O futebol europeu na minha adolescência era pouco da Premier League, da Serie A ou de La Liga. O futebol europeu da minha adolescência eram os jogos da Champions de 3ª e 4ª à noite, os jogos grandes, inapeláveis, os jogos que criam lendas. Duma geração que produziu alguns dos nomes maiores da histórias dos golos das competições europeias, de Raúl a Henry e Shevchenko, os meus maiores eram dois inimitáveis dentro da área: Van Nistelrooy e Inzaghi. O holandês era mais comercial, do assombro de Old Trafford ao luxo do Bernabéu, Inzaghi era diferente. Menos indiscutível, mais na sombra, ligado para a vida ao calcio e ao San Siro rossonero. Foi durante muito mais do que merecia o jogador para a última meia-hora, a solução de recurso para safar jogos desfavoráveis. Nunca teve pinta de estrela, e em campo era um caso à parte na coisa dos avançados: pouca finta, pouco sprint, poucos golos espectaculares. Era uma ave de rapina, como me lembro de lhe chamar Freitas Lobo, sempre na sombra das defesas em linha adversárias, ou, como disse um dia Ferguson, que já nascera em fora-de-jogo.
Sempre o adorei. Ver Inzaghi em campo sempre foi um desafio ao próprio jogo, uma insinuação de caos capaz de virar qualquer resultado a qualquer altura. Ronaldo ganhava melhor do Mundo, Sheva ia às Bolas de Ouro, Raúl e Henry exalavam classe, mas ninguém desmanchava jogos como Inzaghi, ninguém inventava impossíveis como ele. Num misto de piada e respeito, a saber a profecia, Mourinho disse que neste duelo com o Milan para a Liga dos Campeões, Allegri podia usar quantos dos seus avançados quisesse, fosse Ronaldinho, Pato, Robinho ou Ibra, desde que não usasse Inzaghi. Nos dias em que, com 34 anos, Nistelrooy já mal sobrevive ao ocaso em Hamburgo, ver como Pippo, aos 37, explodiu nas mãos do Real um jogo do qual o Milan já respeitosamente desistira, continua a ser tão impressionante como há 10 anos. As noites europeias de Milão lembrar-se-ão das corridas loucas depois de um golo, quando as suas botas finalmente se pendurarem. Daqui a muitos muitos anos, claro.
Sempre o adorei. Ver Inzaghi em campo sempre foi um desafio ao próprio jogo, uma insinuação de caos capaz de virar qualquer resultado a qualquer altura. Ronaldo ganhava melhor do Mundo, Sheva ia às Bolas de Ouro, Raúl e Henry exalavam classe, mas ninguém desmanchava jogos como Inzaghi, ninguém inventava impossíveis como ele. Num misto de piada e respeito, a saber a profecia, Mourinho disse que neste duelo com o Milan para a Liga dos Campeões, Allegri podia usar quantos dos seus avançados quisesse, fosse Ronaldinho, Pato, Robinho ou Ibra, desde que não usasse Inzaghi. Nos dias em que, com 34 anos, Nistelrooy já mal sobrevive ao ocaso em Hamburgo, ver como Pippo, aos 37, explodiu nas mãos do Real um jogo do qual o Milan já respeitosamente desistira, continua a ser tão impressionante como há 10 anos. As noites europeias de Milão lembrar-se-ão das corridas loucas depois de um golo, quando as suas botas finalmente se pendurarem. Daqui a muitos muitos anos, claro.
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