terça-feira, 12 de março de 2013

O minuto 39


M’Baye Babacar Niang. 18 anos, o jogador mais novo em campo. Titular no jogo mais importante da História recente do gigante Milan, hoje uma equipa jovem, em profunda transformação, à procura de se encontrar. Ao minuto 39, num dos templos supremos do futebol europeu, contra a melhor equipa da História, M’Baye Babacar Niang correu sozinho 40 metros. Manteve o pique, aguentou o bafo do defesa, esperou pela saída de Valdés, e colocou. Aos 18 anos, num cenário infinitamente maior do que ele, fez tudo, tudo bem. M’Baye Babacar Niang. 18 anos, e ia virar a História. A bola, porém, teve vida própria. Decidiu limitar-se a beijar o poste e a voltar, um eco incrédulo num silêncio sepulcral. Não era a hora. Com todos os méritos deste Milan, que foi tão boa surpresa, não era a hora. No contra-ataque seguinte, Messi fez a formalidade de explicar isso mesmo.

Claro que o minuto 39 não é o resumo do jogo. O Barça foi anos-luz superior, teve um início digno de um filme de terror, e, sinceramente, nunca pareceu possível de parar. Iniesta disse que meteria as mãos no fogo pela remontada. Dani Alves disse que meteria o corpo todo. O Barça era a única equipa com alguma coisa a perder, e no entanto, a ver o Camp Nou efervescer, a ver Messi, aos 5 minutos, no meio de uma multidão dentro de uma cabine telefónica, enfiar um bilhete no ângulo, pareceu sempre inevitável. O Barça continua a ser um monstro. Talvez diferente, talvez pior, mas ainda, definitivamente, a única equipa para a qual um 0-2 vindo de Milão poderia não ser mais do que um pormenor.

Hoje, o Barça foi estapafurdiamente mais forte. Podia, mesmo assim, ter sido eliminado. Do David contra Golias do San Siro, ao lance do menino Niang, ou a algum ressalto dos últimos minutos, quando a própria equipa, intratável em todas as horas de outras noites, também recuou, também teve medo, e também fez prova da sua humanidade. Sem demérito para este Milan cheio de coração e de vitalidade, e que voltará, por certo, a surgir nas esquinas da Europa em breve, quem sabe já com a cara fechada dos adultos, não era, no entanto, a hora. Talvez diferente, talvez pior, mas o Barça continua a ser o Barça. Madrid, Bayern, Borussia e Juve que se preparem, porque não podia ser assim tão fácil. Terão mesmo de ser eles próprios a provar se são bons o suficiente.

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