"I have no choice but to direct my energies toward the acquisiton of fame and fortune. Frankly, I have no taste for either poverty or honest labor, so writing is the only recourse left for me." Hunter S. Thompson
terça-feira, 9 de abril de 2013
Mancini. Ser bom, mas não ser bom que chegue
Bonita vitória do City em Old Trafford. Não por ter sido especialmente bem jogada, muito menos por vir alterar alguma coisa nas contas do campeonato. Mas com a liga perdida há meses a fio, e com Mancini a ter um pé fora do seu projecto inglês, foi das coisas dignas do ano a densidade que o City emprestou ao jogo, e a sua convulsiva vontade de ganhar. Provocava no ar o ajuste de contas pelo 1-6 do ano passado, e o que houve foi uma troca de faixas à altura de um campeão em título. É o tipo de coisa que tem sempre de se admirar.
Quatro anos depois, no entanto, é difícil que estes não sejam os últimos dias de Mancini no frio de Manchester. Campeão em curso, e senhor de muitos jogos grandes nos últimos anos, serão poucos, na verdade, os que não achem que Mancini foi sempre de menos. É difícil não ir por aí. Desde 2009, o planeta futebolístico não presenciou nada remotamente parecido ao que os baby blues pagaram pelos seus reforços. Abramovich passou a ser um menino ao pé do sheik Al Nahyan. O City não fez equipas; empilhou, autenticamente, os melhores jogadores do mundo, contratou aos rivais com desfaçatez, e reinventou, a ferro e fogo, a velha máxima dos "dois jogadores por posição." Mesmo assim, a única coisa que iluminará verdadeiramente os olhos dos adeptos nestes quatro anos, é lembrar o Aguero possuído que, literalmente no último segundo do último dia do ano passado, fez a impossibilidade de reescrever a história de um campeonato que já tinha acabado, numa daquelas tardes que acontece uma vez na vida. "One day, they will make a Hollywood movie about this", sentenciou a claridade de sempre da ESPN.
O City cumpriu a obrigação de ser campeão com essa estrela do último dia, mas a sua liga espectacular não teve nada que ver com sorte. Ao contrário do que muita gente pensa, aliás, ganhar o que se está à espera, é tudo menos fácil. O campeonato ter chegado ao fim no limite só valoriza essa vitória de Mancini. É que o novo-riquismo não compra vitórias, e em Inglaterra, muito menos. Romper uma tríade de colossos, e ganhar a Premier League com uma equipa feita do chão, é coisa que nunca lhe poderão tirar. A ironia é que, no futebol, ser bom como se está à espera é tão difícil quanto... insuficiente. No fim, o jogo é sempre dos que são ainda melhores do que isso. Dos que transcendem não só as dificuldades, mas, necessariamente, as expectativas.
Este City tinha de ser campeão. Era difícil, mas foi. Era difícil, mas não chegava. Na verdade, o que este City tinha de ser era um grande no continente, e, pelo menos, um bicampeão na ilha. Era imenso, mas, em dois anos, Mourinho foi. No dobro do tempo, Mancini não lutou verdadeiramente por três campeonatos, e foi uma piada dolorosa no biénio da Liga dos Campeões. Mancini é bom treinador: campeão inglês, campeão italiano, um notável vencedor de Taças. Só não é tão bom como pensa e, definitivamente, não tão bom como o City precisaria que ele fosse.
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