domingo, 10 de fevereiro de 2013

Bélgica. A segunda geração de ouro


A Bélgica não vai a uma grande competição há dez anos. A última presença foi o Coreia-Japão, em 2002, onde os belgas conseguiram chegar aos oitavos-de-final, sendo, então, batidos pelo Brasil, pentacampeão que havia de ser. O hiato começaria em 2004, justamente no nosso brilhante Europeu, e prolongou-se até à Polónia e à Ucrânia, no Verão passado, num total de 3 Europeus e 2 Mundiais falhados. A verdade é que, já bem antes disso, a Bélgica perdera a sua expressão. A idade de ouro do seu futebol foram os anos 80. Em Itália, logo no ano zero dessa década, os belgas foram vice-campeões da Europa; seis anos depois, no imortal Mundial do México, viriam a ser quartos, tendo a honra de perder as meias-finais para que se escrevesse a História de um profeta. Foi a época de Pfaff, Gerets, Ceulemans e Scifo.

O novo século começou com o país a organizar um Campeonato da Europa, a que lhe juntou, logo depois, o tal Mundial simpático na Ásia. O que se seguiu, no entanto, foi a segunda maior crise de presenças da História da selecção, até ver. Na última década, é pacífico dizer que a Bélgica foi varrida do mapa futebolístico europeu. Os últimos dois anos têm sido, porém, uma pedrada no charco desse sentimento de depressão: quase de repente, os melhores clubes da Europa começaram a ser invadidos por jogadores belgas. Têm chegado, afirmado-se e crescido de uma forma absolutamente exponencial. Com a Premier League a servir de santuário primordial, e muito especialmente este ano, os belgas têm sido notícia quase todas as semanas, e pelos melhores motivos. E se pararmos, e investirmos no exercício mental clássico de fazer um onze, então o resultado final será de um luxo entusiasmante e mais ou menos surpreendente.

Na baliza, há Courtois (Atlético, emprestado pelo Chelsea) e Mignolet (Sunderland).

Na defesa, Kompany (City), Vermaelen (Arsenal), Vertonghen (Tottenham) ou Lombaerts (Zenit).

No miolo, Hazzard (Chelsea), Fellaini (Everton), Witsel (Zenit), Dembélé (Tottenham), Defour (Porto) ou De Bruyne (Bremen, emprestado pelo Chelsea).

No ataque, Lukaku (West Brom, emprestado pelo Chelsea), Benteke (Villa) ou Mirallas (Everton).

Nenhum nome desta lista tem mais de 27 anos. Courtois, Hazzard, Bruyne, Lukaku e Benteke ainda são sub-23. O que esta equipa pode crescer no futuro próximo é qualquer coisa de imenso. Provavelmente não será uma selecção para ganhar títulos, mas é uma equipa para estar, com naturalidade, num top10 continental. E porque o talento não é só sorte, há uma coisa que não deverá ser dissociada deste surto futebolístico: há exactamente 10 anos, desde 2003/2004, a Federação Belga instituiu um novo método de trabalho nos seus escalões, incitando, depois, a que os clubes também o adoptassem. Os resultados deste notável trabalho de base estão agora à vista.

Para já, a Bélgica lidera o seu grupo de qualificação para o Brasil, com uma diferença razoável para o terceiro classificado. O futebol é pernicioso mas, nesta altura, apostar que esta Bélgica de Marc Wilmots - recordista de participações e de golos em Mundiais, pelo país - pode ser uma das verdadeiras surpresas da Copa do Mundo, soa a coisa certa.

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