quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Comedy Central Roast of James Franco


A celebração já a consagrei cá: roasts são sinónim para melhor humor do mundo. No último ano, foram amor à primeira vista e tornaram-se num vício absoluto, ao ponto de que agora, finalmente na antecâmara à espera do seguinte, a expectativa seguisse grande. À moda de um por ano com que os realiza, a Comedy Central acabou justamente o Verão com o seu evento mais simbólico, e era inevitável mal poder esperar para ir consumir, com o roasted a ser possivelmente a maior celebridade até hoje (e em melhor momento da carreira), e um dos meninos bonitos de Hollywood, James Franco.

Foi um roast bom, que não deixou de "valer o bilhete", mas do qual é justo dizer, no fim de contas, que não foi genial. Foi ofensivo, mas sempre nas malhas invisíveis do politicamente correcto, à parte da brutalidade e do choque de outros anos. As piadas de "mau gosto", assumidamente hostis sobre eventos e temas fracturantes, ficaram à porta, e, apesar de todos os roasters terem passado por maus tratos, nenhum teve de lidar com verdadeira controvérsia. A isso não será estranho um painel que, ao contrário da composição mundana de outros anos, incluiu, desta vez, gente envolvida activamente no mercado cinematográfico, ao ponto de tocar as nomeações da Academia.

Seth Rogen foi um Roast Master fraquíssimo, completamente obliterado se lembrarmos as recentes performances de glória de Seth MacFarlane (2010-2011). Esteve pouco à vontade, sempre mais ou menos envergonhado e sem nunca ter capacidade de encaixe para lidar com o que tinha de ouvir. Adam Samberg (The Lonely Island), num devaneio pseudo-subversivo, foi o pior de todos os roasters, e Bill Hader (ex-Saturday Night Live) assumiu um dos seus personagens, coisa que nunca acho que funcione verdadeiramente.

Jonah Hill pediu desculpa em todas as que disse, mas teve um grande texto e ainda demonstrou, depois, um fairplay e uma boa disposição extraordinárias, exactamente o tipo de ambiente que se quer para estas coisas. O melhor, desta vez quase sem concorrência, foi o deus, o Roast Master honorário, Jeff Ross, um mito vivo dos roasts e o derradeiro guardião do tesouro que é o conceito. Sarah Silverman, outra reincidente e outra senhora deste humor, seguiu-lhe as pisadas de qualidade, com Natasha Leggero (actriz e stand-uper) a ser uma bela surpresa, e a completar o leque de melhores da noite. James Franco, que só foi verdadeiramente passado a ferro por Ross, também não foi capaz de mascarar a sua falta de intensidade e carisma, e despediu-se com um rebate pobre, muito longe do poder, por exemplo, do grande Charlie Sheen, há dois anos.

Insisto que não foi um roast sensaborão, porque o conceito tem vida própria, e quase todas as subidas ao palco tiveram algum tipo de sumo, mas faltou claramente o alcance do velho humor de insulto, e figuras do génio de Lisa Lampanelli, Nick DiPaolo, Anthony Jeselnik, Whitney Cummings ou Amy Schumer, gente da casta do já falecido Greg Giraldo, sem qualquer pudor e aversos a qualquer auto-censura, e que elevaram, ao longo destes anos, os roasts da Comedy Central ao nível das lendas. Da próxima, que se mantenham as coisas boas - trazer gente que esteja na mó de cima, por exemplo -, mas que se voltem às assassinas e irresistíveis origens, e ao que de mais puro os roasts sempre tiveram para oferecer.

Os meus melhores de sempre:
Charlie Sheen, 2011
Donald Trump, 2011
Pamela Anderson, 2005
David Hasselhoff, 2010
Larry the Cable Guy, 2009

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