sábado, 20 de junho de 2009

On the streets of Rio only the elite survive


"- Quem matou esse cara? Quem matou?
- Eu não sei!
- Sabe sim quem matou! Pode falar!
- Foi um de vocês aí.
- Um de vocês, o caralho! Quem matou esse cara foi você. É você que financia essa merda aqui, maconheiro de merda!"

Decidi ver este Tropa de Elite com um pé atrás. É que, nos tempos em que ainda comprava DVD's a ver se eram bons, não resisti um dia a juntar à colecção um tal de Cidade de Deus, fenónemo de popularidade, com um avassalador 8.8 do IMDB, e nomeações para Melhor Realizador e Melhor Argumento Adaptado... e a coisa não me saíu pela certa. Não é que o filme seja mau mas, para as expectativas que tinha, roçou-me a desilusão. É um filme que se foca na favela, mas que não consegue ir muito para além disso, que, apesar do bom retrato, e de no fundo cumprir aquilo a que se propõe, me pareceu um filme limitado para aquilo que podia ter sido. Além de que não consegue ter cadência para ser interessante e nos prender a tempo inteiro. A associação com o Tropa de Elite, a última pérola do cinema brasileiro, vencedor do Urso de Ouro em Berlim, foi, então, inevitável. De qualquer maneira, verdade é que a desconfiança não durou muito.

Este Tropa de Elite é um filme sobre a criminalidade no Rio, sim. E sobre a favela, também. Mas é muito mais que isso. Desde logo, porque se propõe a abordar a questão do lado da polícia. Em vez de quase só constatar, de observar, é um filme que se propõe a reflectir. Sobre o sistema e sobre o porquê da situação ter chegado onde chegou. E sobre os que escapam ao polvo. Ou, pelo menos, sobre os que tentam. Sobre a BOPE, a tal Elite, grupo criado com o único propósito de agir na favela, que desenvolve um trabalho monstruoso que é reconhecido a nível mundial, mas que, como se descreve no próprio filme, é olhado com desconfiança e desprezo, até, pelos próprios brasileiros. É um filme sobre violência sem ser violento, desenhado à volta dum muito consistente drama pessoal e com um prestação muito muito forte de Wagner Moura, um velho conhecido das coisas da Globo que nos vão chegando. Francamente recomendado.

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