FINAL: Itália - Espanha, 2-4
Segundo Europeu de sub21 seguido, depois de ganharem dois Euros sub19, e com o desterro que se sabe daí para a frente. A Espanha é muito mais do que a melhor selecção da História; é um projecto futebolístico geracional perfeito. Toda a gente tem uma geração de ouro; o facto dos espanhóis andarem, porém, há cinco anos a ganhar toda e qualquer competição continental vai, obviamente, muito para além do talento. É um profundo trabalho de base, com tanta excelência quanto visão, que funde os infinitos recursos técnicos que estão na génese do seu futebol, com o profissionalismo de uma mesma malha táctica eternizada no tempo, e com uma bagagem mental que, nos dias que correm, e já longos 5 anos depois do "início", continua, simplesmente, a ser mais e mais aterradora.
Por extrema competência e vanguardismo, os espanhóis souberam educar o seu futebol. Não só por isso, mas também, o espectro futebolístico de uma década inteira, que seria sempre espantoso em potencial, tornou-se, no fim de contas, sobre-humano. Paralelamente à glória dos seniores, os espanhóis perceberam que o imediato estava em investir nas bases, e transferiram, também para essas, a vaidade crónica pelo seu futebol. Os resultados estão à vista. Oxalá desse que pensar por cá, num país que é alérgico ao método e ao longo-prazo, confortável na sua incompetência, preguiçoso demais para investir nos seus jovens, e derrotista demais para achar que eles valem a pena, em que para treinar e pensar as camadas jovens, na Federação ou nos clubes, qualquer compadrio comezinho costuma servir.
A final teve a história que parece. A Itália até se deu à proeza de marcar cedo, e anular a desvantagem precoce que já levava, frente a um adversário que ainda nem golos tinha sofrido. Depois disso, porém, foi tranquilamente consumida pelas chamas vermelhas e amarelas de um toque que nunca acaba, e viu o marcador não parar de correr. Às vezes, a Espanha é difícil de ver. Hoje não, era dia de gala. Com uma batuta a dois maestros, Isco e Alcântara, houve futebol para não acabar, sempre em desdobramento, com as bolas a aparecerem todas perfeitas no nada. Grande jogo de Tello na extrema-direita, mas também de Morata, Koke, Montoya. Foi como se quis. A Itália, apesar de tudo, não sai de cabeça baixa. É uma equipa pejada de qualidade, claramente a melhor do torneio dos humanos, que teve sempre engenho para olhar a baliza de De Gea nos olhos. Fez por marcar - Florenzi e Insigne, grandes talentos - e até marcou mais um, mas claro que, nos dias que correm, nem uma Itália pode estar nestas coisas com algo mais a que aspirar. A era é a da Espanha, e da sua Pedra Filosofal.
Os melhores:
1. Isco
2. Thiago
3. De Gea / Insigne
De Gea (Esp); Montoya (Esp), Bartra (Esp), Caldirola (Ita), Moreno (Esp); Verratti (Ita), Thiago (Esp), Isco (Esp); Wijnaldum (Hol), Morata (Esp), Insigne (Ita).
Bardi (Ita), Bianchetti (Ita), Martins Indi (Hol), Van Ginkel (Hol), Florenzi (Ita), Immobile (Ita), Pedersen (Nor).
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