Ganhou o Benfica. Não nego que tenha sido um tanto ou quanto superior a um Porto que, apesar do crescendo dos últimos jogos, está longe do tractor de outros tempos, nem que o empate seria desajustado, dada a pobreza do jogo, nem sequer que o Lucílio, dentro da aberração de presença que lhe conhecemos, conseguiu ser tão mau como poderia, e acabou por influenciar o decurso dos acontecimentos, não necessariamente em benefício de ninguém. Certo é que o que vale a pena sublinhar aqui, por mais la palissiano que isso o seja, é exclusivamente o resultado final. Derbies são jogos para ganhar, jogos para equipas saudáveis de cabeça e com uma capacidade competitiva distinta, jogos, no fundo, que, desde que aprendi a ver futebol, eram do Porto, por definição. A vitória do Benfica, não no acaso, mas no corolário dum campeonato de inverno absolutamente fantástico, traduz justamente, muito mais do que superioridade no campo, que esteve longe do indiscutível, como já disse, uma cultura de vitória desde há muitos anos invulgar ao clube, condenado crónico, vai para o quarto de século, a não mais do que à resignação e à derrota. É óbvio que a vitória de hoje não muda verdadeiramente seja o que for, porque falta jogar meio campeonato e, sobretudo, porque estofo de campeão não se compra na esquina, muito menos se adquire num par de meses. Mesmo assim, valendo o que valha, e à distância a que estamos, digo que estes são jogos que valem muito mais do que se pode fazer crer à primeira vista. E o Porto deve sabê-lo melhor que ninguém.
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