Não é novidade que, além de me ter oposto a ambos nas eleições recentes, também não gosto de nenhum deles. Não por alguma quezília em particular, mas pelo passado e pela repetida postura em questões atrás de questões. Passos Coelho foi nado na JSD, e criado do berço para chegar onde chegou. Poucas coisas me repugnarão mais em política. Tornou-se primeiro-ministro sem qualquer currículo de relevo, absolutamente mal rodeado e com ideias perigosas no meio da sua desorientação. Cavaco Silva é tudo o que a política tem de mau. É o homem que mandou neste país em 15 dos últimos 25 anos, sendo obviamente um dos mais grosseiros culpados do estado a que se chegou, mas que continua mesmo assim, em todas as oportunidades, a menosprezar essa abominável "classe política" da qual ele, cidadão-intelectual-professor, evidentemente não faz parte. Cavaco é o anti-carisma em pessoa, o presidente que só é competente porque nada faz e honesto porque nada diz, que vive para se proteger e que falha em todos os momentos que se impõem.
Nos tempos em que o buraco da Madeira é mais do que a ordem do dia, era inevitável que as duas mais importantes figuras de Estado se pronunciassem. Até porque são, imagine-se, dois figurões do partido do cacique em questão. E é aqui que faço a minha ressalva.
Na sua primeira grande entrevista como Primeiro-Ministro, Passos Coelho comportou-se como um. Claro que gostava de tê-lo visto passar a certidão de óbito a Jardim em directo, ter dito que por ele era outro o candidato do PSD na Madeira e que incentivava os madeirenses a não votarem nele, mas a política não é assim. E, no que poderia ser a sua posição, Passos foi absolutamente exemplar.
Disse que não fará campanha com Jardim nas Regionais porque a irresponsabilidade deste foi inadmissível, e um PM não pode sancionar esse tipo de comportamento. Disse que tudo isto tem custos reforçados no momento em que se vive, que é uma vergonha a nível internacional e que nunca poderia ter acontecido. E defendeu, sobretudo, que casos como este não podem de maneira alguma ficar sem responsabilização, tal como que o desenvolvimento da Região não justifica de maneira alguma uma aberração como esta.
Passos ganhou o meu respeito. No momento em que tinha de tomar uma posição, fê-lo com todas as letras, arrasando as falácias jardinistas e traçando a linha que se exigia. Pode até parecer pouco, mas facto é que nenhum antes dele o tinha feito e, simbolicamente, é imenso. Jardim perdeu a cobertura do seu próprio líder, e chegará mais sozinho do que nunca às eleições.
Ao mesmo tempo, temos o oposto. Em três semanas com o buraco na ordem do dia, a crescer nos jornais todas as manhãs, a única coisa que ouvimos do Presidente da República foram umas sibilantes linhas a dizer que a situação afecta a credibilidade do país e não pode repetir-se. Num momento de crise aberta, o garante do bom funcionamento do Estado voltou a comportar-se como o rato que sempre foi, recusando-se a tomar uma posição de força ou sequer a fazer uma mísera comunicação ao país. Preferiu andar a semana escondido nos Açores, a ver se se esquecem dele, no abissal vazio político que é.
Até para ele, passar por isto sem abrir a boca é desolador. Como um dia disse Daniel Oliveira, Cavaco "é a política em tudo o que ela falhou, o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos."
Nos tempos em que o buraco da Madeira é mais do que a ordem do dia, era inevitável que as duas mais importantes figuras de Estado se pronunciassem. Até porque são, imagine-se, dois figurões do partido do cacique em questão. E é aqui que faço a minha ressalva.
Na sua primeira grande entrevista como Primeiro-Ministro, Passos Coelho comportou-se como um. Claro que gostava de tê-lo visto passar a certidão de óbito a Jardim em directo, ter dito que por ele era outro o candidato do PSD na Madeira e que incentivava os madeirenses a não votarem nele, mas a política não é assim. E, no que poderia ser a sua posição, Passos foi absolutamente exemplar.
Disse que não fará campanha com Jardim nas Regionais porque a irresponsabilidade deste foi inadmissível, e um PM não pode sancionar esse tipo de comportamento. Disse que tudo isto tem custos reforçados no momento em que se vive, que é uma vergonha a nível internacional e que nunca poderia ter acontecido. E defendeu, sobretudo, que casos como este não podem de maneira alguma ficar sem responsabilização, tal como que o desenvolvimento da Região não justifica de maneira alguma uma aberração como esta.
Passos ganhou o meu respeito. No momento em que tinha de tomar uma posição, fê-lo com todas as letras, arrasando as falácias jardinistas e traçando a linha que se exigia. Pode até parecer pouco, mas facto é que nenhum antes dele o tinha feito e, simbolicamente, é imenso. Jardim perdeu a cobertura do seu próprio líder, e chegará mais sozinho do que nunca às eleições.
Ao mesmo tempo, temos o oposto. Em três semanas com o buraco na ordem do dia, a crescer nos jornais todas as manhãs, a única coisa que ouvimos do Presidente da República foram umas sibilantes linhas a dizer que a situação afecta a credibilidade do país e não pode repetir-se. Num momento de crise aberta, o garante do bom funcionamento do Estado voltou a comportar-se como o rato que sempre foi, recusando-se a tomar uma posição de força ou sequer a fazer uma mísera comunicação ao país. Preferiu andar a semana escondido nos Açores, a ver se se esquecem dele, no abissal vazio político que é.
Até para ele, passar por isto sem abrir a boca é desolador. Como um dia disse Daniel Oliveira, Cavaco "é a política em tudo o que ela falhou, o símbolo mais evidente de tantos anos perdidos."
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