quinta-feira, 14 de julho de 2011

COPA AMÉRICA 2011: Brasil 4-2 Equador


A Canarinha é a equipa mais cativante da competição.

Os resultados andavam manhosos e desconfiava de Mano Menezes, mas este Brasil mantém o perfume e o brilho do seu futebol, sendo uma equipa poderosa e sustentada, à qual só falta maior concentração na defesa.

Assente num 4-2-3-1, as grandes figuras da equipa não estiveram na África do Sul: Pato, Ganso e Neymar (ainda que Robinho continue a ser importante). O genro de Berlusconi faz esquecer Fabiano, e finaliza como contribui para o carrossel ofensivo, enquanto é impossível não ficar rendido aos dois miúdos que, há um ano, eram só mais duas belas promessas da escola do Santos. Neymar, a partir da esquerda, ainda não é o que se diz dele, mas quando as coisas lhe saem bem é um festival de toca e foge por toda a frente de ataque, além de ter uma fantástica facilidade de remate. Ganso, pelo contrário, é elegante e cerebral. Ainda joga mais devagar do que se exigirá na Europa, mas, como número 10 puro, tem um pé esquerdo que ilumina todo o campo à sua frente.

Um factor decisivo no jogo colectivo brasileiro, e que o superioriza ao argentino, por exemplo, é o poderio conferido pelos laterais: Maicon, claro, mas também André Santos são uma presença constante na frente, acelerando o jogo e criando o equilíbrio perfeito com o futebol técnico do ataque. Ontem cada um fez uma assistência monumental para golo.

Ramires parece um peixe fora de água no duplo pivot defensivo (é claramente um médio interior) mas, com Lucas, há qualidade no primeiro momento de construção, ainda que falte, depois, agressividade mais perto da defesa (Felipe Melo, por exemplo, seria sempre titular).

Com a segunda pior defesa de entre os oito qualificados, falta claramente aos brasileiros maior disciplina sem bola, e maior agressividade nos seus elementos defensivos. Ontem, pese os dois frangos de Júlio César, houve liberdade a mais para rematar. De resto, o melhor ataque da competição é capaz de dominar qualquer adversário, e, mais importante, joga bonito.

Palavra para o Equador. Os homens de Reinaldo Rueda tiveram alguma sorte nas duas recuperações, mas foram sempre uma equipa voluntariosa e reactiva, e o trio de ataque esteve em evidência. Ayovi (31 anos, Monterrey), à esquerda, é um extremo recto e musculado, capaz de carrilhar muito jogo, enquanto Arroyo (24 anos, San Luis) aposta nas diagonais a partir da direita, e foi uma bela revelação. Felipe Caicedo, na linha da grande temporada no Levante, é hoje um jogador a anos-luz do que esteve no Sporting, e fica para a história com o bis, no seu misto de confiança e remate pronto.

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