sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Crónica anunciada, da morte

"Por isso, como depois da vergonha de 2002, ainda não foi desta que Madail anunciou o adeus. Até pode parecer. Mas não foi.

Por isso, acho que nada mudará.

O presidente da FPF é fraco e tem estado rodeado de pessoas incapazes de modernizar o organismo.

Se fosse um verdadeiro dirigente, Madail não teria permitido que Queiroz, um contratado, impusesse a sua lei durante dois anos.

Se fosse apenas um dirigente razoável, Madail teria afastado o seleccionador mal acabou o Mundial. Por razões que nós conhecemos, que os responsáveis directos da selecção conhecem ainda melhor e que, não menos importante, os jogadores conhecem muito bem.

Como é dos piores dirigentes desportivos que conheci, Madail permitiu que uma situação inqualificável tornasse o futebol português uma anedota internacional. Se tivesse ainda alguma noção do ridículo, pediria desculpa e saíria. Não tem, sabemo-lo todos.

Quanto a Carlos Queiroz, tem exactamente aquilo que merece, depois de dois anos muito maus: sai pela porta pequena.

Há muito que não tinha condições para continuar. Exceptuando as grandes cabeças que o endeusam há anos, ninguém consegue explicar-nos o que, hoje, qualifica Carlos Queiroz para este cargo.

Centrado em si próprio, incapaz de aceitar e compreender críticas, Queiroz insultou e bateu em jornalistas, foi incapaz de colocar a equipa a jogar bom futebol e, pior de tudo, puxou Portugal para trás. As suas escolhas foram quase sempre incompreensíveis, a incapacidade de comunicar com os adeptos lastimável.

Foi um seleccionador que não esteve à altura do país e dos jogadores de que dispunha.

Foi um seleccionador dos anos 70 em pleno século XXI. Foi, enfim, um lamentável equívoco.

Tal como no caso de Madail, lamenta-se que Carlos Queiroz tenha ficado o tempo suficiente para assinar um Mundial sem rasgo e complicar a qualificação para o Euro 2012.

Não deixa saudades. Sai tarde."

Luís Sobral, via maisfutebol

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