Tenho por hábito não gostar de sequelas, pelo que a expectativa para ver o segundo Tropa de Elite era grande. O primeiro ficou-me como um daqueles filmes de culto, e há sempre muito a perder nesta coisa de aproveitar a onda. Depois de visto, o maior elogio que lhe posso fazer é dizer que é tão bom como o primeiro. E isso é um elogio de todo o tamanho.
Depois da vertigem de correr as favelas do Rio de Janeiro com a mira no tráfico de droga, José Padilha deu o salto em frente, e correu um risco grande, mas que também era a única maneira de lhe render um segundo grande filme: mudou o ângulo, da perversidade dos senhores da favela, para uma, digamos, big picture, que passou por encarar, não só a corrupção policial, que já constava no primeiro, mas agora os meandros da política.
Claro que ligar a política à corrupção não é um tema inovador, mas, na linha do primeiro, a chave do novo Tropa de Elite é a insinuante colagem desse conceito de corrupção à própria realidade brasileira das coisas, que todos mais ou menos reconhecem. É este o mote da acção. A podridão da máquina já todos vimos, muitas vezes e em muitos lugares, mas a beleza da trama é o despudor com que se desconstrói uma realidade adquirida, como a do caso grave das favelas brasileiras.
José Padilha escreveu o argumento e filmou com a violência cativante que já lhe tínhamos visto no primeiro filme, com aquele nervo muito particular, que nos cola à cadeira e nos faz absorver todo poder e todo o frenesim da tela. A narração é um pêndulo de qualidade extrema, que funde a história do protagonista com o resto; o vocabulário, com todo o perfume brasileiro, é um indispensável; e Wagner Moura, se é que ainda era preciso, selou de vez a sua transformação num personagem icónico. De quem se estreou, merece referência o fulgor de Irandhir Santos, um idealista e defensor dos direitos humanos, que assume um equilíbrio muito interessante no desenvolver da acção, e André Mattos, francamente bem conseguido, como lobbyista e deputado federal.
Padilha já garantiu que não vai fazer um terceiro filme e sai, portanto, em grande. Tropa de Elite 2 é um filme tremendo e inspirador, que fecha superiormente uma história sobre expor, com abnegação e coragem, a realidade dum dos maiores países do mundo. E que é, no fundo, a realidade de toda uma máquina promíscua, que não existe só no Brasil. Vai deixar saudades.
Depois da vertigem de correr as favelas do Rio de Janeiro com a mira no tráfico de droga, José Padilha deu o salto em frente, e correu um risco grande, mas que também era a única maneira de lhe render um segundo grande filme: mudou o ângulo, da perversidade dos senhores da favela, para uma, digamos, big picture, que passou por encarar, não só a corrupção policial, que já constava no primeiro, mas agora os meandros da política.
Claro que ligar a política à corrupção não é um tema inovador, mas, na linha do primeiro, a chave do novo Tropa de Elite é a insinuante colagem desse conceito de corrupção à própria realidade brasileira das coisas, que todos mais ou menos reconhecem. É este o mote da acção. A podridão da máquina já todos vimos, muitas vezes e em muitos lugares, mas a beleza da trama é o despudor com que se desconstrói uma realidade adquirida, como a do caso grave das favelas brasileiras.
José Padilha escreveu o argumento e filmou com a violência cativante que já lhe tínhamos visto no primeiro filme, com aquele nervo muito particular, que nos cola à cadeira e nos faz absorver todo poder e todo o frenesim da tela. A narração é um pêndulo de qualidade extrema, que funde a história do protagonista com o resto; o vocabulário, com todo o perfume brasileiro, é um indispensável; e Wagner Moura, se é que ainda era preciso, selou de vez a sua transformação num personagem icónico. De quem se estreou, merece referência o fulgor de Irandhir Santos, um idealista e defensor dos direitos humanos, que assume um equilíbrio muito interessante no desenvolver da acção, e André Mattos, francamente bem conseguido, como lobbyista e deputado federal.
Padilha já garantiu que não vai fazer um terceiro filme e sai, portanto, em grande. Tropa de Elite 2 é um filme tremendo e inspirador, que fecha superiormente uma história sobre expor, com abnegação e coragem, a realidade dum dos maiores países do mundo. E que é, no fundo, a realidade de toda uma máquina promíscua, que não existe só no Brasil. Vai deixar saudades.
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