sábado, 1 de junho de 2013

Seven Psychopaths


Em 2008, Martin McDonagh estreou-se como realizador-argumentista com aquele que foi, não só um dos grandes filmes da temporada, como um dos filmes de culto dos últimos anos. In Bruges chegou mesmo aos Óscares (melhor argumento original), e tinha tudo: um óptimo elenco em grande forma, ambiente e uma história de crime tão burlesca quanto carismática. O londrino passou a ser, então, um dos realizadores na retina para o imediato, e Seven Psychopaths, quatro longos anos depois da estreia, representou um regresso razoavelmente antecipado.

O tamanho da desilusão, no entanto, equiparou-se às expectativas. O filme, como o próprio nome indica, conta a história de sete serial-killers, numa narrativa que é propositadamente desestruturada desde a primeira hora. Há psicopatas na realidade em que a trama ocorre, e há psicopatas puramente ficcionais, ambos fundidos na história que o protagonista está a escrever... e acabando todos por ter um papel na acção propriamente dita. Seven Psychopaths limitou-se a ser um par de ideias muito boas, diluídas num conjunto de outras más, e todas amontoadas num suposto borrão criativo que tem tanto de descontinuado como de desinteressante. A comédia-crime não tem traço nenhum de charme ou de genialidade, e não lhe funcionam nem as pequenas ironias, nem os exageros. É uma espécie de esboço que nunca se esforça por fazer muito sentido, como se tivesse sido escrito à primeira, e o produto final é mais ou menos grotesco.

O elenco também não é particularmente feliz. Colin Farrell nunca será um valor acrescentado, mas, desta vez foi mesmo um a menos, sempre baço e sem personalidade. Sam Rockwell não fica mal nos papéis de alucinado que lhe atribuem por regra, mas tem pouco de carisma, e Woody Harrelson é uma caricatura. O grande papel do filme é o de Christopher Walken, que, na sua voz sussurrada e postura de ícone, acumula todas as melhores sequências, numa sabedoria filosófica, tão paciente quanto agreste, de quem já viveu muita coisa. Honra seja feita, igualmente, ao lendário Tom Waits, que tem um papel secundário pequeno, mas notável.

Acredito que, pela amostra de In Bruges, McDonagh valorize nos seus filmes, acima de tudo, o devaneio inventivo, a ironia insana e a não linearidade. Essa maneira de estar cativante faz com que eles nunca sejam indiferentes, mas que oscilem entre o muito bom e o muito mau. Desta vez, o caso foi o segundo.

5/10

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