Conta as venturas e desventuras de um profundamente tímido caloiro de Liceu, que acaba por tornar-se melhor amigo do grupo de finalistas que o vai integrar, e fazê-lo viver como um deles. É um filme com sensibilidade e bastante boa escrita, um óptimo retrato da adolescência, das inúmeras etapas que se quebram, e de todas as descobertas que se fazem, em particular, a de si mesmo. Como também percebemos cedo no filme, o protagonista é um rapaz mais traumatizado do que envergonhado, e a história falará sempre da sua procura de equilíbrio, tanto para a dimensão mental com para a social.
Stephen Chbosky (co-argumentista do meu muito estimado Jericho) estreou-se na realização a este nível, e cometeu a proeza muito pouco habitual de filmar o próprio livro que escreveu. A realização é francamente atraente, plena de bom gosto, e a nível de tacto, é inevitável admirar a qualidade da história (mais uma óptima banda sonora). Tem muita pessoalidade, é bem contada, e tem momentos emocionais muito interessantes. O único pecado, pelo menos em filme, é a segunda narrativa, mais obscura, da história do protagonista. Sabe-se desde cedo que está lá, mas é berrante, e faz ruído, mais do que acrescenta alguma coisa. Além disso, foi enfiada no desenlace de uma forma desajeitada, acabando por esborratar um produto final que já estava no ponto.
Logan Lerman foi uma enorme surpresa. Num papel cheio de constrangimentos, que é muito difícil de impressionar, nunca foi artificial nem enjoativo. Saiu-lhe tudo com uma naturalidade e uma empatia genuínas, como se aquilo não fosse realmente mais do que a sua experiência pessoal. Foi um autêntico achado e é, evidentemente, a principal razão do bom resultado. No seu primeiro lead depois de Harry Potter, Emma Watson confirmou o que já se suspeitava: dentro em breve, fará parte de uma restrita elite das mais cobiçadas do mercado. Esbanja talento e elegância, sabe sempre estar, e é naturalmente cativante. A sua finalista decidida mas delicada, experiente mas vulnerável, foi só o primeiro dos seus grandes papéis. Também Ezra Miller não pode ser esquecido no leque de elogios, sempre pungente em toda a acção, e com facilidade em agarrar as cenas.
The Perks of Being a Wallflower é um filme atraente, quase sempre bem feito, e que se aprecia sem esforço. A história só acaba por ser infeliz ao ir à procura de uma densidade de que não precisava, e que, ainda por cima, não soube concretizar no ecrã.
7/10
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