sábado, 20 de abril de 2013

Os melhores da melhor

 

"A Associação de Futebolistas Profissionais de Inglaterra divulgou esta sexta-feira a lista de atletas candidatos ao prémio de melhor jogador do ano a atuar na Premier League. Luís Suarez, do Liverpool, Gareth Bale, do Tottenham de André Villas-Boas, Robin van Persie e Michael Carrick, do Manchester United, e Eden Hazard e Juan Mata, do Chelsea, são os jogadores que lutam pelo galardão, que será entregue no dia 28 de abril. (...) Bale, aliás, também figura entre os candidatos ao troféu que distingue o melhor jogador jovem da liga inglesa, bem como Hazard, do Chelsea. Christian Benteke, do Aston Villa, Romelu Lukaku, do West Bromwich Albion, Danny Welbeck, do Manchester United e Jack Wilshere, do Arsenal, são os restantes jovens na corrida pelo troféu." 

RVP, Bale, Suárez. É esta a trindade santíssima do ano, donde sairá, necessariamente, o MVP. Mata e Hazzard são os outros realmente indiscutíveis, apesar de mais um ano vivido na montanha russa de Stamford Bridge. É uma pole sem favores, praticamente indiscutível, como são quase sempre em Inglaterra, e como sabe sempre melhor. Para implicar, só sobrou o joker. Carrick é quem fecha a lista, na condição de único outro indiscutível do campeão, e a superioridade do United foi tão exaustiva, que isso quase se chega a aceitar. Não está em causa a forma como, no meio do turbilhão de rotações do miolo de Ferguson, Carrick se soube acomodar na equipa. O que é custoso é que o inglês não foi, nem nunca será mais do que isso: um gregário competente, constante e com boa vontade, não especialmente talentoso, nunca especialmente decisivo, e, na verdade, abaixo da média do que o United devia ter ali.

Pelo contrário, há muito boa gente cujo justificativa para a indicação salta aos olhos. Por exemplo, aquele que foi, sem discussão possível, a revelação da Liga. Miguel Pérez Cuesta, o impressionante Michu (Swansea), foi nota de rodapé nas transferências de Verão (2 milhões de euros, vindo do Rayo), mas, no seu jeito arrastado, que às vezes lembra um tal de Zidane, converteu-se de falso 10 a ponta-de-lança, e assumiu-se como o terceiro goleador do ano, e o guia do primeiro grande título dos cisnes brancos de Gales. A sua ausência é inaceitável, tal como se pensa em Walcott, Fellaini, Cazorla, Tévez, Gerrard ou Rickie Lambert, por esta ordem, e se enumera facilmente mais do que uma mão cheia de melhores opções.

Durante muito tempo, pareceu que o vencedor só poderia ser um, nada mais do que o próprio detentor do título: Robbie Vantastic protagonizou a transferência do Verão, e a naturalidade desconcertante com que roubou o espectáculo, oferecendo o título à sua nova equipa praticamente no Natal, explicava tudo bem que chegue. O problema, de certa forma, foi que o United ganhou cedo demais. Enquanto a equipa já descansava para outras lutas, vincou-se, então, a concorrência. Por detrás dos portões sagrados de Anfield, o estupendo Luisito Suárez redescobriu a tonelagem goleadora e, até ver, veio mesmo roubar a Bota de Ouro que já não parecia fugir ao holandês, num Liverpool que chegou a contagiar, antes de se voltar a enganar nos seus problemas de sempre. Mais a Sul, porém, houve um furacão galês que se encarregou de chocar quase tudo e quase todos, e fazer do Noroeste de Londres um sítio mais ou menos da estratosfera. Van Persie foi, de muito longe, a figura crucial do campeão; Suárez talvez até acabe melhor marcador; Bale, por sua vez, poderá nem ficar no pódio, mas todos quantos viram os jogos do Tottenham, sabem que viram jogar o Melhor do Ano. Foi impressionante demais para não ser o meu favorito.

Independentemente do resto, Bale será o Melhor Jovem, mas vale a pena salientar um espectacular trio de belgas, que salienta a tal segunda geração de ouro da nação centro-europeia. Hazzard dispensa apresentações, porque já trazia o cartel, e porque as fez pessoalmente desde o primeiro minuto de Premier League. Maior é a nota para Christian Benteke (22 anos, 15 golos) que, no ano de estreia, foi a chave de ouro para a manutenção do histórico Aston Villa; mais ainda, Romelu Lukaku, titular no Anderlecht aos 16 anos e mito nos jogos de scouting, encontrou, aos 19 anos, no Brom que foi uma das saudáveis revelações da temporada, o lugar perfeito para crescer à altura do que todos esperavam dele. Fora os peixes graúdos, o miúdo que o Chelsea, por certo, não voltará a emprestar no próximo ano, foi o melhor jovem da época.

Premier League 2012/2013, a cortina está quase a tombar. Chega dizer que foi tão bom como sempre. A minha equipa ideal:

Begovic (Stoke); Johnson (Liverpool), Nastasic (City), Vertonghen (Tottenham), Baines (Everton); Hazzard (Chelsea), Gerrard (Liverpool), Mata (Chelsea), Bale (Tottenham); Suárez (Liverpool), Van Persie (United).

Hart (City), De Gea (United); Rafael (United), Shawcross (Stoke), David Luiz (Chelsea), Jose Enrique (Liverpool); Walcott (Arsenal), Fellaini (Everton), Carrick (United), Cazorla (Arsenal); Michu (Swansea), Tévez (City).

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