Rafa Nadal
Não sei se o Frederico Gil vale realmente tanto entusiasmo, nem se tem, sequer, tanto potencial quanto se apregoa. É que, por mais que simpatize com ele, é um tipo que vem de um país que nunca teve nada na modalidade, e onde, facilmente, dadas as circunstâncias, qualquer um se torna suspeito para falar. Ele pode, portanto, e é até o mais provável, desaparecer com a mesma rapidez com que chegou, e daqui a um par de meses já ninguém se lembra dele.
À parte isto, ainda bem que andam a falar tanto nele. Porque ele merece e porque desconfio que é também deste apoio e deste tipo de reconhecimento que se fazem os grandes atletas. E porque é evidente que sentir que se representa toda uma Nação, praticamente a solo, é um motivo muito forte. A juntar a isto, ele tem engatado de jogar com um senhor que, aos 22 anos, já é, talvez, o maior fenómeno da História da modalidade, o que ajuda. E que ontem disse o que está ali em cima. Que o ganhou, por um 2-0 clarinho, mas que disse aquilo. Qualquer um de nós, por mais que torça pelo Gil, sabe, secretamente, que, no máximo, vamos ficar contentes por ele ter vendido cara a derrota. Ele, pelos vistos, não. Secretamente ou não, em cada devolução de serviço, em cada amortie, em cada resposta, ele acredita que pode mais qualquer coisa. Não devia passar a acreditar mais nele pelo que os outros dizem. Mas porra, quem disse foi o Nadal. Já passei a fase da admiração e da vontade que as coisas lhe corram bem. Agora tenho fé. Disse um dia o mítico Bill Shankly, eterna referência de um Liverpool monstruoso que assombrou a Europa nos anos 60, que "os verdadeiros campeões são aqueles que acreditam em si mesmos quando mais ninguém acredita". Começo mesmo a achar que o Gil tem qualquer coisa de campeão.
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