Uma das coisas que ser adepto de um clube pequeno nos ensina é que, se alguém vai ser beneficiado, esse alguém não seremos certamente nós. Os árbitros podem errar por causa da fruta, por causa de promoções, por quererem beneficiar o seu clube, por não quererem ser comidos no pós-jogo, ou, pura e simplesmente, por serem incompetentes, por tudo e mais alguma coisa, mas o facto é que erram sempre para o mesmo lado. É por isso que é quase inevitável, para adeptos como nós, dos pequenos, não ter um certo gozo quando um dos estarolas, um dos do costume, se vê com razões para chorar a sério. É quase uma materialização do "ladrão que rouba ladrão", um tragozinho de justiça divina, que é reconfortante, por mais insignificante que possa ser. Não escrevo isto, portanto, para lamentar seja de que maneira for a sorte do sporting ontem. Para mim, um anti-grandes convicto, um indiferente em relação a essa praga que devora o futebol português, o jogo de ontem não me dizia nada para além do futebol em si. Digo até que, não fosse o golo escandaloso do Vukcevic em Vila do Conde, talvez o Sporting nem tivesse estado no Algarve ontem.
Só escrevo isto para deixar a minha quota-parte no apedrejamento público dalguém que, há semelhança de tantos outros, durante anos a fio, mesmo com provas sucessivas da sua incompetência, sempre acompanhada da enervante sobranceria saloia, se passeou nos nossos relvados cheio de si, conservando, porventura à custa de muitos relatórios de amigos observadores e dos compadrios típicos do nosso futebolzinho, a imagem íncólume de um dos árbitros FIFA mais distintos do país. Se me perguntarem por um roubo de igreja do senhor Lucílio, é verdade que provavelmente não vos sei dizer. Mas talvez também por isso o caso dele seja tão grave. É que mesmo sem uma marca de morte, a tal que ele é capaz de ter selado ontem, não tenho a mais pequena hesitação em dizer que ele não vale nada. E não é de agora. Claro que amanhã o senhor vai vir dizer que os árbitros também são seres humanos, que, no fundo, não passam de uma profissão amadora e que também têm o direito de falhar, como os treinadores e os jogadores. A questão é que jogadas como a de ontem vão para além disso, fazem-nos questionar como é que alguém falha assim a este nível, como é que alguém pôde lá chegar sendo capaz de tomar decisões tão enviesadas em momentos tão decisivos... e em jogadas que nem forçadamente podem ser consideradas discutíveis.
Enquanto não se puderem exigir responsabilidades, o caminho vai ser sempre este. Sempre redudante, sempre de 1 semana de barulho e 2 de jarra até que exploda mais um escândalo e se volte a perceber que o problema não está resolvido. Pelo menos durante a semana que se seguir. Resta é saber até quando vai haver gente para se chatear.
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