sábado, 30 de janeiro de 2010

É banir para sempre esses pussies!

"Issa Hayatou, presidente da Confederação Africana de Futebol, anunciou, este sábado, que a selecção do Togo está impedida de participar nas duas próximas edições do Campeonato Africano das Nações (CAN). A decisão de suspender o Togo foi tomada devido à «interferência do Governo» daquele país, que levou a retirada da equipa do CAN2010, que está a decorrer em Angola."

in A BOLA online

Como toda a gente sabe, foram assassinadas 3 pessoas da comitiva do Togo que foi à Taça das Nações Africanas 2010, num ataque terrorista. Também as que sobreviveram, foram submetidas a uma violência psicológica tal, que nunca vão esquecer, por muitos anos que vivam. O governo angolano, que tinha a obrigação de garantir a segurança da competição, mas ainda assim assumiu que era viável ter um estádio e um pólo da CAN num enclave político perfeitamente explosivo, determinou que, apesar de tudo, o início desta não era adiável, e a selecção do Togo, como qualquer delegação com respeito e dignidade por si própria, desistiu da competição.

Hoje, enquanto as pessoas com um mínimo de vergonha na cara tentam esquecer o que aconteceu, a Confederação Africana de Futebol achou por bem anunciar que o Togo está banido, durante 8 anos, da maior prova futebolística do continente, porque o próprio Governo togolês interveio na situação, e ordenou que a comitiva saísse de Angola. Aparentemente, a CAF acha que não há justificação para uma intervenção política quando, afinal de contas, só foram abatidos um par de gajos (ainda que duma delegação oficial). Isso não foi mais do que uma intromissão no reinado jurídico da FIFA, o que, como todos deviam saber, não é admissível. É assim mesmo, pô-los no seu lugar. Agora é Mr. Blatter vir dizer que, em caso de merda na África do Sul, ai de quem fuja, só porque teve o seu Ronaldo ou o seu Messi morto a tiro. Afinal de contas, é para isso que as convocatórias são de 23, não há razão para meter diplomacias ao barulho. Ao menos já íamos todos para lá avisados.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A odiosa República a sufocar as Finanças Regionais, só porque o Tio Alberto está a dever uns trocos

"É uma bomba. Um estudo desenvolvido pelo BPI veio tornar público que a dívida pública da Madeira é duas vezes superior ao valor que até a data era conhecido. Porque se o governo inscrevia nas suas contas mil milhões de euros de passivos bancários - dívida directa - e cerca de 1.200 milhões de garantias financeiras (dívida indirecta), sabe-se agora que esse valor não traduz a totalidade das dívidas à banca, pelo que deverão existir mil milhões de euros que não estão avalizados pela Região.

(...)
Contabilizados todos os passivos bancários, os empréstimos feitos, pode-se concluir que o Governo Regional, as onze câmaras municipais, as trinta e cinco empresas públicas/participadas e equiparadas, bem como os encargos com a Vialitoral, ViaExpreso e ViaMadeira totalizam 4.600 milhões de euros (cinco vezes mais do que os Açores)"
in Diário de Notícias Madeira

domingo, 24 de janeiro de 2010

Começou a Oscar Season


E começou muito bem. Up in the air é um filme, tal como as nomeações várias e o Globo de Ouro já largamente sugeriam, de um argumento transbordante, criativo e de temática fora do comum, capaz de aliar a si próprio uma tremenda riqueza de personagens. Temos uma Anna Kendrick competente, estilizada no papel, uma Vera Farmiga sedutora, que prende ao ecrã mas, acima de todos, o Clooney a grande altura, em mais um papel, pós-Michael Clayton, duma densidade espantosa. A isso junta-lhe, cada vez mais, diria, uma espécie de assinatura, um charme e uma presença tão próprias no papel, que obriga a pensar que este Ryan Bingham só poderia mesmo ser feito por ele. Obrigatório é, também, falar aqui do senhor que deu vida a uma pequena pérola chamada Juno e que, agora, não só realizou, mas ainda escreveu este Up in the air. Jason Reitman, argumento divino à parte, criou uma obra muito bem filmada, composta de uma maneira calma e aversa ao despacho, cheia de cor e duma frescura que quase disfarça a dureza que carrega o próprio filme.

Up in the air é um filme sobre relações, sobre um homem cujo trabalho é lidar com pessoas num dos piores dias das suas vidas (Clooney é empregado duma empresa que dirige despedimentos de funcionários de anos), um homem com presença de espírito e sensibilidade suficientes para ser bem sucedido nesse trabalho, mas que é um eremita ele próprio, incapaz de estar com alguém, e protegido por uns perturbadores 300 dias de viagem por ano, na sua espiral de trabalho. É a estória dalguém sem um verdadeiro lar, cujo mais próximo que tinha disso eram as maratonas em aeroportos e no ar, os cartões de milhas e os hotéis, alguém que acreditava em estereótipos e mantinha as pessoas longe, porque já não sabia viver de outra maneira. A estória de alguém que, no entanto, acreditou que podia mudar.

Francamente recomendado.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Muito muito

«O Messi é o melhor jogador do mundo. E para superares alguém como o Cristiano Ronaldo tens de ser muito, muito bom»

Maradona, in maisfutebol

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A diferença entre os Globos e os Óscares, é que os Óscares são quando eu não tenho nada para fazer

Não vi os Globos de Ouro. Sabia a data, estava a salivar pela transmissão, podia ter visto, mas a vida de faculdade às vezes é fodida, e a ressaca de 14 horas de trabalho seguidas em cima duma merda que eu nunca deveria ter de saber fazer, arruína a vontade de qualquer um. Não que vos interesse, mas dormi como um desalmado enquando a cerimónia decorria, o que não invalida que agora me ponha aqui a disparar os bitaites do costume. Vale a pena atacar, já, o prato principal, sem se pôr com essas mariquices do suspense: eu não vi 3 dos 5 nomeados para melhor filme (prometo que, nos Óscares, vou ter uma preparação sólida e sustentada, antes de andar aqui a dizer merdas), mas não posso concordar com a vitória do Avatar. Como escrevi, na altura, o Avatar é uma experiência cinematográfica fantástica e merece ser enaltecido como uma grande obra, na sua vertente de cinema-espectáculo, mas é preciso, mesmo frente à febre dos números e ao fenómeno Cameron, saber distinguir as coisas. O Avatar é um filme muito pobre a nível de argumento e isso não se pode mascarar, mudar ou esconder. E um filme muito pobre a nível de argumento, não pode ganhar "o" Globo de Ouro. É injusto e é uma visão enviesada dos princípios que deveriam conduzir cerimónias destas, além de ser um mau indício para os Óscares. De resto, vou ali dar uma salva de fogo pela vitória do PORTENTOSO Hangover, como Musical ou Comédia, uma vitória indiscutível e justíssima duma comédia pura e dura, sem contemplações, um tipo de comédias que deveria encontrar mais espaço e mais reconhecimento a este nível. Nos prémios individuais, e reparem na minha merda de desconhecimento, fiquei feliz da vida, também, com a vitória do Jeff Bridges, pelo Crazy Heart (e o filme ainda ganhou Melhor Música!), pelo qual estou a salivar há semanas, apesar, ou também porque, (ainda não decidi a locução adverbial, se isto forem advérbios) da coisa estar revestida dum "isto é tudo igual ao The Wrestler" (e o The Wrestler foi o meu filme do ano do ano passado, ex aequo com o Dark Knight). O Downey Jr. e o Christopher Waltz (estes eu vi!!!) ganharam muito bem Actor Comédia e Actor Secundário, e, no fundo, apesar duma grande desconfiança, achei piada à Bullock ter ganho um prémio Drama, apesar de muito provavelmente ter feito uma merdinha qualquer e não o merecer. Melhor Animação, obviamente ganhou o Up, como não era concebível que não ganhasse, e o Cameron, voltando, nesta salssada em que eu tornei o post, aos prémios principais, ganhou Realizador, aqui, sublinho, de maneira perfeitamente justa, pelo que está dele no Avatar. Ah, e melhor argumento foi para o já muito elogiado Up in the Air, um dos meus must-see a muito curto prazo. E é isto. Agora vou ver filmes, em vez de estar para aqui à mete-nojo só a falar deles.

Welcome back, Dinho

sábado, 16 de janeiro de 2010

O poeta, naturalmente

«O que venho aqui anunciar-vos é que estou disponível para esse combate»
Manuel Alegre, in DN online

Gosto do Manuel Alegre. Não sei se é demasido esquerdista para assumir o cargo e nem sei se o PS o vai apoiar, mas torço para que sim. Não me revejo nalguém que não tem figura e que tem dificuldade em falar às pessoas, nalguém que tem um pudor tremendo em lhe conhecermos a opinião e que gere com muito pouca credibilidade as situações complicadas. Olho para o Manuel Alegre e vejo, pelo contrário, um homem de ideias, um lutador, alguém que se assumiu, por mérito próprio, como uma das figuras da nossa Democracia. Alguém que sempre acreditou neste país. Vejo, nele, a empatia dum líder, e vejo, no fundo, alguém que representa aquilo que a política devia ser, muito para além dos cursos e das jotas e da economia e da tecnocracia. Gosto do Manuel Alegre. E gostava, sinceramente, que ele fosse o meu Presidente da República.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Isto é só coisas giras

"Individualmente, o Jornal da Madeira distingue-se do cenário médio regional, por privilegiar fontes do Poder Regional, o que, a juntar aos altos valores de Cobertura Induzida, coloca o jornal mais próximo das Fontes Oficiais e do Poder instituído e, por inerência, menos comprometido em desenvolver investigação por si. Já o Diário de Notícias Madeira, caracteriza-se pela preferência por Fontes Não Oficiais, situação que, aliada aos interessantes valores comparativos de fontes do sexo feminino e de Deep Backgrounds, e, ainda, aos valores consistentes de Cobertura por Iniciativa e à média de fontes por notícia, o coloca como o jornal diário madeirense mais distante dos círculos do Poder e com uma cobertura mais independente e pluralista."

Conclusões de "As Fontes na Imprensa Diária Madeirense: Análise ao Jornal da Madeira e ao Diário de Notícias Madeira", feito em conjunto com a Bochechas, para Relações Públicas

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Um filme giro


Vi agora que a Kristen Stewart e o Jesse Eisenberg foram nomeados, nos BAFTA, para estrelas em ascensão do ano, portanto acho que é justo falar aqui do Adventureland. É um romance com gosto a comédia, como tantos outros, até discreto, apesar de ser do realizador do overrated superbad e de ter no elenco o Ryan Reynolds e a menina do Twilight, mas é um filme, acima de tudo, leve, com o seu quê de particular, e com piada, bem feito. É um filme de uma cor muito própria, enleante, não necessariamente imprevisível, mas sempre bem levado, com o Eisenberg a dar um show de todo o tamanho (tenho de ver esse faladíssimo Zombieland), e a Stewart a mostrar, a pouco e pouco, um certo encaixe para lá dos grandes ecrãs e dos blockbusters. No resto, num elenco consistente, era injusto não falar dum miúdo de 23 anos, chamado Matt Bush, que leva às costas as maiores gargalhadas do filme (entrou este ano numa merdosca qualquer chamada Halloween II e entra, para o ano, no próximo High School Musical, portanto é vê-lo aqui sem reencontro próximo).

Adventureland é, no fundo, um filme bem escrito, o que não é assim tão comum, no género (e como é reconfortante encontrar um, de vez em quando), qualquer coisa bem idealizada sem precisar de ser inovadora, ou o que seja. É que, mesmo sem ter nada fora do normal, o filme distingue-se pela sua leveza cativante, e, injusto não sublinhar, se calhar, o mais raro de tudo, por momentos genuínos de bom humor, possivelmente os maiores animais em extinção no mundo das comédias românticas. Merece ser visto.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

domingo, 10 de janeiro de 2010

Em tempo de crónicas, a devida vénia

"Com que então, morreu António Sérgio. Ora muito obrigado. Obrigado, Deus, por teres decidido. E obrigado, António, por te teres deixado levar. Veio mesmo a calhar a tua morte. O teu trabalho aqui na terra estava mais do que acabado e, graças a Deus, há centenas de novos Antónios Sérgios para te substituir. Que grande pontaria.

O que andam vocês todos a tramar na afterlife? A afterlife é a mais cool de todas as after hours. Não é música toda a noite e todo o dia: é música toda a cabrona da eternidade. Já lá estava uma redacção de sonho: o Rolo Duarte, o Fernando Assis Pacheco, o Cáceres Monteiro, o Manuel Beça Múrias, o Afonso Praça, a Edite Soeiro, o Eduardo Guerra Carneiro. Com uns colaboradores que já não existem e cujos nomes são tantos e tão grandes que não nomeio sequer um, com medo de vos deprimir com a comparação com a lista dos que ficámos vivos.

Que jornal, que revista, que estação de rádio estão vocês a fazer aí no pós-vida? Não lá em cima, no céu, mas aqui ao lado, paralelamente, no after, no depois, no enquanto estamos a dormir e a viver.

A morte de tanta gente boa faz-me acreditar que, quando cada um de nós morrer, seremos bem recebidos. Haverá bons inéditos, bons jornais, boa música, bom cinema. Imaginem só Bach, Wagner, John Lennon, Ian Curtis, Stockhausen – e, para apreciar e descobrir o resultado, António Sérgio.

Como sempre, adiantaste-te. E nós vamos atrás de ti. Está certo. Foi sempre assim."

Miguel Esteves Cardoso, no Público, 4 de Novembro de 2009

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Avatar


Não me lembro de nenhum outro filme ter gerado tanta expectativa. Desde os anos no intervalo do Titanic, ao Cameron a dizer que os cinemas não iam estar preparados para o seu próximo filme, desde a convicção de que ia mudar o mundo do cinema, até à estreia avassaladora, tudo contribuíu para a lenda. Na construção do meu próprio mito pessoal, contou também o facto de, pela primeira vez, ter ficado duas vezes à parte duma sessão, com um esgotado à minha frente. A expectativa só podia ser proporcional a tudo isto.

Vale a pena dizer, desde já, que, ao contrário do que já vi em muitos bons sítios, este não é o apelidado filme da década. Pese os muitos predicados, que os tem, o Avatar é um filme globalmente pobre a nível de argumento, pouco criativo e previsível até, nesse campo. Talvez o filme não tenha sido feito para vender pela estória, tal é a riqueza a outros níveis, e talvez o argumento seja tão leve, tão senso comum (cheirinho entre Pocahontas e O Último Samurai), de propósito, mas nenhum filme, por mais revolucionário que seja capaz de se apresentar, pode chegar a certos patamares a descurar o argumento. Só com os pés assentes nisto, é que há lucidez para analisar o resto.

Esse "resto", como espectáculo em si, é provavelmente a melhor experiência cinematográfica pela qual já passei. O que falta ao Cameron em densidade de trama, compensa-o ele em contexto e envolvência de ambiente, numa espiral de criatividade, essa sim, verdadeiramente fora do normal. Os bonecos são incríveis na sua componente emocional (a Neytiri, da Zoe Saldana, é expressivamente arrepiante), a abrangência do mundo idealizado é quase Tolkienesca, à sua dimensão, e observar, com óculos 3D, toda a profusão de efeitos especiais, banhados na floresta dum admirável mundo novo, chega a ser perturbador. Este Avatar é um filme imenso, muitas vezes de encher o peito, e um verdadeiro groundbraking no que aos efeitos especiais e à ficção científica diz respeito, que vai perdurar na cabeça das pessoas durante muito tempo, tanto como se tornará uma referência para todos quantos quiserem trabalhar no género. É, indubitavelmente, um dos filmes do ano, e teria de estar numa selecção da década, se esta existisse. Só não deu, e não sejamos injustos ao acreditar que isto é avaliá-lo por baixo, para chegar ao lugar onde vivem os melhores de sempre.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A lacrimejante beleza duma redescoberta

Pensamento do Dia #1

"Three hundred lives of men I have walked this earth and now I have no time"

Gandalf (Ian McKellen), in The Lord of the Rings: The Two Towers