sábado, 7 de setembro de 2013

Star Trek Into Darkness


Bom blockbuster, apesar de dar a sensação de que podia ter chegado ainda mais longe.

4 anos depois do excelente regresso da saga ao grande público, os principais méritos continuam lá, mesmo que Into Darkness não tenha o brilho de renascimento do antecessor. J.J. Abrams voltou a dar conta do recado, com uma realização extremamente intensa, que, mesmo adstrita à natural parafernália de efeitos especiais, nunca é vulgar, e consegue agarrar o espectador durante as mais de 2h de curso. Star Trek é um filme de entretenimento puro e é importante sublinhar que, a nível visual, tem bom gosto e é quase sempre irrepreensível; fartos são os exemplos em que os efeitos comprometeram o resto. J.J. Abrams reforçou que, com ele, isso não é problema, e confirmou uma carreira atrás das câmaras cada vez mais sólida.

O cast também continua a dar conta do recado. Chris Pine é o tipo de protagonista tão estilizado que dificilmente pode inovar no papel, mas, seja porque razão for, este assenta-lhe bastante. Continua a ser o pretty boy rebelde tão caro a Hollywood, mas tem carácter e química como Capitão Kirk, e é uma mais-valia indiscutível. Zachary Quinto, como Spock, é menos convincente e, no resto da tripulação da Enterprise, é verdade que falta algum peso e sobeja um certo non-sense, mas, como colectivo, acho que corre bem. A ter visto muito pouco da saga original, quer-me parecer que a recriação de J.J. Abrams capta exactamente o espírito com que esta foi concebida. O joker, por fim, não podia ter sido melhor escolhido: Benedict Cumberbatch (Khan) é, claramente, o actor de outro campeonato, poderosíssimo sempre que entra em cena, e rende, por si próprio, muitos pontos ao filme.

Into Darkness não está noutro patamar porque, se boa parte de si sabe lidar com o carácter comercial, já o argumento sofre com ele. Desde logo, porque consegue ser terrivelmente abrupto. Em vez de investir num par de pontos-chave e construir-se à volta deles, tem um excesso de episódios significativos, o que os banaliza, e trata-os sempre muito rápido, aniquilando-lhes a importância, porque o espectador não tem tempo de os assimilar. Admito que, entretanto, oferece nuances interessantes, mas é incontornável que escasseia densidade à história - outra moralidade/sacrifício -, investindo esta em fórmulas que já todos vimos muitas vezes (a do herói que quebra as regras é abusiva), e não sendo, no fim de contas, alguma vez capaz de surpreender. Esta padece, igualmente, do hábito de ameaçar sem cumprir, o que acaba por ceifar boa parte da emotividade das cenas mais exigentes (pena pela carismática narrativa com Bruce Greenwood, de mentor/pupilo, não ter sido capitalizada de outra maneira).

Quando teve de decidir, Into Darkness optou por ser mais rápido e menos cirúrgico, mais leve e menos difícil. Ficou-se pelo bom entretenimento, em prejuízo de uma experiência maior.

7/10

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