segunda-feira, 23 de março de 2009

O país em que é preciso morrer primeiro

Ou estou muito enganado ou uma certa maioria não gosta dele. Porque é arrogante, claro. Mas também porque é desdenhoso e impertinente. Porque fala de mais e porque atira sobre toda a gente. Porque não se esforça por ser coerente. E também porque teima em gritar aos quatro ventos que é especial. Eu, pelo menos, desconfio que o problema dele é ganhar de mais. O problema dele é ser muito bom no país do mais ou menos, no país em que o suficiente é mais do que suficiente. No país em que quem vai para além disso é todo ele defeitos, num país que faz questão de se colocar na linha da frente para deitar abaixo quem verdadeiramente o honra. Num país que não tolera o sucesso e que, cada vez mais me convenço, não o merece. Num país em que vigora o bota-abaixo e onde as pessoas só prestam depois de enterradas.
Assim, como não podia deixar de ser, na semana em que alguém se lembrou de conceder uma não mais que simbólica homenagem àquele que é, custe a quem custar, o treinador português mais bem sucedido da História, não faltou quem achasse que valia a pena contestar. Um punhado de almas que se faz ouvir por ter Catedrático antes do nome, cuja reputação dificilmente vai para além das 4 paredes da sala de aula mas que, ainda assim, entende que Mourinho não é gajo para receber estas coisas. Até de Bioquímica se ouviu que antes Jesualdo ou Queirós, antes até Vingada, do que Mourinho. Esse não. Não tem anos suficientes. Porque obviamente o reconhecimento não vem do talento e da competência, vem do grosso de anos de trabalho. Se é assim que eles percebem, se é assim que são quem são, só assim é que pode ser.
Enfim, valeu o que valeu, um títulozito pitoresco no DN mais um par de pérolas, tais como "recebi o convite mas claro que não vou". Claro que não. Quando é o Mourinho dá para ver na TV.

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