"I have no choice but to direct my energies toward the acquisiton of fame and fortune. Frankly, I have no taste for either poverty or honest labor, so writing is the only recourse left for me." Hunter S. Thompson
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
O pai, a mãe, o tio e a avó do regresso aos mercados
Duas versões para o dia todo. A Esquerda quase vomitou na Assembleia. Grande nojo que foi este regresso aos mercados. Coisinha enganadora, que não vai servir de nada, e que só foi possível porque a Europa passou a mão pelo pêlo do nosso Governo incendiário. Atenção que não é ser uma coisa má; é só merecer despeito e desconsideração... exactamente porque a Esquerda já defendia desde sempre que só assim é que se pagava a dívida, e os porcos maltrapilhos vieram agora saquear os louros. Como se atrevem? A ideia foi da Esquerda! Peçam desculpa! Dêem palmas à Esquerda!
Já a Direita, só por sorte deve ter cabido na Assembleia, com um ego daquele tamanho. Os peitos estavam tão inchados que deviam ter derrames. Aquele sucesso tão arrebatador só foi possível pelo sangue, suor e lágrimas, pela visão iluminada de uma Direita profética, que é responsável, e que sabe o que as coisas custam. Não a Direita que faz contas às pessoas como se fossem mercadoria, para a qual é tudo uma folha gaspariana do Excel; mas a Direita que, na verdade, sabia melhor, a Direita que queria prazos piores e juros maiores para disciplinar este antro de bandalhos gastadores, e que agora até recolhe a simpatia da Europa, na grandeza do seu estadismo. Sejam crescidos, oh rapazolas de Esquerda, soavam os pavões pela Assembleia.
Neste circo das vaidades, feito de clubismo e propaganda para parolos, começa e acaba a nossa elite política. Devemos ter mesmo qualquer coisa de extraordinário. O país anda aí a descarnar aos bocados, a ver se se esconde nas cavernas da vida, que não sabe com que raio pode contar no mês que vem, mas no dia em que conseguimos a primeira das 10 milhões de pequenas vitórias que são necessárias para nos tirar da fossa, só interessa verdadeiramente uma coisa: quem é que leva o osso para casa.
P.S. - Honra lhe seja feita, Maria de Belém Roseira foi a única socialista que ouvi saber estar hoje. Disse que o país precisa é de "uma oposição construtiva", que o PS "não pode estar a pensar se ou quando vai ser Governo", e rematou que, independentemente dos caminhos que celebraram o regresso aos mercados, "se é bom para o país, não poderia estar mais contente." Na Assembleia, devem pensar que ela é um extra-terrestre.
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