quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Get busy living or get busy dying


Não sei se o Up é melhor que o Wall-E, porque, sem sequer falar do filme em si, a dimensão do que o Wall-E conseguiu, as fronteiras que abateu no universo dos filmes de Animação, confere-lhe um pedestal permanente. De qualquer maneira, seria muito injusto dizer que o Up é inferior. Será, sobretudo, a extraordinária confirmação da Pixar como uma contadora de estórias ímpar, sempre imparável na sua capacidade para as criar e para se transcender ao fazê-lo. Porque a Pixar não tem assim tanto a ver com efeitos visuais. A Pixar é ter sempre mais uma ideia.

Este Up é um filme essencialmente sobre a vida. Sobre a importância de nunca deixarmos de lhe dar tudo o que temos, de nunca deixarmos de viver. Sobre sermos felizes e ainda irmos a tempo de concretizar um sonho e ainda irmos a tempo de voltar a viver e ainda irmos a tempo de contar uma nova estória. É um filme sobre respeitar a vida, sobre reverenciá-la. No fundo, sobre nunca desistir de viver.

É facto que ainda não foi aqui que a Pixar materializou um filme mais duro, sem o escape do humor (apesar disso não ser um defeito, sublinhe-se, ainda para mais com a qualidade com que se faz), caminho para o qual invariavelmente caminha, e talvez por isso digo que a Pixar ainda não chegou ao seu auge, ainda não fez aquele filme que vai partir tudo, que vai limpar Óscares. Isto não significa que o Up, tal como no ano passado o Wall-E, não seja uma perfeita obra de arte. O apego ao mundo infantil, puro, ainda é incontornável, mas funde-se impossibilidades com poesia, e desenha-se a pequena casa do velhinho Carl perdida num céu de balões e é impossível não ficar esmagado. A simplicidade com que se cria aquilo, qual fábrica de sonhos, com que se vê um arco-íris de balões a invadir um quarto, com que se criam bonecos riquíssimos... tudo aquilo é arte. Não é óbvio, não é seco, e ainda assim, não deixa de ser simples. Arrebatadoramente simples.

P.S. - Admito que a dobragem não sabe tão mal como as dos Harry Potters... mas ainda não me converti.

1 comentário:

k disse...

Yey :D
Vais ser um óptimo crítico de cinema... E melhor ainda, não vais ser um crítico rancorado, mas sim um que sabe elogiar quando é para elogiar!