Não tapei a cara quando votei, como um dia sugeriu Cunhal, mas saliento a analogia. Sou um esquerdista moderado, mas reconheço que Sócrates é, hoje, um primeiro-ministro bastante desgastado. Não é "o culpado" da crise, como tentam impingir, mas também é responsável pelo estado a que se chegou. Além disso, nunca fui de vestir a camisola: simpatizo com ele mas reconheço-lhe as insuficiências e, em diversos momentos, já elogiei Passos, Louçã e até Portas. Em circunstâncias normais, seria eu a defender que é hora de outros, e não duvidem que se achasse que as alternativas eram melhores do que ele, não teria hesitado.
Hoje é evidente que não são. Mistifique-se ou não, acho que faz sentido falar em voto útil, daí que PC, BE e CDS fiquem comprometidos. Não gosto de governos providenciais nem sou fã de maiorias absolutas, mas acho legítimo que, neste momento da nossa vida política, se alimente a dicotomia PS ou PSD: um deles governará. E, sinceramente, não podem haver dúvidas entre os dois, porque esta é uma altura que não admite condescendências. Sócrates tem 6 anos nas costas e, mesmo num momento tão crítico quanto este, bate-se de igual com Passos Coelho. O líder do PSD não precisava de ter feito rigorosamente nada para ganhar estas eleições mas, campanha finda, não foi capaz de sequer disfarçar a sua tamanha desorientação. A tal que seguiria sempre com ele para São Bento, caso vencesse no Domingo.
Passos Coelho fez a campanha mais absolutamente sofrível que me lembro de ver, com bombas nos pés dia sim, dia sim senhor, expondo com uma crueza violenta a sua grosseira falta de preparação para o cargo. Passos aparece bem na televisão, bateu-se notavelmente com Sócrates e tem ar de boa pessoa, mas mostrou, na nudez da campanha, que ainda é uma mera mascote dum partido sequioso por voltar ao poder, e que o rodeou como hienas, a salivar à volta da sua inexperiência.
Não é isso que o país precisa. Goste-se ou não, a realidade é que Sócrates já lá está e é ele quem tem a reputação em causa; Passos, pelo contrário, na linha da sua postura de sempre, é o homem da oportunidade: nunca esteve e "merece" a chance. Tal como se falhar, falhou. Passos diz e desdiz-se, desdiz-se e explica-se, e nisto esfuma-se a responsabilidade: se emendar a mão será um grande estadista; se falhar, nunca poderia ter feito melhor.
A juntar a isto, imagine-se o que seria Cavaco na presidência, Nobre na Assembleia, Passos no Governo e Portas e Catroga nos ministérios. Um aparelho à direita de uma ponta à outra, numa amálgama de anti-carisma, oportunismo, falta de preparação e extremismo, tudo no momento em que o Estado Social fica mais e mais esganado todos os dias, e por contraponto à necessidade de estabilidade das pessoas.
Votar PS é difícil, repito. Mas, depois da espiral de ódio que tanto se instigou, por alguma razão tanta gente o ponderará.
Hoje é evidente que não são. Mistifique-se ou não, acho que faz sentido falar em voto útil, daí que PC, BE e CDS fiquem comprometidos. Não gosto de governos providenciais nem sou fã de maiorias absolutas, mas acho legítimo que, neste momento da nossa vida política, se alimente a dicotomia PS ou PSD: um deles governará. E, sinceramente, não podem haver dúvidas entre os dois, porque esta é uma altura que não admite condescendências. Sócrates tem 6 anos nas costas e, mesmo num momento tão crítico quanto este, bate-se de igual com Passos Coelho. O líder do PSD não precisava de ter feito rigorosamente nada para ganhar estas eleições mas, campanha finda, não foi capaz de sequer disfarçar a sua tamanha desorientação. A tal que seguiria sempre com ele para São Bento, caso vencesse no Domingo.
Passos Coelho fez a campanha mais absolutamente sofrível que me lembro de ver, com bombas nos pés dia sim, dia sim senhor, expondo com uma crueza violenta a sua grosseira falta de preparação para o cargo. Passos aparece bem na televisão, bateu-se notavelmente com Sócrates e tem ar de boa pessoa, mas mostrou, na nudez da campanha, que ainda é uma mera mascote dum partido sequioso por voltar ao poder, e que o rodeou como hienas, a salivar à volta da sua inexperiência.
Não é isso que o país precisa. Goste-se ou não, a realidade é que Sócrates já lá está e é ele quem tem a reputação em causa; Passos, pelo contrário, na linha da sua postura de sempre, é o homem da oportunidade: nunca esteve e "merece" a chance. Tal como se falhar, falhou. Passos diz e desdiz-se, desdiz-se e explica-se, e nisto esfuma-se a responsabilidade: se emendar a mão será um grande estadista; se falhar, nunca poderia ter feito melhor.
A juntar a isto, imagine-se o que seria Cavaco na presidência, Nobre na Assembleia, Passos no Governo e Portas e Catroga nos ministérios. Um aparelho à direita de uma ponta à outra, numa amálgama de anti-carisma, oportunismo, falta de preparação e extremismo, tudo no momento em que o Estado Social fica mais e mais esganado todos os dias, e por contraponto à necessidade de estabilidade das pessoas.
Votar PS é difícil, repito. Mas, depois da espiral de ódio que tanto se instigou, por alguma razão tanta gente o ponderará.
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