quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Mitos dum tipo que, no fundo, viu muito pouca coisa

Como já terei partilhado, a minha obsessão-compulsão ocasional manifesta-se muito grandemente na elaboração de listas, tendencialmente tops no geral. Vai daí, e porque no fundo não tenho muito trabalho, resolvo partilhar com vós qualquer coisa como os meus grandes protagonistas da última década de televisão, aka os humildes senhores das poucas e humildes grandes séries que eu tive o prazer de ver nestes meus curtos e verdes anos de ficção. Talvez não sejam ícones de facto, pelo menos a maior parte deles, mas são os vultos que caminham comigo, neste work in progress que sou eu até ganhar um Globo de Ouro para melhor argumento. Sentai-vos:

10 - Aaron Hotch (Thomas Gibson), Criminal Minds
O Reid tem piada e o Gideon era de grande campeonato, mas o general silencioso do BAU é a personagem mais poderosa da equipa. O extraordinário foco que lhe foi dado entre a 4ª e a 5ª temporada contribui bastante para isso.

09 - Alan Shore (James Spader), Boston Legal
No espectro quase imperturbado que foi o meu crescimento a querer ser jornalista, só duas coisas terão feito abalar esta jovem consciência: os anúncios da Nike, que me fariam publicitário, e os discursos deste senhor, que me poderiam ter levado a uma carreira de sucesso na advocacia. Aos textos, Spader juntou sempre a eloquência e a força persuasiva, numa personagem toda ela muito pouco by the book.

08 - House (Hugh Laurie), House MD
É nada menos do que um mito, e sempre foi tanto mais cativante por percebermos que havia ali muito espírito do próprio Laurie. House e toda a dimensão que já teve perdurará por muitos e muitos anos. Está hoje para mim deste lado da lista porque, apesar de todo o tempo de auge, falhou num aspecto que é uma absoluta pedra de toque: saber sair. É pena as últimas duas temporadas.

07 - Desmond Hume (Henry Ian Cusick), Lost
I'll see you in another life, brotha. Claro. O escocês, um secundário sempre ali a modos de protagonista, foi das personagens mais perturbadoramente sedutoras do imenso Lost, e teve a capacidade de, durante os anos dessa grande obra, nunca ter perdido o interesse, recriando-se uma e outra vez. Mereceu o protagonismo a que teve direito na season finale.

06 - Johnny Drama (Kevin Dillon), Entourage
Nem o E, nem o Turtle, nem o sex symbol Vinnie Chase. Do bando, do alto da 7ª temporada, é o extraordinário Johnny Drama a verdadeira estrela, o Drama genuíno, bom coração e do seu profundo e bromanceado sentido de humor. Sem falar de que cresce gigantemente desde a certa discrição que o envolvia na 1ª temporada.

05 - Marshall Eriksen (Jason Segel), How I Met Your Mother
É daqueles que se entranha. Numa série que o afasta da ribalta por várias razões, o Marshall grandão, nórdico, puro e animalesco, na sua incontornável team-up com a Alyson Hannigan, é uma personagem de quem, mais do que deslumbrar, se passa a gostar.

04 - Barney Stinson (Neil Patrick Harris), How I Met Your Mother
Uma lenda, tão chocantemente gay como um tipo chamado Albus Percival Wulfrico Brian Dumbledore. Uma lenda.

03 - Sawyer (Josh Holloway), Lost
Não era o Jack, nem o Locke, nem o bem, nem o mal. O nome maior do Lost era o assombrado James Ford, retinto, dorido e crente. Os twists and turns, os fantasmas, o sentido de humor negro e refinado, o pragmatismo e a sua alma de caminhante tortuoso, tornam-no numa das maiores personagens que já segui.

02 - Ari Gold (Jeremy Piven), Entourage
3 Emmys e 1 Globo de Ouro falarão por ele. É impossível falar do irascível Ari Gold, da sua falta de escrúpulos com bom fundo, no que isso possa significar, do seu fulgor, da sua pujança e, absolutamente, da sua inigualável violência verbal, sem ter o prazer de ver o autêntico show que deu nos quase 10 anos de Entourage. No próximo Verão, estaremos cá para a despedida.

01 - Denny Crane (William Shatner), Boston Legal
Terá sido o primeiro grande ícone da minha juventude seriísta, e é extraordinário como continua a ser, ao fim destes bons anos, um personagem único e inimitável, conjugador de quase todas as vertentes conjugáveis nestas coisas da ficção, do drama à comédia, da confusão à eloquência ,tudo ao mesmo tempo. É ele o exemplo da fusão homem-personagem, e é isso que sempre exalou. Um quarto de século antes de andar por cá, já o gigante William Shatner andava a ser estrela em Star Treks. Às portas dos 80 anos, ainda é vê-lo aí a estrear séries. É um mito, o maior de todos.

2 comentários:

Salvador disse...

Copiaste o nome do Dumbledore em port brasileiro, sua anta

Paulo Pereira disse...

Foi opção, Alvo exala muito mais branco, e tem muito mais a ver tanto como a magia como com a rabetice dele. LOL corrigido