"I have no choice but to direct my energies toward the acquisiton of fame and fortune. Frankly, I have no taste for either poverty or honest labor, so writing is the only recourse left for me."
Hunter S. Thompson
Sei que 11 contra 11 o Barça não tinha ganho. Sei que um vermelho não é absurdo para a entrada do Pepe, mas também sei que na eliminatória do ano podia haver um pouco mais de pudor ao meter gajos na rua.
Talvez seja só mau perder, mas estou muito consumido para discorrer mais. Já nem com um milagre vai lá.
Abrutalhado, vazio, espalhafatoso, sem ponta de interesse, sem motivações interessantes e sem sequer vontade de fazer uma coisa séria. E, ainda por cima, sem uma unha de piada, apesar da deprimente tentativa de fazer dele uma grande comédia.
Seth Rogen é mau de mais para ser verdade. A sua cruzada desesperada para ser engraçado toca a agonia e a sua falta de carisma é tão absolutamente evidente que Rogen devia agradecer todos os dias o facto de ser o "actor-comediante" mais sobrevalorizado da actualidade. Para mais, conseguiu-se que os outros protagonistas fossem a insossa Cameron Diaz e um tal Jay Chou, que é simplesmente um dos mais populares cantores pop de Taiwan. Pelo filme não era difícil perceber que de actor não havia ali nada.
No meio disto, acaba por dar-se a aberração de estar envolvida gente da qualidade de Christopher Waltz ou Edward James Olmos (o capitão Adama de Battlestar Gallactica), e de haver participações especiais de Tom Wilkinson! e de James Franco, que arranca os únicos três minutos bons de todo o filme.
Num ano que vai ser lembrado pelos filmes de super-heróis, com Thor, Green Lantern, Captain America e X-Men: First Class, não poderia ter começado pior.
Há quase 9 meses considerei-o o melhor guarda-redes do Campeonato do Mundo. Hoje, no dia em que o United varreu o Arena AufSchalke e pôs os dois pés na final de Wembley, o assombroso Manuel Neuer, 25 anos, é bem capaz de ter garantido a sucessão do legado de Van der Sar.
"Mourinho ficará muito contente se o árbitro da meia-final for português"
Guardiola ontem, sobre a indigitação de Pedro Proença para uma das meias-finais da Champions, e em alusão à nomeação de Olegário Benquerença para o Inter-Barça do ano passado, onde os catalães se queixam dum golo em fora-de-jogo
Guardiola até já fala de árbitros. Bastou uma derrota para o filósofo começar a ser assombrado pela comidela do ano passado e disparar em todas as direcções. Se fosse Mourinho era um palhaço, como é o cavalheiro deve ter sido um apontamento irónico com classe. E o pior até nem foi cair a máscara do politicamente correcto: foi Guardiola mandar a boca quando em 95% dos campos da Europa qualquer árbitro é capaz de dar um dedinho para levar o tiki-taka às costas. Que o diga Wenger, espoliado no Camp Nou há dois meses, ou Hiddink, nas doces meias-finais de há dois anos. Ah Pep, e paciência aquilo de não terem conseguido dar a volta ao 3-1 no ano passado, apesar da expulsão anedótica antes da meia-hora.
No fim-de-semana em que o Nápoles meteu o último prego no sonho de voltar a ser o maior do Calcio, o Borussia conseguiu perder em casa do último e atrasar irritantemente o seu regresso aos títulos alemães, 10 anos depois. Valha o futebol a rodos espalhado pela "equipa B" do Real no Mestalla. E o regresso dum Kaká de outros tempos.
Festejei do fundo do âmago a vitória de hoje na Taça do Rei.
Custa a explicar, mas é algures um misto entre idolatrar o Mourinho e ter um despeito muito grande por equipas providenciais.
Nos tempos recentes, é essa a definição do Barcelona. A postura de Guardiola e a filosofia do clube são até respeitáveis de mais, mas é maior do que eu: é insuportável jogar contra uma equipa praticamente imbatível, que tem 70% de posse de bola e é capaz de um massacre mental sem paralelo. Uma equipa que, ainda por cima, tem o melhor jogador do Mundo, um dos melhores de sempre, e que representa, ela própria, um estilo que ficará para a História do futebol. É tudo tão perfeito, que, para mim, tornou-se puramente corrosivo.
Este ano, finalmente, está do outro lado o único verdadeiro ídolo que tive em todos estes anos de futebol. Aquele que é, sem discussão possível, o maior treinador do nosso tempo. A vitória de Mourinho hoje foi de um gozo que, sinceramente, nem consigo descrever bem. Foi qualquer coisa de libertador. O Real foi humilhado no Camp Nou, perdeu o campeonato, mas hoje era uma final, do Barça contra o único homem que lhes podia realmente roubar aquela final. E foi impagável.
Contra toda a pressão, contra todo o lobby pró-Barça, contra todas as probabilidades. Foi Mourinho a ser um monstro outra vez, um feiticeiro fazedor de milagres. E ainda por cima foi com uma cornada do Ronaldo, cada vez maior nos dias que correm.
day 30 - the best movie you saw during the last year
E cruzando com outra lista, a gente vai continuar:
day 31 - The most underrated movie day 32 - The most surprising plot twist or ending day 33 - Favourite classic day 34 - A Movie that disappointed you the most day 35 - A movie you wish more people would see day 36 - Favourite movie based on a book/comic day 37 - Favorite movie from your favourite actor day 38 - Favourite movie from your favourite actress day 39 - Favourite Action movie day 40 - Favourite Documentary day 41 - Favourite Animation
O Nápoles sempre me encheu as medidas. A bandeira da Itália pobre do Sul, a revolta para afrontar os grandes, o San Paolo em delírio, aquela alma tão particular. E deus Maradona, claro, acima de todos. São um caso à parte, qualquer coisa eminentemente passional. Vê-los aí gigantes outra vez, a lutar pelo título italiano como nas histórias do ano em que nasci, foi de uma devoção instantânea.
Hoje, infelizmente, o sonho napolitano ficou por um fio. Ontem, o Milan tinha resolvido com a Sampdoria no San Siro, e hoje, ao fim de 4 vitórias seguidas, o Nápoles deixou fugir a Udinese em pleno San Paolo e ficou a seis pontos da liderança. Pareceu quase sempre um desafio grande demais para o velho Napoli, perante um Milan fortíssimo internamente, mas o coração foi dando para quase tudo, como no arrepiante 4-3 à Lazio, há duas semanas. Hoje, claro está, fica um indiscutível amargo de boca. Aquela réstia de esperança, porém, continua a estar lá. Insinuante, continua a persistir. Tenho para mim que quem é de grandes, nunca vai perceber.
No cenário absolutamente incrível que foi Portugal pôr 3 equipas nas meias-finais duma competição europeia, desvalorize a Liga Europa quem quiser, fica aqui, acima de todos, a vénia tremenda ao que fez o enorme Sporting de Braga, com 13 jogadores seniores e a jogar uma hora em inferioridade numérica. Escrevi isto aqui há quase 8 meses, quando os homens de Domingos despacharam o Sevilha e chocaram a Europa, e a admiração por eles não pára de crescer. Sem querer entrar aqui em novelas Porto-Benfica, que me são, nunca me canso de dizer, perfeitamente indiferentes, gostava muito de ver este Braga a levantar a taça em Dublin. Para todos os "não grandes", eles são a prova de que é possível, de que, com competência, se pode tudo. Que tenham toda a sorte do Mundo.
"Menos de três meses depois de surgirem rumores de um possível romance, Scarlett Johansson mudou-se para a casa do novo namorado, Sean Penn. Segundo a “Us Weekly”, a actriz, de 26 anos, deixou o hotel em West Hollywood que lhe servia de casa desde o divórcio de Ryan Reynolds e mudou-se para a propriedade de 3,8 milhões de dólares de Sean Penn, de 50 anos."
"De uma coisa estou certo: quanto mais Passos Coelho fala mais se evidencia a sua falta de preparação para o assumir o cargo de primeiro-ministro. E tudo isto em poucos dias."
Tenho por hábito não gostar de sequelas, pelo que a expectativa para ver o segundo Tropa de Elite era grande. O primeiro ficou-me como um daqueles filmes de culto, e há sempre muito a perder nesta coisa de aproveitar a onda. Depois de visto, o maior elogio que lhe posso fazer é dizer que é tão bom como o primeiro. E isso é um elogio de todo o tamanho.
Depois da vertigem de correr as favelas do Rio de Janeiro com a mira no tráfico de droga, José Padilha deu o salto em frente, e correu um risco grande, mas que também era a única maneira de lhe render um segundo grande filme: mudou o ângulo, da perversidade dos senhores da favela, para uma, digamos, big picture, que passou por encarar, não só a corrupção policial, que já constava no primeiro, mas agora os meandros da política.
Claro que ligar a política à corrupção não é um tema inovador, mas, na linha do primeiro, a chave do novo Tropa de Elite é a insinuante colagem desse conceito de corrupção à própria realidade brasileira das coisas, que todos mais ou menos reconhecem. É este o mote da acção. A podridão da máquina já todos vimos, muitas vezes e em muitos lugares, mas a beleza da trama é o despudor com que se desconstrói uma realidade adquirida, como a do caso grave das favelas brasileiras.
José Padilha escreveu o argumento e filmou com a violência cativante que já lhe tínhamos visto no primeiro filme, com aquele nervo muito particular, que nos cola à cadeira e nos faz absorver todo poder e todo o frenesim da tela. A narração é um pêndulo de qualidade extrema, que funde a história do protagonista com o resto; o vocabulário, com todo o perfume brasileiro, é um indispensável; e Wagner Moura, se é que ainda era preciso, selou de vez a sua transformação num personagem icónico. De quem se estreou, merece referência o fulgor de Irandhir Santos, um idealista e defensor dos direitos humanos, que assume um equilíbrio muito interessante no desenvolver da acção, e André Mattos, francamente bem conseguido, como lobbyista e deputado federal.
Padilha já garantiu que não vai fazer um terceiro filme e sai, portanto, em grande. Tropa de Elite 2 é um filme tremendo e inspirador, que fecha superiormente uma história sobre expor, com abnegação e coragem, a realidade dum dos maiores países do mundo. E que é, no fundo, a realidade de toda uma máquina promíscua, que não existe só no Brasil. Vai deixar saudades.
Vitória notável do Porto na Luz, que resume todo o campeonato. Foi um excelente jogo, entre duas excelentes equipas, mas ganhou no fim quem foi sempre mais consistente, mais poderoso e mais seguro de si.
Fui um dos cépticos em relação a Villas Boas, mas hoje volto a dar a mão à palmatória. O puto é um treinador de todo o tamanho, dotou o Porto dum estofo enorme, e a prova de força, em plena Luz, foi só o pormenor que faltava para metê-lo na História, com o campeonato sem derrotas ainda no horizonte. Esperam-no grandes coisas.
Parabéns ao campeão, ganhou o melhor. Era bonito que se voltassem a encontrar em Dublin.