O dia da Defesa Nacional até tem pinta. Não é o berço de todo o nosso patriotismo e cidadania, mas permite visitar sítios com piada, ouvir um par de histórias de gente interessante e até passar a compreender como é que a coisa funciona. De acordo que isso não é motivador o suficiente para nos prender 8 horas num dia e que muito daquilo é chato e inútil, mas vá lá, se a coisa é obrigatória e antes durava 6 meses, mais vale um gajo não se pôr com merdas.
O que fode o dia da Defesa Nacional é a nossa colorida companhia de viagem. A nossa barulhenta, insuportável e extraordinariamente acéfala companhia de viagem. Na verdade, esta companhia de viagem encerra em si todo um mistério um tanto ou quanto perturbador: não interessa a maneira como ela se eterniza ao longo dos anos, não interessa o quando nem o onde, certo é que, quando for a nossa vez, a tradição vai ser honrada. E lá estavam lá eles hoje, os meus cromos a brilharem na manhã. Quis sabe-se lá o quê que, ao longo do dia, o meu contacto com estas alminhas se tivesse resumido a uma meia dúzia de cruzamentos, mas a verdade é que momentos na presença deles são momentos especiais. E pronto, inspiram um gajo. Entre piadas apalhaçadas, bocas asneironas, escarros no chão, queixas da comida e perguntas tontas, um gajo é todo inspiração.
Portanto, cá vai: o serviço militar devia voltar a ser obrigatório. Sanguinária e violentamente obrigatório. Mas só para quem precisa dele, para quem nunca aprendeu em casa o que se ensina na tropa. É que realmente não vale a pena andar a pagar a recruta a toda a gente. Mas garantir às pessoas o que elas mais precisam é dever do Estado. E 5 semaninhas de recruta era tudo o que estas crianças precisavam.