no Equador. É o jogador que empresta maior intensidade à equipa.

Itália - Nova Zelândia, 1-1

O resultado falará por si. A Itália vai levando à letra a tradição de começar mal mas, se nem dá para ganhar à Nova Zelândia, é razão para preocupações. Num grupo mais competitivo, a qualificação poderia estar realmente em causa. Assim, continuo a contar com os italianos nos oitavos.

Brasil - Costa do Marfim, 3-1

4 golos enganam quem não viu o jogo. Nem o Brasil deu um salto qualitativo depois da Coreia do Norte, nem a Costa do Marfim manteve a intensidade do jogo com Portugal. A primeira parte foi, portanto, um mergulho em negrume táctico, com os marfinenses completamente fechados e inócuos, e a Canarinha a tentar aqui e ali, mas com pouco sucesso. Voltaram a valer ao Brasil as individualidades, desta vez um fantástico bis de Luís Fabiano, que garantiu, ainda a 2ª parte ia no início, um enorme pontapé no jogo.

Depois o Brasil começou a brincar, o que visualmente foi a melhor fase do jogo, a Costa do Marfim ficou no vazio, e chegou a parecer que poderiam ser mais do que 3. Foi pena que, na mesma altura em que Drogba trouxe a equipa de volta ao jogo, a maioria dos colegas tenha posto o jogo de parte, e começado a bater forte e feio. Foi Elano para a rua, parou o futebol, foi Kaká para a rua (numa expulsão justa, ao contrário do que se escabelou Paulo Catarro na RTP) e o jogo morreu. Bom resultado para Portugal, no entanto.

Jogadores:
Brasil - MVP o Fabuloso, como é óbvio. Num jogo amarrado, dois golões como os que Fabiano marcou hoje fazem ainda mais diferença. Extraordinário. Elano joga sempre bem, um pouco como Maicon. Menos Robinho hoje.

Costa do Marfim - Não percebo a opção de Eriksson em pôr Gervinho no banco. O 10 entrou, e mudou a face do jogo marfinense. E ter Drogba faz toda a diferença: duas oportunidades, Júlio César batido em ambas.

sábado, 19 de junho de 2010

Slap Bet #10

Eslováquia - Paraguai, 1-1

Itália - Nova Zelândia, 2-0

Brasil - Costa do Marfim, 2-2

Foi Assim Que Aconteceu #9

Holanda - Japão, 1-0

Do que fui vendo da segunda-parte, resultado injusto. A Holanda teve o mérito de estar forte no último passe, e de ter podido acabar com o jogo por duas ou três vezes, e parece uma equipa mais adulta (e definitivamente mais contida) do que lhe era costume ver. Mas o Japão deu-se mais ao jogo. Procurou jogar bem e foi uma equipa agradável de se ver, e mereceu melhor sorte. Pena terem falhado o 1-1 no último minuto, depois duma grande jogada individual.

Gana - Austrália, 1-1

Pela 2ª parte, resultado francamente injusto. A Austrália, ainda que mais cerrada a defender do que contra a Alemanha, demonstrou (apesar de estar com 10, reconheça-se) a mesma pobreza à frente, e, se ainda teve a melhor oportunidade desse período (duplamente desperdiçada de forma constrangedora), foi devido à ingenuidade ganesa. A selecção de Rajevac brilhou no ataque, fruto da riqueza individual e da alegria de toda a frente. Com um tremendo toque de bola, faltou experiência para garantir a vitória, depois de largos períodos em cima dos australianos. A última jornada contra a Alemanha poderá ser um fim duro para mais um admirável projecto ganês em Mundiais.

Jogadores:
Gana - MVP: Kwadwo Asamoah. Num ataque muito móvel, surgiu no apoio ao ponta-de-lança, e emprestou velocidade e remate à equipa. Gyan, como 9, merece mais do que o Rennes onde anda agora (depois da Udinese o ter libertado, ele que foi uma das grandes revelações do Alemanha 2006). O canhoto Ayew compõs o leque, mais à esquerda, numa frente onde não foram necessários os consagrados Appiah e Muntari.

Austrália - Em toda a 2ª parte, só um jogador apareceu com qualidade: Emerton. O extremo do Blackburn foi o único fio de vida australiano no meio-campo adversário.

Camarões - Dinamarca, 1-2

Queda definitiva de mais uma selecção camaronesa de brincar. Nem depois duma falha clamarosa da defesa dinamarquesa, se a equipa de Le Guen conseguiu evitar a derrota, e se converter na primeira equipa eliminada da competição. A Dinamarca, depois de vencer um grupo com Portugal e Suécia na qualificação, relança-se para os oitavos, naquele que será um jogo interessantíssimo de seguir, contra o Japão.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Slap Bet #9

Holanda - Japão, 3-1

Gana - Austrália, 3-1

Camarões - Dinamarca, 1-1

Sobre esse incandescente e apaixonante mundo dos observadores

Classificação dos Árbitros de 1ª Categoria - 2009/2010

1. Pedro Proença
2. Olegário Benquerença
3. João Ferreira
4. Jorge Sousa
5. Duarte Gomes
6. Lucilio Baptista
7. Bruno Paixão
8. Artur Soares Dias
9. João Capela
10. Paulo Costa
11. Carlos Xistra
(...)
15. Elmano Santos
(...)
22. Rui Costa
23. Pedro Henriques
24. Jorge Tavares
25. Luis Reforço

Graças ao 23º lugar no ranking da Federação Portuguesa de Futebol, Pedro Henriques, à partida para o último ano de carreira, foi despromovido à 2ª Categoria da classe, o que invalida que arbitre jogos da Liga Sagres, na próxima época. A consequência foi o fim da sua carreira.

Ao contrário da opinião mais ou menos generalizada de há dois ou três anos, nunca olhei para ele como o Melhor Árbitro do país. Já o vi falhar clamorosamente no estádio, devido ao seu repentismo mascarado de determinação, e essa inconsequência foi uma marca indelével da sua carreira. Há coisas, no entanto, que nunca pus em causa sobre ele: Pedro Henriques sempre me pareceu um árbitro honesto e comprometido com o jogo. Se falhava, falhava pela própria cabeça, pela maneira como entendia que a arbitragem devia ser. Pedro Henriques sempre projectou o jogo como menos cerrado do que era por cá, menos feio e menos faltoso, e, pese os erros crassos de juízo, esse é um pequeno legado que lhe deve ser reconhecido, uma visão legítima.

Nos últimos tempos, é verdade que tinha vindo a perder um certo protagonismo, mas confesso que nunca pensei vê-lo baixar de categoria. Tudo se torna mais absurdo quando vemos, empedernidos no top-10, personagens escarráveis como Duarte Gomes, Lucílio Baptista ou Bruno Paixão. Há coisas que não fazem sentido, e Pedro Henriques ser pior do que esses, ou do que Xistra, Elmano ou Marco Ferreira, é uma delas. Talvez tenha melhorado aqui ou ali, ficado menos sombrio, mas continuam a ser tortuosos os caminhos do futebol português.

Foi Assim Que Aconteceu #8

Alemanha - Sérvia, 0-1

Mais do que o resultado surpresa, o que vale a pena salientar é que a Alemanha caíu mas, indiscutivelmente, caíu de pé. A equipa surgiu menos fogosa do que contra a Austrália, mérito da Sérvia, claro, ficou com 10 e sofreu um golo no minuto seguinte, mas, se queremos ver a génese daquela mentalidade, vemos os primeiros 20 minutos da segunda parte. Com 10, a Alemanha encostou a Sérvia, jogou muito futebol, teve 3 ou 4 oportunidades claras, e só vergou, no limite, depois de Podolski ter falhado a maior de todas, o penalty. Mesmo dobrada, a equipa de Low acabou com 3 médios de ataque e 2 pontas-de-lança, deixando tudo por tudo em campo. É bonito ver a Argentina ultrapassar dificulades com o seu dream team, ou ver a Espanha, mesmo a perder, a não alterar um milímentro da sua filosofia de jogo. Mas se queremos ver alma, vemos a Mannschaft. Apesar da salada em que ficou o grupo, a Alemanha continua como favorita para seguir em frente, mesmo que já não em primeiro.

A Sérvia foi uma boa surpresa. A equipa começou discreta, algo insegura, e, mesmo que durante o jogo tenha demonstrado várias fragilidades ao nível do controlo de jogo (com mais um em campo, teve muita dificuldade em segurar a Alemanha), ficaram notas muitas boas ao nível da transição ofensiva. Uma equipa rica tecnicamente, com um futebol muito apelativo a sair, aberto, alegre, assente numa frente de ataque muito boa. O golo é uma jogada fantástica, das melhores colectivas da competição, e, mesmo com o peso da Alemanha em cima, viram-se mais uma série de jogadas francamente bem desenhadas. A defrontar a Austrália na última jornada, a equipa de Antic pode ter dado um tremendo pontapé no destino.

Jogadores:
Alemanha - Jogo inglório de Podolski. Foi o centro de todo o jogo alemão, foi de uma vivacidade tremenda, mas falhou tudo, incluíndo o penalty. Foi pena. Özil voltou a espalhar perfume (é um maestro ao nível do passe), e Schweinsteiger emprestou à equipa alguma da alma do ausente Ballack.

Sérvia - Pueril a defender, valeu à equipa o show da frente de ataque. O MVP foi Kräsic, extremo-direito, o poderoso extremo-direito do CSKA que fez a vida negra à defesa alemã. Zigic, no apoio permanente (os seus mais de 2 metros são muito bem utilizados para a equipa) e Jovanovic, sempre o mais perigoso, completaram o leque. Stojkovic, o renegado do Sporting, por ter defendido o penalty, foi decisivo.

Eslovénia - Estados Unidos, 2-2

Um jogo de confirmações, naquelas que se arriscam a ser as duas melhores equipas do grupo. A Eslovénia, uma criança nestas andanças, chegou ao 2-0 que lhe garantiria uma extraordinária qualificação à 2ª jornada, mas os Estados Unidos ainda foram a tempo de uma não menos elogiável recuperação, falhando inclusive o 2-3 por um erro crasso do árbitro. Do pouco que vi, foram duas grandes presenças em campo, fora os grandes golos (excelente Donovan). Torço por ambos, na última jornada.

Inglaterra - Argélia, 0-0

A Inglaterra de Capello é a maior desilusão deste Mundial. Com um resultadista no banco, o potencial individual e a média de 3,5 golos por jogo na qualificação, as expectativas só podiam estar altas. Facto é que, ao fim de dois jogos, há pouco para contar. A Inglaterra não tem fio de jogo, não tem rasgos individuais e é constrangedoramente má nas acções atacantes. Mais do que não ter último passe, perde bolas de uma maneira compulsiva, enrola-se, e não consegue fazer um jogada com princípio, meio e fim. Mau de mais para ser verdade.

A Argélia, dentro das suas limitações, levaria os 3 pontos, a haver um vencedor. Mesmo pouco objectivos, os norte-africanos fizeram uma primeira-parte admirável, com bom toque, boa atitude e um futebol bom de ver. Sem grandes oportunidades (não as houve, para nenhum dos lados), os únicos rasgos de velocidade e as boas transições pertenceram-lhes. Na 2ª parte, mesmo com a apatia inglesa, o ritmo baixou, e passou a ser evidente um certo conformismo com o empate. Com 1 ponto à partida para a última jornada, terá sido o adeus. A Inglaterra, a jogar assim com a Eslovénia, fica pelo caminho.

Jogadores:
Inglaterra - entre a pobreza que foi, menção só para os serviços mínimos de Lampard e Ashley Cole. Rooney continua irreconhecível, e a meia direita é uma dor de cabeça.

Argélia - MVP foi Nadir Beladjh, o ala esquerdo do 3-4-3. Rápido e muito forte, fez uma dupla de luxo à esquerda com Ziani (grandes pés!), da qual Glen Johnson não gostará de se lembrar.

O país em que é preciso morrer primeiro

"Portugal é o único país do mundo em que toda a gente escreve bem. Aqui, toda a gente já foi elogiada e toda a gente tem consciência do seu talento, apesar da proverbial injustiça disso nunca ser reconhecido a sério. A escrever, e em quase tudo o resto. É que somos, também, o país das vitórias morais, o país em que estar quase é que é poético, o país onde quem ganha sem ser a brincar, obviamente não o mereceu. Somos o país que não honra as pessoas verdadeiramente boas, porque essas matam-nos de inveja. Um país que, valha a verdade, não as merece. Não me admira, portanto, que seja tão fácil não gostar de Saramago. Saramago é o único Nobel num país de escritores, num país em que era suposto eles nascerem nas árvores, e qualquer bom português vê que isso não está certo. Além de que até é ele quem se põe a jeito. É que, além de ter essa coisa enervante no currículo, ele ainda se dá ao luxo de nunca ter tido formação superior, num país de doutores, e, ainda por cima, de ser um ateu convicto, num país de gente mais papista que o Papa. Um país que nem hesitou em meter obras suas na gaveta só porque atentavam contra os bons costumes e contra a religião da Nação, e que o viu, por isso, partir para a vizinha Espanha, de bom grado. Algo que, só para nos provocar, teve de acontecer antes dele ganhar o Nobel. Como para nos provocar, voltou ele, agora, a chamar nomes ao deus da religião da Nação, só para nos lembrarmos que ele é um vencedor-ateu-sem-formação, num país de derrotados-mas-talentosíssimos-católicos-intelectuais (mesmo que ele nunca puxe nada disso para a conversa). Alguém assim não tem nada a ver com este país. Daí que um eurodeputado do PSD, por certo doutorado, além de religioso, que nunca vai, contudo, ser mais do que um eurodeputado do PSD, sem nome, nem mais nada pelo qual o país o relembre, resolveu materializar o que estava na cabeça de todo o bom português: pois que Saramago renuncie à nacionalidade! Simples. Isto porque “o Nobel o deslumbrou” e porque o Nobel “não lhe confere autoridade” para atacar “os valores que definem as pessoas de bom carácter”. Se nos irrita, para quê esconder? Talvez o mui nobre Portugal até pudesse perdoar ao pobre Saramago iletrado e ateu, pelas maluquices que anda por aí a dizer. Nunca perdoará, por certo, ao impertinente vencedor de um Nobel."


Escrevi isto há uns meses, para a Faculdade. De Saramago não posso dizer que tenha consumido muito da sua obra mas, entre o Memorial e o Ensaio sobre a Cegueira, é difícil não reconhecer uma coisa: polémicas e ideologias à parte, Saramago foi um génio e um filósofo, um talento ímpar do qual o país se deveria orgulhar incondicionalmente. O seu Nobel, no entanto, como disse Mourinho há tempos, não será de todos os portugueses. Será, só, daqueles que o admiraram. É nessa qualidade que, hoje, me curvo perante a sua memória.

Morreu José Saramago, um dos maiores de sempre.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Slap Bet #8

Alemanha - Sérvia, 3-0

Eslovénia - Estados Unidos, 1-2

Inglaterra - Argélia, 2-0

Foi Assim Que Aconteceu #7

Argentina - Coreia do Sul, 4-1

Vi pouco, mas a Argentina pareceu bem mais alegre do que na abertura. Contra uma Coreia com tudo para ser mais dura do que os nigerianos, a Alviceleste arrancou momentos de grande futebol (que luxo é ver a Argentina ao primeiro toque!) e, com um ou outro momento de sorte (o 1-0, claro), garantiu um resultado à la Maanschaaft. É bom ver o 11 de Maradona a crescer.

Grécia - Nigéria, 2-1

Depois de estar a perder, com uma ridícula expulsão adversária, e um golo de ressalto, a Grécia emendou a mão com a sua muita escola. Ainda assim, a Coreia do Sul é favorita aos oitavos.

França - México, 0-2

Vitória indiscutível mexicana, e a França com pé e meio fora do Mundial. A equipa de Aguirre surgiu como a tínhamos visto com a África do Sul: ataque sumarento, um pressing alto e muita velocidade, o que, pese a boa atitude francesa na primeira meia hora, colocou-a sempre como a equipa mais vistosa e perigosa em campo. À medida que o jogo avançou, os franceses optaram por amolecer o jogo, confiantes na experiência e, mal menor, num empate que lhes seria favorável na última jornada. Saíu-lhes mal, uma vez na vida. O México fez justiça, num grande lance, e até deu para o lendário Blanco se tornar, por certo, num dos mais velhos de sempre a marcar em Mundiais. A precisar duma derrota uruguaia por mais do que um golo, e de ganhar por mais de dois, já nem um milagre deverá salvar Domenech. E que bonito isso é.

Jogadores:
França - custa ver um jogador do nível de Ribéry perdido num mar tão grande de indefinições e de más ideias. O melhor jogador acabou por ser Toulalan, trinco tremendo, o único foco de equilíbrio e de pensamento da equipa. Sempre forte, não perde bolas nem falha passes.

México - MVP foi o Rafa Márquez. O Kaiser, desta vez no meio-campo, foi o dínamo da equipa, e, das suas extraordinárias bolas longas (em fusão com o futebol puramente técnico mexicano), saíram muitos calafrios para a defesa francesa. A assistência para o 1-0 é monumental. À esquerda, Salcido arrancou mais um grande jogo. Hernández, pelo gelo a finalizar o 1-0, merece a referência.

Sobre as vuvuzelas,

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Slap Bet #7

Argentina - Coreia do Sul, 2-1

Grécia - Nigéria, 1-0

França - México, 1-2

O velho cabrão do ego

"La Roja no renunció a su estilo y dominó sin suerte todo el encuentro"
via As

Foi Assim Que Aconteceu #6

Honduras - Chile, 0-1

Só vi o jogo a espaços, mas foi suficiente para chegar a uma conclusão: o Chile é provavelmente a equipa sul-americana com mais capacidade para entusiasmar, fora Brasil e Argentina. O adversário eram as Honduras, mas o futebol praticado teve assinatura. Velocidade, repentismo, às vezes até primeiro toque (o golo é uma jogada muito boa). A Espanha que se cuide.

Espanha - Suíça, 0-1

Depois do 6-0 à Polónia, na preparação, muita gente esperava uma Espanha trituradora nos grupos. Eu, admito, esperava uma vitória espanhola, mas com suor, porque, do outro lado, estava um senhor chamado Ottmar Hitzfeld, para quem não sabe, um dos únicos três homens que já ganhou a Champions por dois clubes diferentes. A Suíça sabia o que esperar, e tinha alguém no banco com o know how suficiente para fazer um favorito sofrer. Muito muito infelizmente (mesmo muito), não consegui ver o jogo, mas deduzo que as coisas correram ainda melhor do que se poderia imaginar a der General. A Espanha, hiper-favorita, tem todas as condições para ganhar os dois jogos que faltam e seguir em frente, mas o primeiro lugar já fugiu por entre os dedos, e agora vai ser mesmo preciso sujar a camisola.

África do Sul - Uruguai, 0-3

O resultado é enganador. Não que o Uruguai não tenha merecido a vitória, mas porque a equipa de Tabárez foi cínica de mais para justificar uma diferença de 3 golos. O portento de Forlán desiquilibrou o jogo, mas depois, até à ratice de Suárez, assistiu-se a um Uruguai inabalável no controlo do jogo, que, para secar todas as possibilidades de reacção sul africanas, nunca mais arriscou um milímetro, mesmo com a riqueza do seu trio atacante. Não que esteja a pôr em questão a táctica de Tabárez. Pelo contrário. O Uruguai foi maduro, absolutamente primeiro-mundista a mandar no jogo, e foi por isso que o ganhou. Mas, sem o penalty fantasma e a expulsão de Khune, não teria tido tantas facilidades em descolar do México.

Jogadores:
África do Sul - Numa equipa menos reactiva do que contra o México, Tshabalala voltou a ser o melhor, pese o desacerto. Mete o consagrado Pienaar no bolso, como melhor jogador dos Bafana. O médio direito Modise, ainda que muito exposto (não é um jogador rápido), também tem valor, e merecia outro enquadramento táctico.

Uruguai - o Forlán (MVP) é incrível. Mais do que o monumento que marcou, ou o bis, é impressionante o que pode render, literalmente , onde for preciso. Como Milito, merece, do fundo da alma, uma oportunidade num grande europeu. O Suárez também fez um grande jogo. Não como o matador que marcou 35 golos no Ajax, este ano, mas como um muito dotado avançado livre na frente. Cavou o penalty e fez a assistência para o 3-0.

Slap Bet #6

Honduras - Chile, 0-2

Espanha - Suíça, 2-1

África do Sul - Uruguai, 1-1

terça-feira, 15 de junho de 2010

Foi Assim Que Aconteceu #5

Nova Zelândia - Eslováquia, 1-1

A componente emocional entrou ao barulho, naquela que seria mais uma vitória da disciplina europeia. Estreia bonita do país do Rugby, em Mundiais.

Brasil - Coreia do Norte, 2-1

Ainda que a vitória não se ponha em questão, o Brasil soou a desilusão nesta estreia. A equipa foi montada por Dunga em 4-3-1-2 (com 2 trincos e sem extremos), mas isso não justifica um jogo tão pouco criativo e preso por arames. O toque de bola está lá, como é óbvio, a mobilidade de Kaká e Robinho e o jogo de laterais são claras mais-valias, mas o Brasil é muito poupado no risco atacante, e pouco ágil na procura por soluções. Hoje, a sensação foi que a regra era o deixa andar, porque, a dada altura, alguém ia resolver. Resultou com a Coreia do Norte (a maneira como Maicon desamarrou o jogo é magistral), mas dificilmente será uma abordagem rentável contra adversários de outros recursos. Os norte-coreanos são uma Selecção de talento escasso, rudimentar nas ideias de construção, que nunca poderá discutir o grupo. Sobra-lhes, no entanto, a boa atitude, a agressividade, e o futebol linear que, apesar de tudo, até podem complicar a vida a boa gente. Isso e Tae-Se, um jogador de outro campeonato.

Jogadores:
Brasil - MVP o Robinho, o menino do Rio. Com o Kaká diminuído, foi o ex-Real quem assumiu a liderança do ataque, e o seu talento nunca deixa de impressionar. Tivesse cabeça e, em vez da sabática no Santos, andaria, por certo, a discutir troféus com Ronaldo e Messi. A qualidade de Elano, e a pujança dos laterais (o portentoso Maicon, mas também a adaptação Michel Bastos) foram as restantes notas boas do jogo brasileiro.

Coreia do Norte - É cair no óbvio, mas a diferença entre Tae-Se Jong e os restantes, é um abismo. O Rooney da Ásia, sem ser um fenómeno, tem, realmente, um potencial assinalável: leitura de jogo, capacidade para segurar a bola e, sobretudo, velocidade e uma grande finta. É todo ele um grito por oportunidades no futebol de 1º mundo.

Afinal fomos roubados

Diz o Queiroz, na sala de imprensa, que o Drogba jogou com uma protecção no braço sem nos terem perguntado se ele podia jogar, isto quando a protecção no braço do Drogba podia magoar os jogadores portugueses, e, no limite do que se poderia supor, podia ter uma navalha lá e o próprio Drogba não ter fractura nenhuma. Isto é tudo uns bandidos, só para nos lixar. Eu sabia.

Cosa Nostra #1

Costa do Marfim - Portugal, 0-0

Mau de mais para ser verdade. Mesmo consciente das fragilidades da Selecção, acho que era obrigatório esperar bem mais do que a pobreza grosseira do jogo de hoje. Portugal entrou, não no 4-3-3 aberto do costume (nunca no 4-4-2 losango...), mas num 4-2-3-1 cujas características principais foram prender o Meireles ao lado do Pedro Mendes, e dirigir o Ronaldo e o Danny para longe das alas, para atacarem por dentro. Se, na primeira meia-hora, ainda deu para disfarçar, dado um certo pudor da Costa do Marfim, assim que a equipa de Eriksson se apercebeu da nossa total falta de capacidade construtiva, foi um deus nos acuda.

Com o Meireles castrado, e 5 homens tão próximos no meio-campo, se é verdade, que, durante bastante tempo, conseguimos manter a Costa do Marfim a produzir pouco, também é verdade que ficamos a produzir ainda menos. Tem piada ouvir o Queiroz falar, no fim do jogo, do anti-jogo moral dos marfinenses, quando fomos nós, em primeira instância, quem alienou o nosso próprio estilo e, assustados, assumimos que não éramos suficientes. Do jogo, cru e duro, ficou uma única bola de golo, nascida dum segundo de génio do Ronaldo mas que, honestamente, nem é justo dizer que podia ter mudado o jogo, tão evidente foi o degredo desta tarde.

A Costa do Marfim foi uma excelente surpresa. Não a nível de qualidade individual, porque era difícil duvidar disso, mas pela fantástica disciplina táctica que Eriksson lhe imprimiu, a qual eu duvidava sinceramente que ele ainda fosse capaz de garantir. A equipa soube, sobretudo, gerir muito bem os momentos do jogo, e ultrapassar o respeito inicial pelo adversário, e a nossa malha defensiva, para acabar violentamente em cima de nós, como verdadeira senhora do jogo, a merecer, indiscutivelmente, ganhar o jogo. Se há um favorito ao 2º lugar do grupo, não é, por certo, Portugal.

Jogadores:
Portugal - Pessoalmente, o nosso melhor jogador foi o Coentrão. Não a atacar, onde costuma ser mais visível, mas com uma exibição defensiva no limite da perfeição, como se tivesse lá jogado a vida toda. Está um senhor jogador. O Meireles também foi relativamente visível, pese o seu posicionamento transviado, e o Pedro Mendes foi competente.

Pela negativa, o Danny falhou, como foi evidente, tal como o Deco, o Ronaldo e o Ricardo Carvalho estiveram bem áquem do que podem fazer. O Liedson, tão sozinho no ataque, é absurdamente inútil. Mas o pior de todos foi o Paulo Ferreira. A uma rigorosa inépcia ofensiva, juntou-se um dos maiores desastres defensivos de que me lembro de ver na Selecção A, uma violação sanguinária que só por milagre não fez estragos. Está em má forma e, se nem sequer justifica na componente defensiva, não pode nunca voltar a ser titular.

Costa do Marfim - o MVP foi o Gervinho. Tremendamente hábil e rápido, mais a oposição sofrível que teve, renderam-lhe todo um festival de bom futebol ofensivo. A defesa em bloco (os irmãos Touré, mais os poderosíssimos laterais) também justificam a referência.

E o Drogba não joga

Eduardo

Miguel
Ricardo Carvalho
Bruno Alves
Coentrão

Veloso
Tiago
Danny
Deco

Ronaldo
Liedson

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Slap Bet #5

Nova Zelândia - Eslováquia, 0-2

Costa do Marfim - Portugal, 0-2

Brasil - Coreia do Norte, 3-0

Foi Assim Que Aconteceu #4

Holanda - Dinamarca, 2-0

Dia mau para ver futebol, ainda que certeiro nas apostas. A Laranja não falhou.

Japão - Camarões, 1-0

Depois da vitória sul-coreana, mais uma demonstração de fiabilidade do futebol asiático. Com menos experiência, e com muito menos talento individual, o Japão chegou para a eternamente problemática selecção camaronesa.

Itália - Paraguai - 1-1

Na mouche. Vale a pena sublinhar, contudo, que tirar conclusões agressivas para o resultadismo italiano dum empate com o Paraguai, é um erro. Admito que, há semanas, esperava uma Itália capaz de repetir 2006, e que, depois dos jogos de preparação, passou a ser visível uma Selecção algo gasta, e, sobretudo, pouco revitalizada pelo regresso de Lippi. Ainda assim, é preciso muita coisa para pôr em causa as garantias da Azzurra.

O jogo foi mau. A Itália nunca demonstrou argumentos para jogar à frente do Paraguai, não soube jogar, nem em continuado, nem no seu tão estilístico contra-ataque, e o jogo foi, na maior parte do tempo, agonizante de seguir, perante um Paraguai que oferece pouco mais do que a típica agressividade sul-americana. A perder, restou o destino.

Muito pouco futebol, pouco sangue nos dentes, e uma Itália menos candidata do que se poderia crer. Ainda assim, respeito.

Jogadores:
Itália - o mais esclarecido foi sempre De Rossi. Pareceu um pouco pesado, mas os poucos lances bons do jogo passaram por ele, e pela sua boa leitura. Faltou Pirlo, claramente (e o velho Pipi Del Piero, quem sabe).

Slap Bet #4

Holanda - Dinamarca, 3-1

Japão - Camarões, 2-0

Itália - Paraguai, 1-1

Foi Assim Que Aconteceu #3

Argélia - Eslovénia, 0-1

Não vi (apesar de ter sido o primeiro resultado na mouche). Foi o materializar da genética consistência europeia (pese a sorte no golo), patente até nas selecções mais modestas, como a Eslovénia, sobre uma das maiores condenadas à partida. Ainda assim, é difícil que os eslovenos belisquem o favoritismo anglo-saxónico.

Sérvia - Gana, 0-1

Também não vi. Esperava, apesar do derrotismo da Sérvia em grandes competições, que fosse suficiente para ganhar ao desgovernado Gana. Os africanos, contudo, mesmo sem Essien, e com resultados maus nos últimos tempos, foram buscar o 1-0 e, com o afundanço moral da Austrália hoje, colocam-se, porventura, como a selecção africana mais próxima dos oitavos (até agora, pelo menos).

Alemanha - Austrália, 4-0

Provavelmente o melhor jogo da prova até agora, e, indiscutivelmente, a maior demonstração de força deste Mundial. A Alemanha surgiu no estilo que a caracteriza, poderosa, objectiva e linear, e isso rendeu-lhe um jogo fulguroso, pleno de transições rápidas e duma violência à prova de dúvidas. O melhor futebol da prova. Da Austrália, esperava mais. A equipa parece longe da mentalidade competitiva de 2006, e surgiu muito fechada, a tentar contrariar os alemães com uma defesa subida, e os sectores muito próximos. Correu mal. Ao zero ofensivo, juntou-se uma avenida nas costas da defesa que foi, pura e simplesmente, engolida pelo extraordinário ataque alemão. Foram 4 e, não fossem os falhanços de Klose, teriam sido mais. Seja bem-vinda esta enorme Alemanha.

Jogadores:
Alemanha - MVP: Mesut Özil. O filho de turcos, um desconhecido para mim, é uma verdadeira pérola. Inteligente, ágil, perfeito na leitura, no apoio e no passe, foi ele o principal responsável pela pulverização australiana. A maturidade do miúdo Muller, a dimensão de Lahm (possivelmente o lateral mais equilibrado do mundo) e a explosão de Podolski, fizeram o resto.

domingo, 13 de junho de 2010

Slap Bet #3

Argélia - Eslovénia, 0-1

Sérvia - Gana, 2-1

Alemanha - Austrália, 2-0

Foi Assim Que Aconteceu #2

Coreia do Sul - Grécia, 2-0

Não vi o jogo. Sobre o resultado, vejo com certa curiosidade. É verdade que tinha muito pouca noção do potencial da Coreia do Sul mas, à excepção de Lee e de Park (e que golaço marcou hoje o extremo de Ferguson!), a má preparação denunciava expectativas baixas. Verdade é que a gélida Grécia caíu, e caíu com força, depois de ter chegado à África do Sul sem favores nenhuns, e sendo uma equipa com um perfil consistente.

Argentina - Nigéria, 1-0

Surpreendeu não o resultado, mas a postura. Estava à espera duma Argentina que se expusesse muito atrás, mas que fosse poderosa na frente, mas facto é que a equipa marcou cedo, e, depois disso, revelou sempre um tremendo pudor em sair livre no ataque, optando, com tanta fartura na frente, por um quase inestético futebol de circulação. A questão é que, ao contrário do caso espanhol, o "tiki-taka" argentino não foi perfumado, mas antes cansativo, e viveu à espera que Messi inventasse qualquer coisa ou que, no contra-ataque, chegasse o 2-0. A Nigéria foi contida como pôde, mas tal foi a falta de fome argentina, que a equipa aceitou o convite para crescer, e acabou, pela vertigem de velocidade que se lhe reconhece, a ter bolas para o empate. A vitória argentina é justa, ainda assim.

Jogadores:
Argentina - o MVP foi o suspeito do costume. Leo Messi não marcou, mas deu um autêntico show, inventando, sucessivamente, oportunidades sobre oportunidades, todas na base do one man show. Um must. Merece ainda nota o jogo do velho Véron, um filósofo da leitura de jogo, e de quem dependem quase todas as boas ideias da transição argentina. Piores Di María, muito muito verde ainda, e Higuáin, com o desacerto que de vez em quando o persegue.

Nigéria - um nome a reter: o guardião Vincent Enyeama (um antigo mito de Manager), a alma que manteve a Nigéria no jogo até ao último minuto (Messi que o diga). Tayo, o defesa-esquerdo do Marselha para a vida, também deu de si.

Inglaterra - Estados Unidos, 1-1

A primeira grande surpresa do Mundial, e o primeiro escorregão dum dos mais fortes candidatos. A Inglaterra também inaugurou muito cedo, mas nunca esteve perto de dobrar os Estados Unidos e, quando surgiu a contrariedade, não voltou a ser capaz de se chegar à frente no jogo. Os ingleses foram pouco acutilantes, pouco imaginativos, até pouco rápidos, e tiveram pouco das principais figuras (Lampard, Rooney). Uma desilusão. Pelo contrário, os Estados Unidos foram uma agradibilíssima revelação, possivelmente a equipa mais interessante em campo até agora, a par do México. Sem grandes nomes, é uma selecção muito intensa e competitiva, com uma grande personalidade, que se bateu na cara com a Inglaterra, e que, sem condescendências, podia ter ido buscar os 3 pontos.

Jogadores:
Inglaterra - a maior figura foi Emile Heskey. O trintão do Aston Villa foi a referência do ataque, fez o passe magistral para o golo de Gerrard, e foi, quase sempre, a única mais-valia segura do ataque inglês.

Estados Unidos - MVP foi o eterno Landon Donovan. O capitão, que falhou todas as suas aventuras na Europa (Leverkusen, Everton e Bayern), jogou e fez jogar, e foi a luz da excelente selecção americana. Cherundolo, na lateral direita, ainda é um valor acrescentado, e olhos em Jozy Altidore, o colosso de 20 anos do centro do ataque americano, que já é do Villarreal.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Slap Bet #2

Coreia do Sul - Grécia, 0-1

Argentina - Nigéria, 3-1

Inglaterra - Estados Unidos, 2-1

Foi Assim Que Aconteceu #1

África do Sul - México, 1-1

O resultado é mais surpreendente do que o jogo em si. A África do Sul, em termos de capacidade de explosão no ataque, foi uma descoberta agradável, mas, na essência, o México fez mais do que o necessário para ganhar o jogo. A equipa surgiu, como seria de esperar, muito forte e segura de si, e fez toda uma primeira parte de sufoco ofensivo (em 3-4-3, com um super jogo de laterais, Aguilar e Salcido, e um ataque iluminado pela técnica de Gio e Vela) que, ainda por cima no desastre que é a defesa da África do Sul, só não resultou em golos por milagre. Na 2ª parte é que, inexplicavelmente, a equipa adormeceu, e aí, uma África do Sul até então inofensiva, começou a explorar as costas da defesa a 3 mexicana, ao ponto de fazer o 1-0. Uma pedrada no charco no jogo até então. Depois até foi a África do Sul quem esteve mais perto do 2-0, mas o empate, garantido por Rafa Márquez, foi mais do que justificado.

Jogadores:
México - o MVP foi o Giovanni dos Santos. Ao nível dos tempos no Barça, foi todo um manual de futebol perfumado, de técnica pura, que esteve em quase todos os grandes lances mexicanos do jogo. Na retina, além do grande jogo do capitão Torrado (inteligente e equilibrado, é a luz do meio-campo mexicano), ficou o lateral/ala direito Aguilar, senhor duma primeira parte fantástica, e que ainda joga no Cruz Azul local. Sinal menos para o Guille Franco, muito perdulário, e para o deus nos acuda que é o guarda-redes Óscar Pérez, a grande distância, o ponto mais fraco da equipa.

África do Sul - Depois da primeira-parte, parecia necessário um milagre para ver qualquer coisa. E se a África do Sul esteve tão perto da vitória, a culpa foi, acima de todos, do pique impressionante e do acerto técnico de Tshabalala, um extremo canhoto muito maior do que a Liga Sul Africana onde ainda joga.

Uruguai - França, 0-0

Sem surpresas. Jogo paupérrimo da França, pese o melhor pendor ofensivo que podia ter valido a vitória. Uma equipa sem ideias, seca, na linha do que já se esperava. Desiludiu-me um pouco o Uruguai, apesar de estar consciente da inexperiência a este nível da equipa, que, num esquema de 3 defesas, e com o Forlán e o Suárez na frente, produziu muito pouco. Duas equipas esgotadas, com o seu quê de conformismo e auto-consciência da pouca vivacidade.

Jogadores:
Sem ninguém se ter destacado especialmente, Dieguito Forlán terá sido o mais inconformado, e o jogador mais em jogo perto das áreas.

Grupo A

Mantenho que o México é favorito a ganhar o grupo. E, se fosse pelo exemplo de hoje, era a África do Sul, pese todas as fragilidades defensivas, quem seguiria em frente. Contudo, como é óbvio, a rodagem francesa tem muitas condições para ter uma palavra a dizer nestas contas. O Uruguai, pela amostra de hoje, parece ter muito poucos argumentos para a luta.

Moon


Moon é um filme redundante e superficial. Alimenta-se duma certa poesia inerente ao conceito que ilustra, mas nunca consegue deixar de ser um filme fechado sobre si, pouco apelativo visualmente, e pouco criativo nas premissas, e no contexto tecnológico e futurista que aborda. Tem períodos estranhos, e tem pouco de cativante, apesar de, a partir lá do meio (que a primeira metade é francamente penosa), ter um ou outro momento mais polido a nível emocional. A acção, parada por natureza, é abrupta nos modos, quer ao tentar mostrar como consciencializado algo que nunca o seria com tal ligeireza, quer, paralelamente, ao não explorar o dilema moral das questões que levanta. O fim é só mais um trecho pouco imaginativo, e completa a sensação de que muita coisa ali parece ter sido feita à pressa, ou subjugada por questões estéticas.

Sam Rockwell (em grande no The Green Mile e em Frost/Nixon, vergado no mais recente Iron Man 2) não tem um mau papel, mas teria convindo mais expressividade e mais nervo, a uma performance que é praticamente um solo.

Sem ser lixo, o facto de Moon só durar 1h30 será uma das suas maiores vantagens.

Ke Nako! (se eu não fizesse um título com isto, não tinha moral para tecer uma palavra sobre o Mundial)


Slap Bet #1

África do Sul - México, 1-3

Uruguai - França, 1-1

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ár-rren-ti-na (ou como torcer por Maradona é, simplesmente, uma questão de fé)

"Argentina, Argentina. Vinte anos depois, El Pibe tem nas suas mãos a hipótese de esquecer as lágrimas da final perdida contra a Alemanha no Mundial de 90. O tri, que todos os portugueses bons chefes de família esperam, está a um passo curto que se dança sobre a corda da, digamos, pouca apetência de Maradona para o cargo de treinador. Compensa com o génio estapafúrdio de um louco, as suas tiradas e a fé ilimitada na vontade e no talento dos jogadores que dirige. Continua a ser maior do que aquilo que faz, bigger than life, como se costuma dizer. O que Messi nunca será. O puto que faz anúncios a batatas fritas, dono de um carisma próximo de zero (na escala Pedro Granger), tem de ser mesmo muito, muito bom para ficar na história. Ser melhor do que Maradona pode não chegar, e esta é primeira prova de fogo: o Mundial jogado longe da cama quentinha do Barça e dos magníficos centro-campistas da cantera (Xavi, Iniesta, Pedro."

tudo via Arrastão

Isto é só para assustar, a partir de amanhã somos todos civilizados outra vez

"Um grupo de jornalistas portugueses e espanhóis que cobrem o Mundial da África do Sul foi vítima de um assalto e teve roubados seus computadores e câmeras por um grupo de homens armados em seu hotel nos arredores de Johannesburgo, anunciou polícia." (afp)

"A polícia sul-africana revelou esta quinta-feira que houve um roubo no hotel da selecção da Grécia, nomeadamente no quarto de três jogadores, em Umhlanga." (a bola)

"Quatro jornalistas chineses foram assaltados na África do Sul, segundo informação do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, citado pela agência Efe." (maisfutebol)

A masterpiece


Shutter Island é um dos filmes mais extraordinários que já vi. É tão perturbadoramente bom, que, mesmo tendo acabado de vê-lo, é-me difícil escrever sobre ele. Shutter Island rompe quase todos os cânones de densidade, de complexidade e de nervo de um thriller, de um drama, ou do cinema em geral, sendo uma obra monstruosa, à qual não falta nada, desde os mais inesperados twists and turns, e deus sabe como é difícil eles serem tão perfeitos, a um argumento verdadeiramente de tirar o fôlego, incrível (baseado no livro dum senhor chamado Dennis Lehane, também autor, imagine-se, do extraordinário Mystic River), aos quais se juntam a realização do Scorsese, esmagadora em todos os pormenores, o show do Di Caprio (talvez, hoje, o melhor do mundo), e até os 5 minutos de cena do Jackie Haley (o Rorschach de Watchmen), numa lista que podia continuar e continuar.

Shutter Island é um filme sobre a mente humana. Fala de traumas, e de como eles nos podem perseguir a todos, independentemente de quem formos, para nos ultrapassarem e nos vergarem, inapelavelmente. Trata o perturbador mundo da psiquiatria, para abordar a realidade e tudo o que nos ultrapassa, e, ainda assim, fala sobre lucidez, segundos de lucidez, sobre o âmago, e sobre o extremo sacrifício que leva às verdadeiras vitórias. É um filme sobre o que somos, sobre o que sabemos que somos, e sobre tudo o que não podemos dominar. E, acima de tudo, sobre consciência. Mesmo que de uma centelha, sobre consciência.

Provavelmente não dará para perceber muito do que é Shutter Island pelo que acabei de escrever, mas nem eu terei percebido, ainda, o verdadeiro alcance do filme de Scorsese. Garanto, no entanto, que vê-lo, será, muito provavelmente, a melhor opção cinematográfica que vão tomar este ano. Mais do que como um ensaio moral ou reflexivo, pela verdadeira obra-de-arte que é.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Considerações divagantes sobre toda uma parafernália que não me vai dar um bom estágio

Podia estar a escrever sobre assistência de realização ou sobre visualização de informação 3D? Poder, podia. Mas o Mundial tem mais piada:

Portugal
Pese a grosseira falta de carisma do Queiroz, pese as hesitações, as más opções e a falta de agilidade no banco, é daquelas coisas em que é difícil ser razoável. Com todas as fraquezas, não consigo deixar de acreditar que as coisas vão correr bem na África do Sul, mesmo contra a maioria das expectativas. Sendo rigoroso o mais possível, digo que há um objectivo essencial: passar a fase de grupos. Menos do que isso será um falhanço rotundo e, mesmo incluídos no grupo da morte, é algo em relação ao qual não há nada a contemporizar. Depois disso, é toda uma nova realidade, com a eliminação directa e os jogos que chegam à pele. Em princípio, admitindo que não ganhamos o grupo ao Brasil, o adversário mais provável nos oitavos é a Espanha, e, contra a melhor selecção do Mundo, não somos favoritos. É onde o jogo vai entrar na dimensão mais emocional e onde, lucidamente, é injusto exigir mais. Sem que isso seja sinónimo de pensar pequeno, uma passagem aos quartos já seria sinónimo de um grande Mundial.

Os Favoritos
Não fosse o histórico passado derrotista, e os favoritos claros seriam a Espanha e a Inglaterra. Os campeões da Europa e a nova selecção de Capello foram quem teve os últimos 2 anos mais consistentes, quem jogou mais e melhor, e quem chega à África do Sul mais cheio de si. Ainda assim, é deslocado da realidade não incluir no lote a Alemanha, a Itália e o Brasil. Os dois primeiros, porque estão condenados a ter resultados (a Alemanha, apesar das lesões, chega saudável, depois duma qualificação fantástica; a Itália, mesmo com a má preparação, tem o velho Lippi de volta ao banco), e o Brasil porque, apesar da perturbadora falta de individualidades (em relação a 2006 não estão Ronaldo, Adriano e Ronaldinho...), surge como uma equipa muito equilibrada, disciplinada e coesa mentalmente (mérito de Dunga).

As Desilusões
Se não puder ser para Portugal, gostava muito que fosse para a Argentina e para Maradona. Mas, tal como denunciam opções como a exclusão de Zanetti e Cambiasso, e apesar de ser, individualmente, a selecção mais rica do Mundial (a uma distância abissal o melhor ataque), não me parece que a alviceleste tenha nada parecido a estofo de campeã. A qualificação falou por si e, apesar da qualidade individual e da alma de Maradona, o fôlego parece-me curto. A favor está contudo, o calendário: até às meias, o emparelhamento é com o grupo encabeçado pela França, pelo que o caminho está muito pouco dificultado. E também, verdade seja dita, não foi com o método de Bielsa e Pekerman, nos últimos dois Mundiais, que houve resultados.

A França, pese o que já fez Domenech em condições parecidas, parece uma simples crónica de morte anunciada. A selecção chega gasta (Henry, Ribéry, o play-off com a Irlanda) e já a própria preparação soa a morte lenta. Duvido que dê sequer para ganhar o grupo.

Desilusão, se é que lhe podemos chamar isso, também me parece ir ser a maior participação africana da História, no primeiro Mundial africano da História. A Argélia e a África do Sul são muito desconfiáveis (pese os bons resultados que Parreira tem conseguido na preparação), os históricos Nigéria (que tem o maior potencial de todos) e Camarões autênticos exércitos desgovernados, e a Costa do Marfim não é uma selecção com sorte. Talvez o Gana, mas o grupo (Alemanha, Sérvia, Austrália) é muito competitivo, e a orfandade de Essien não ajuda. Parece-me que caem todos à primeira.

As Apostas
Tenho expectativas tremendas para o Chile. A preparação tem sido fantástica, e chega-se com grande espírito ao Mundial. O ataque é um must (Mark González, Valdivia, Suazo, Alexis Sanchéz, até um transfigurado Mati Fernández) e, no banco, está um velho caminhante argentino, um ancião das Selecções, Marcelo Bielsa. Acredito no sucesso, ainda que, a passar, apanhe Brasil ou Portugal.

Também acho que o México vai fazer boa figura. É uma equipa com mentalidade europeia, tradicionalmente muito equilibrada, e com vários miúdos de valor (Gio, Vela, Guardado).

A Holanda nem é uma grande aposta, nem uma desilusão. Mas não está nos favoritos, como se aventa por aí. É uma Selecção que, à nossa imagem, tem grandes jogadores, que, num dia bom, pode ganhar a qualquer um, mas que está condenada a ir para o espectáculo. Merece todo o meu respeito, e acredito que pode eliminar algum dos nomes grandes.

Pessoalmente, ainda que não lhe faça muita fé, também gostava que o Uruguai desse cartas, que é outra das selecções que admiro e que quase nunca anda por aí. Chega à África do Sul com o monstro Forlán a ter a UEFA no bolso, e com o Suárez a ter marcado 35 golos no Ajax. Mas, apesar da crise francesa, o grupo não é fácil para quem é quase um rookie. Numa de long shots, também gostava de ver a Nigéria e o seu ataque supersónico (Martins, Obinna, Uche, Utaka, Odemwingie) a fazer qualquer coisa. Mas é tudo muito improvável.

Final Four
Aposto num Argentina-Inglaterra e num Holanda-Brasil. Inglaterra-Brasil para a final. E ganha o Capello.