domingo, 10 de março de 2013

The Master


Muito potencial desbaratado.

The Master é um filme fraco, e não há volta a dar a isso. Tem uma ideia original extremamente promissora e tem interpretações, elas sim, de um nível alto, mas, tudo somado, não é suficiente. A história criou polémica desde a primeira hora, por, alegadamente, inspirar-se nas raízes da Cientologia. No pós-2ª Guerra, um homem, filósofo, cientista e filantropo, cria um culto baseado numa espécie de psico-terapia, que propõe a existência de vidas passadas, e que a resolução para os problemas da vida real é justamente estimular a psique, e voltar a essas vidas e à origem dos problemas. Lancaster Dodd, de seu nome, encontrará então, por completo acaso, um homem profundamente perturbado, vítima de demência e ex-soldado, que virá a tornar-se no seu protegido.

Paul Thomas Anderson, nomeado pela Academia uma vez por Realização e três por Argumento, escreveu e realizou. A ideia é dele, e tem mérito por isso, mas é ele igualmente a principal razão porque as coisas não funcionam. Toda a acção é pessimamente concretizada. Não é coesa, nunca consegue ser interessante, e nunca está sequer perto de deslumbrar, como parecia ser o objectivo. Anderson só se preocupou em ser muito distinto, investindo numa narrativa desestruturada, supostamente profunda, mas que só lhe vale um produto final superficial e pretensioso.

Absolutamente excepcional é a performance de Joaquin Phoenix, o pupilo. É certamente por ele que o filme não foi revisto em muito pior conta. Phoenix é genial, genuinamente perturbado, insano, do olhar vítreo, à desorientação e à forma como o próprio corpo lhe responde. Sabe-se da sua instabilidade na vida real, da sua propensão a depressões e do hiato dos últimos anos, mas em muito boa hora regressou aos grandes palcos. É um actor impressionante, e foi com toda a justiça que o colocaram como único verdadeiro rival de Day-Lewis ao Óscar deste ano.

Seymour Hoffman é o mentor, a figura patriarcal mais ou menos delirante, e não está mal, como nunca está. É um actor de referência, e é sempre um seguro. Ainda assim, desta vez, não justificou colher a Nomeação para Secundário, em prejuízo de Di Caprio (Django) ou de Javier Bardem (Skyfall).

The Master era um filme extremamente cativante no papel, que rendeu uma extraordinária personagem, mas que ficou bastante longe do engenho necessário para o nível que ambicionava ter.

6/10

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