Não sei se viram, não sei se não. No dia 26, a TVI pariu, no seu programa do Domingo à noite, um dos momentos mais horrivelmente maus que alguma vez vi na televisão portuguesa. Não vale a pena estar aqui a moralizar com dialécticas estúpidas nem com puritanismos, porque eu também vejo a Casa dos Segredos quando calha, e volta e meia aquilo até pode gerar uma curiosidade razoável, apesar de já se ter perdido há muito a pureza do impacto duma lenda como o Big Brother. Há naquilo muitas coisas muito más, mas acho que nunca se tinha violentado os mínimos do tolerável.
No Domingo, fez-se com que os concorrentes pudessem estar com pessoas que lhes são queridas , e com quem, no mínimo, já não estavam há 3 meses, no decurso do jogo e da pressão do jogo. O absurdo começou quando, por exigências dum directo que não tinha razão de existir, se fabricaram esses reencontros ali, no momento. Pessoas que no jogo têm de proteger segredos, ali a chorarem e a mendigarem por uma centelha de intimidade, ostensivamente negada por um directo esfomeado, para alimentar o povão curioso. Para cúmulo, numa conversa o mais sussurrada possível, num encarecida súplica muda por qualquer farrapo de privacidade concebível naquele momento, tivemos a apresentadora a dizer: "Fale mais alto, mais alto, no estúdio não conseguimos ouvir" [a puta da conversa com uma sobrinha longe da vista há meses].
É grotesco. Claro que quem lá está sabia ao que ia, mas haver 2 milhões de pessoas que garantem as audiências daquilo avidamente, a tempo inteiro, é quase assustador. Por acaso estava lá num intervalo e, no fio de dignidade que me sobrou, voltei à concorrência para ver publicidade. No dia em que se perder o nojo de vez, não sei o que será do entretenimento da nossa televisão generalista. Mas já estivemos mais longe.
No Domingo, fez-se com que os concorrentes pudessem estar com pessoas que lhes são queridas , e com quem, no mínimo, já não estavam há 3 meses, no decurso do jogo e da pressão do jogo. O absurdo começou quando, por exigências dum directo que não tinha razão de existir, se fabricaram esses reencontros ali, no momento. Pessoas que no jogo têm de proteger segredos, ali a chorarem e a mendigarem por uma centelha de intimidade, ostensivamente negada por um directo esfomeado, para alimentar o povão curioso. Para cúmulo, numa conversa o mais sussurrada possível, num encarecida súplica muda por qualquer farrapo de privacidade concebível naquele momento, tivemos a apresentadora a dizer: "Fale mais alto, mais alto, no estúdio não conseguimos ouvir" [a puta da conversa com uma sobrinha longe da vista há meses].
É grotesco. Claro que quem lá está sabia ao que ia, mas haver 2 milhões de pessoas que garantem as audiências daquilo avidamente, a tempo inteiro, é quase assustador. Por acaso estava lá num intervalo e, no fio de dignidade que me sobrou, voltei à concorrência para ver publicidade. No dia em que se perder o nojo de vez, não sei o que será do entretenimento da nossa televisão generalista. Mas já estivemos mais longe.
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