terça-feira, 31 de maio de 2011

Cassete


a) O Teixeira dos Santos disse que com juros acima de 7% éramos um país ingovernável.
b) O Sócrates disse que não governava com o FMI.
c) O Sócrates disse que não precisava de ajuda e pediu dois dias depois.

Esta noite, na SIC-Notícias, podíamos até perguntar o que é que Aguiar Branco tinha jantado, que ele responderia com uma das três alíneas anteriores. Sempre com aquele seu insuportável tom de queque raivoso, constantemente a cuspir a mesma coisa, qual metralhadora.

Old Scholes

Zidane disse que foi o melhor médio da sua geração, Xavi que foi o melhor dos últimos 20 anos. 17 anos de United, 10 vezes campeão inglês, bicampeão europeu e mundial. Aos 36, diz adeus um dos maiores senhores com quem cresci.



segunda-feira, 30 de maio de 2011

O que faz falta

"Quem fizer o discurso de vitória dia 5 de Junho terá que ter a consciência de que tempos de excepção requerem palavras de excepção."

um texto notável e obrigatório da Filipa Martins, no Aventar

sábado, 28 de maio de 2011

Fast Five


Tendo em conta que é o quinto de uma série que estava em decréscimo desde o primeiro, e que parecia enterrada, é um filme notável.

Dois anos depois de parecer que a marca já não tinha mais nada para dar, Fast and Furious 5 foi uma absoluta surpresa. Claro que não passa incólume - pena a javardice da sequência final -, e que não é nenhum groundbreaking dos filmes de acção, mas é um projecto inteligente e equilibrado, ponteado por uma série de twists criativos, e, acima de tudo, coroado pelo charme de uma saga que chegou ao seu auge de maturação.

Apesar dos caminhos tortuosos que a história seguiu desde 2001, com destaque para o enorme tiro ao lado que foi Tokyo Drift, quem vê Fast Five não pode ficar indiferente ao seu carisma. Não sei se por ser quase uma "reunion", ou pela simbiose notável entre Vin Diesel e Paul Walker, mas, 10 anos depois, a saga exala nostalgia e uma sensação "familiar" de identificação, tão comum à saga Ocean's ou, pessoalmente, ao 60 Segundos.

Também deu para confirmar uma opinião que já tenho há bastante tempo: Vin Diesel é um actor subvalorizado. Não é, obviamente, uma sumidade da interpretação, mas tem um carisma excepcional. Essa força no ecrã é incontornável e projecta-o bem para além do bruta-montes da porrada. Com Paul Walker, forma um núcleo que já é icónico. Há uma ou outra personagem deslocada - Joaquim de Almeida é pouco expressivo, a dupla espanholada do grupo é desnecessária -, mas no geral funciona bem, incluindo as senhoras (Jordana Brewster a menos, Gal Gadot melhor) e até o velho Dwayne 'The Rock' Johnson.

Tenho um fraquinho inveterado pelo romantismo dos filmes de roubos, com Heat, The Insider, Ocean's, 60 Seconds e tudo mais. Hoje os furiosos deixaram de ser o parente pobre da galeria.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Unknown


Não é nada de especial.

Unknown é um thriller criminal que joga com a já muito batida premissa do cidadão normal a quem roubaram a identidade, e o caminho que escolhe, o de que o visado, afinal, não é assim tão normal, não traz grande coisa de novo. É verdade que é bem filmado e bem tratado, e isso costuma ser meio caminho para prender as pessoas, e há sequências típicas de thriller que têm qualidade, como os momentos de fuga e de desorientação, mas a história é mal sustentada, simplista e acaba de forma sensaborona. A juntar a isso ainda tem exageros a mais - na sorte, no espectáculo visual ou na passividade em momentos importantes -, pelo que o produto final é só razoável.

A força da presença de Liam Neeson será a maior qualidade do filme. É um trabalho à imagem do que tem feito, onde o norte-irlandês se sente à vontade, e o seu talento e imponência continuam a ser incontornáveis. Também Bruno Ganz, o célebre Hitler de O Fim do Terceiro Reich, foi uma mais-valia, e o quase misticismo da sua figura merecia maior e melhor aproveitamento. January Jones e Diane Kruger, pelo contrário, passam completamente ao lado.

Para quem for fã do género, apesar de tudo, não será completamente tempo perdido.

E já só torço para que ele esteja mesmo inocente


Mais uma etapa estratosférica do melhor ciclista do Mundo. Contador é bom demais para se ter dopado.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

E pensar que eu ainda ponderei

"Passos Coelho considera que a última lei do aborto aprovada pelo Parlamento pode "ter ido um pouco longe demais", pelo que tem de ser reavaliada.

Em entrevista à Renascença no âmbito do programa "Director por uma Hora", o presidente do PSD também admite um novo referendo sobre esta matéria. "Hoje, é muito fácil as pessoas evitarem esse tipo de situações", diz Passos Coelho."

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O inelutável peso do voto

Paguei 4 euros por um comprovativo de matrícula personalizado, para digitalizar e mandá-lo para o Funchal. Essa cópia voltou ao Porto no pacote composto por toda a papelada supostamente necessária para votar mas, depois de ir à Câmara, tive de voltar a casa porque não aceitavam digitalizações de comprovativos... Ouvi "Mas o seu nome não está nesta lista", "É muito estranho o nome não estar na lista" (esta quando eu supostamente já tinha ido embora) e "Este papel da sua junta de freguesia é muito diferente dos outros...", mas não me prenderam como falsário de votos antecipados, e está feito.

Sobre o acto em si, agora que o consumei pela primeira vez, devo dizer que senti sobretudo respeito. Um tremendo respeito pelo significado daquilo, mesmo que se trate de um contributo tão singelo. Isso e verdadeira responsabilidade a pesar nos ombros, por estar a contribuir decisivamente para eleger quem me vai governar nos próximos anos.

Pus de parte opiniões formadas e reflecti bastante, muito mais do que alguma vez supus. Foi um voto difícil, numa conjuntura grave, mas, no fim, decidi em consciência. Bem ou mal o tempo o dirá, e arcarei com a responsabilidade das minhas opções nos próximos 4 anos. Mas estou orgulhoso. Porque fiz tudo o que foi preciso - bem mais do que quem não sai de casa ao domingo para andar 5 minutos até à sua assembleia de voto -, e porque estive lá, num momento em que tudo o que o país precisa é que as pessoas, pelo menos, se importem.

Valeu.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A lenda


40 golos na Liga das Estrelas, recorde absoluto do melhor campeonato do Mundo. 53 em todas as competições, recorde absoluto do maior clube do Mundo. Primeiro homem a ser Bota de Ouro nos dois melhores campeonatos do planeta.

Fala por ele. Ronaldo vive na era unânime do Barcelona e de Messi, para quem perdeu praticamente tudo até agora. Mais do que isso, a maioria gosta de ver o Real perder, porque o Madrid é o clube da capital e do dinheiro, por oposição ao clube regionalista das causas. Porque é o clube dos galácticos de plástico, dos maus da fita, que tentam roubar vitórias ao futebol encantado criado nas canteras da Catalunha.

Ronaldo tem tudo, rigorosamente tudo, contra ele. Até o certo desprezo de boa parte do país onde nasceu, especialista nessas coisas de menosprezar os seus, que o acha arrogante, insuficiente e insuportável. Mesmo assim, o miúdo que nasceu num bairro pobre da Madeira consegue justificar todos os dias a enormidade que o Real Madrid pagou por ele. Recordes absurdos a um nível quase imparável, como se fosse normal.

Há quase dois anos, num dos primeiros textos deste blogue, escrevi que não tinha a mais pequena dúvida de que Ronaldo seria bem sucedido em Madrid, porque ele, simplesmente, não sabia fazer de outra maneira. Devo dizer que me surpreendeu até a mim. Provavelmente nunca gozará do carinho que é devotado ao rival, mas Ronaldo já é uma lenda. Com o carisma, a personalidade e a capacidade de superação que a Pulga, por mais maradoniana que seja, nunca vai ter.

domingo, 22 de maio de 2011

Notas giras no CDS

"Para quem não se deu ao trabalho de ler o programa de governo do CDS-PP (e Deus sabe como eu tenho mais que fazer), o debate Portas-Louçã foi instrutivo. Fiquei a saber que Portas defende um Rendimento Social de Inserção pago sob a forma de vales de alimentação. Não se ter lembrado de Cheques Fnac, Vouchers A Vida é Bela ou de bilhetes para a próxima final da Liga Europa mostra que Portas sabe umas coisas sobre os pobres: têm é que comer e não devem gastar o dinheiro todo em doces."

Sena Martins, no Arrastão

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O empate chegava


Ganhou Passos Coelho.

Não acho, como sugeriu Sousa Tavares na SIC-Notícias, que Sócrates tenha sido atropelado, mas o primeiro-ministro estaria sempre mais próximo da derrota se não fosse providencial e, nesse aspecto, foi irreconhecível. Não se esperava menos do que um festival da sua parte, frente a um Passos Coelho que cruzou toda a campanha moribundo, e o resultado final é uma absoluta surpresa.

Entenda-se que Passos não foi extraordinário. Não mandou no debate, não conseguiu evitar a sua enervante auto-desresponsabilização e o seu típico diz e desdiz - que é aparentemente secundário porque não é ele quem governa -, e ainda fugiu a questões e não explicou suficientemente os tiques radicais do seu programa. A chave é que nunca foi pior do que Sócrates e, no momento decisivo, fez-lhe o cheque-mate: há um ano e meio a crise já era previsível e era obrigatório ter agido mais cedo.

Sócrates começou bem, continuou na mó de cima, e, sem nunca disparar, teria passado na frente caso tivesse sido capaz de segurar a mão até ao fim. Essa ponta final de debate foi, contudo, penosa demais. Mais do que não ter conseguido responder à estocada de Passos Coelho, Sócrates encurralou-se num discurso gasto e sem sentido, desvalorizando o que não deveria, e chegou ao cúmulo de insistir que as críticas do adversário davam má imagem ao país no exterior.

O debate de hoje não torna o PSD muito mais apto para governar. Também não apaga a salva de tiros nos pés dada até agora e não resolve a suspeição a respeito do seu programa eleitoral. Pode é ter possibilitado o mais decisivo: que Passos Coelho merece, por si só, a oportunidade de ser alternativa. Para o bem ou para o mal isso deixar-nos-á a todos a pensar. Sócrates saberá melhor do que ninguém que essa era a única derrota que nunca poderia ter sofrido.

Tudo fácil


Domínio avassalador do Pistolero até agora.

Esquecendo o caso de doping em que está envolvido, que só terá sentença no início de Junho, vale a pena fazer uma vénia a mais uma performance magnífica de Contador. Os adversários directos - Scarponi e Nibali, a correrem "em casa" - têm sido amassados, e foi constrangedora a forma como hoje, na segunda grande etapa até agora, se conformaram com a luta pela prata, pouco depois do espanhol ter disparado. Com 2/3 da prova corridos, e mesmo com uma ponta final de loucos, que oxalá proporcione uma luta com fulgor pelo top 10, só uma catástrofe lhe tirará mais uma grande vitória. Menchov e Sastre têm sido uma desilusão, Kreuziger, Arroyo ou Rodriguez também andam em serviços mínimos, e são underdogs como Rujano e Gadret (que fizeram o pódio hoje no Grossglockner) quem tem animado mais a corrida.

A armada portuguesa tem passado ao lado. Bruno Pires saiu no 4º dia, depois da morte arrepiante de Weylandt, Manuel Cardoso mostrou não ter tarimba para sprints a este nível, e Tiago Machado, com três quedas pelo meio, só tenta sobreviver nos 40 primeiros, o que é muito curto para um chefe-de-fila. Machado não tem conseguido acompanhar os maiores, já falhou numa fuga, e o cenário não é meigo para o que falta, ainda que, com a geral perdida, seja de esperar que não se despeça sem tentar novamente a sorte numa etapa de montanha.

No resto, duas grandes vitórias para o prodigioso Cavendish, ao sprint, mais uma prestação cheia de mérito para o veterano Petacchi, que também conseguiu um triunfo. Menção ainda para um excelente Giro de Ventoso. McEwen foi uma desilusão.

A ver se ainda há espaço para o espectáculo nas 8 etapas que faltam, com 5 Altas Montanhas e 1 Crono-escalada.

O Código Base


O cenário é um atentado terrorista em Chicago que antecede um ainda maior, radioactivo. A acção centra-se num programa militar experimental, que possibilita que um comando (Jackie Gyllenhaal) volte aos eventos do passado, no caso, aos últimos 8 minutos antes do atentado inicial dessa manhã, na pele de um dos john doe que morreu na explosão. O objectivo é tentar descobrir quem foi o responsável e, assim, evitar a catástrofe seguinte.

Source Code tem o mérito de não ser um filme pretensioso e, mesmo sem traços geniais como Inception, trabalha muito bem o cenário de realidades paralelas. Tem uma certa classe na simplicidade e acaba por ter um excelente enquadramento, quando se compreendem as condições em que o protagonista tem de cumprir a sua missão, mesmo sem nunca ser chocante ou groundbreaking.

Não é um filme em que as interpretações se evidenciem especialmente, mas Gyllenhaal está bem, naquele seu registo consistente de sempre. Vale a pena sublinhar que o filme nem chega à hora e meia, e que, ainda mais por isso, é um produto muito bem conseguido.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

À partes


Jogo feio em Dublin.

Não sei se era isso que se esperava ou não, mas o que houve foi um Porto muito menos pujante do que tem sido sempre, e um Braga curto de mais em quase todos os momentos. A juntar a isso um golo assassino de um sobredotado, quando já estavam todos nos balneários, e o falhanço da vida de Mossoró, e acabou a história da nossa final.

Isso não diminui, nem minimamente, o que ambos fizeram até aqui. Do Braga já disse tudo. Domingos é um treinador bestial e partirá do conto de fadas para uma carreira bonita. Villas-Boas é diferente e, pudores à parte de uma vez por todas, é o único de todos os delfins que pode ser comparado a Mourinho. Um ano apenas e ninguém tem dúvidas de como é um absoluto fora-de-série. Isto não tem a ver com qualidade de jogo, com velocidade, com transições, com vitórias ou com títulos. Tem a ver com a avassaladora força mental de que dotou a equipa, com uma concepção de imbatibilidade que, imagine-se, foi consumada num impensável campeonato sem derrotas, e, sobretudo, com a infinitude de possibilidades que fez estenderem-se à sua passagem.

Campeão na Luz, para logo depois lá voltar e virar uma meia-final morta e enterrada, anotar a formalidade de ser campeão invicto e humilhar os adversários aos 5 golos à vez, até à glória europeia. Imparáveis, insaciáveis, incomparáveis. 4 títulos num ano.

O Porto de Sevilha foi a mais extraordinária equipa portuguesa que vi jogar. O porta-aviões de Villas-Boas está, contudo, logo a seguir. Hei-de me lembrar disto daqui a muitos anos, quando o puto aristocrata já tiver feito carreira na alta-roda europeia, ao nível da do feiticeiro que um dia lhe ensinou umas coisas.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

E falaremos dele daqui a muitos muitos anos


Jogo histórico, daqueles dificilmente repetíveis, com o favoritismo do lado do FC Porto mais forte que já vi jogar, uma equipa que, mais do que em qualquer outra altura, parece destinada a isto. Mas o futebol só é futebol porque tudo é possível.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Abatam-no já

"O presidente do PSD considerou este domingo que é "o mais africano de todos os candidatos ao Parlamento", pela sua ligação pessoal a África, por ter uma mulher da Guiné-Bissau e uma filha que "também é africana"."

Um gajo pensa que não pode piorar mas...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Lasciate ogne speranza, voi ch'intrate

"O PSD tem, neste momento, dois líderes – Eduardo Catroga e Passos Coelho. Cada um diz a sua, com destaque para Eduardo Catroga. Um governo com os dois, mais Cavaco Silva na presidência da República e Fernando Nobre na Assembleia, e iríamos assistir a algo de «transcendente»."

Tomás Vasques, no Conquilhas

sábado, 7 de maio de 2011

Giro'2011


"Num jogo de futebol só vemos o estádio. Numa corrida vemos o país, as pessoas, as paisagens. Essa é a magia do ciclismo: a rua."

Eddy Merckx em entrevista a A BOLA, esta semana



Começou hoje o Giro, que vou tentar acompanhar mais de perto pela primeira vez.

Faltam muitos nomes graúdos à antecâmara do Tour, mas estão no pelotão, fora a armada italiana - Nibali, Scarponi, Di Luca -, velhos conhecidos como Menchov, Sastre, Popovych, Arroyo ou Kreuziger, e, sem dúvida, Contador. Parte substancial do interesse da prova residirá na roda daquele que era até há bem pouco tempo o indiscutível número 1 do Mundo, altura em que se afogou no escândalo de doping do qual ainda tenta provar a inocência, num veredicto que será conhecido antes do Tour.

Outro grande ponto de interesse será a performance da comitiva portuguesa, encabeçada por Tiago Machado, que teve a honra de ser considerado chefe de fila da poderosa Radioshack. Machado tem feito lugares fortes este ano, mas o antigo ciclista do Boavista nunca correu uma prova de três semanas e a maneira como reagirá é uma incógnita.

Também na Radioshack está Manuel Cardoso, uma promessa no sprint onde os portugueses não têm grande tradição, que vai espreitar a sua sorte num conjunto muito vocacionado para chegadas em velocidade, com Robert Hunter e o lendário Robbie McEwen. Os sprints serão, aliás, dignos de expectativas, já que a McEwen e ao super-Cavendish, o melhor do Mundo, se junta Petacchi, um peso pesado que tem por hábito falhar o Tour.

Bruno Pires é o "terceiro elemento" da caravana lusa e chega a Itália para correr por fora, na recém-criada Leopard-Trek, dos irmãos Schleck, que guardou todo o luxuoso plantel para a Volta a França.

Contador é o grande favorito e estou curioso para ver como se comporta, mas torço por Menchov. Tiago Machado dificilmente correrá para a vitória, mas é legítimo esperar que se bata pelo top-10, num Giro muito duro, que terá 6 etapas de alta montanha nos últimos 9 dias.

Jesus ou não Jesus


"Segundo lugar no campeonato, meias-finais da Taça de Portugal e da Liga Europa e conquista da Taça da Liga significam uma época desastrosa, como se apregoa? Não me parece. Diria mesmo que é a terceira melhor temporada da década, só ultrapassada pelas duas em que o Benfica se sagrou campeão nacional."
Alexandre Pereira, no maisfutebol

No ano passado seria uma dúvida risível. Depois dos 5-0 no Dragão, na primeira-volta, reforcei que era bárbaro o Benfica ponderar abdicar de Jesus quando o nível do seu trabalho recente ainda era tão evidente. Mesmo com a Liga só ao fundo do túnel, a equipa acabou por responder superiormente e voltou à performance do ano passado, ganhando 20 jogos oficiais seguidos e chegando às meias-finais de uma competição europeia.

A questão é que não houve final feliz. O Benfica de Jesus acabou por ser absolutamente amassado neste final de época, e perdeu da forma mais humilhante possível todos os seus anéis - rival campeão na Luz, rival a virar uma meia-final impossível na Luz e outra meia-final perdida para um adversário caseiro. Como é que um treinador que foi completamente impotente, vez sobre vez, ainda pode motivar um grupo?

É uma dúvida mais do que razoável e a questão é, indubitavelmente, delicada e complexa. Tal como sublinha Alexandre Pereira é, porém, indispensável fazer uma análise racional ao trabalho de Jesus no Benfica: a qualidade de jogo que foi capaz de demonstrar nestas duas épocas, um título e uma meia-final europeia (mais duas Taças da Liga), são, de facto, o melhor que o clube mostrou em muitos anos. Mantenho, por isso, o que disse há meses: começar do zero não terá mais probabilidades de resultar do que de falhar e Jorge Jesus não é um treinador qualquer.

Uma equipa como nós


"Nada se compara ao feito do Braga e de Domingos, que, em termos relativos, encontra pouco paralelo na História das competições europeias."

Celtic, Sevilha, Partizan, 2-0 ao Arsenal, Poznan, Liverpool, Kiev e Benfica. O Braga chega a Dublin depois dum jogo de avassaladora maturidade emocional e sela um percurso em que nunca pôde fazer menos do que transcender-se: nem um dos que deixou pelo caminho tem um orçamento menor do que o seu. Seja qual for o resultado, os guerreiros voltarão a provar na final o que já deixaram mais do que crível até agora: que tudo é possível. O que Domingos conseguiu em dois anos é inenarrável.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A missão impossível IV

"O Real joga à defesa, é certo, mas jogará o Barcelona ao ataque? Talvez não interesse, mas sei que o plano de Mourinho para estas meias-finais perdidas foi boicotado pelos dois árbitros. A defesa era apenas a primeira parte da história. Mas Daniel Alves decidiu voar e cair deitado no chão a queixar-se de umas dores que nunca existiram. Imperdoável. Vergonhoso. E tudo se desmoronou. Esqueço a finta maravilhosa de Afelay e o monumento de Messi no segundo? Nunca. Mas a beleza desses dois momentos já tinha sido obliterada pelo erro anterior. A emoção foi-se. Ficou a aborrecida perfeição da máquina futebolística barcelonesca. A inevitabilidade da vitória. E isso não é poesia."

Sérgio Lavos, no Arrastão

Mesmo com a eliminatória ferida de morte ainda houve tempo para anular anedoticamente um 0-1 limpo a Higuaín. O perfume deste Barça já evaporou há muito, consumido pela podridão do sistema, mas finalmente a História começa a fazer justiça e a tomar nota de tamanho favorecimento, falta de fair-play, desonestidade e do vazio dos 70% de posse de bola. Para o ano há mais, e desengane-se quem acredita que Mourinho foi passado a ferro e que o Real continua num vazio de metas inalcançáveis. Para já, valha a pureza do velho United em Wembley.