sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Boss, season 1


"Do you know who the fuck i am? Right now, in this moment, i'm the angel of fucking death for you. And the next few minutes are gonna feel like prediction itself if you dont't tell me what i need to know"


O Boss é um homem: o venerável Mayor Tom Kane (Kelsey Grammer), presidente eterno da Câmara de Chicago, um líder histórico e incontornável, temido e odiado, e a história é a da sua perpetuação no poder. Kane é um monstro político implacável e impiedoso, senhor de uma ira majestática, e que é capaz de rigorosamente tudo para manter a cidade nas suas mãos.

A acção começa, ironicamente, no momento em que este descobre ter uma doença terminal altamente degenerativa, que o vai levar a pôr tudo em causa. Desde logo a reaproximar-se da filha toxicodependente, mas também a questionar-se a respeito do seu legado, duvidando se o que teve de fazer tinha um propósito para o seu povo, ou se, a dada altura, foi o mero meio para eternizar-se no cargo. Performance absolutamente icónica de Kelsey Grammer, e que lhe valeu o Globo de Ouro deste ano para Actor Drama.

Boss é um excelente drama político, que não aborda o sistema apenas do ângulo linear da corrupção pela corrupção. Fala de desencanto, abuso de poder, conspiração e traição, mas mostra que a política é uma realidade muito complexa, que se traduz numa luta incessante pelo poder, onde não existem, no fim de contas, os bons e os maus. A única certeza é que é preciso sacrificar muitas coisas para conseguir algumas. O limite é saber distinguir quando é que existe um desígnio, e quando é que os vícios já consumiram tudo. E Boss ainda aborda o jornalismo, na sua simbiose intrínseca com o poder, investindo numa narrativa pragmática mas romântica qb.

Os dois melhores secundários são os conselheiros do presidente. Ezra Stone (Martin Donovan) é o histórico e fiel braço-direito, um imprescindível, o cérebro que o aconselhou durante todo o caminho, um verdadeiro peso pesado da assessoria, conhecedor do meio como ninguém, e capaz de ler superiormente qualquer situação. Kitty O'Neill (Kathleen Robertson) é uma espécie de relações públicas, uma mulher extraordinariamente sensual, que é recente no meio, mas que aprendeu muito rápido, e que se faz valer pela criatividade.

Ainda merecem referência Alex Zajac (Jeff Hephner), o contagiante candidato a Governador do Illinois, um jovem ambicioso, perdido por mulheres, e com dotes de retórica prodigiosos; e Sam Miller (Troy Garity), um abnegado, incómodo e irascível jornalista, sempre a farejar a verdade.

A série (8 episódios) não é perfeita, o que é notório nalguns desfechos pouco felizes no fim da temporada, mas é, ainda assim, um retrato belíssimo da política, alicerçado, nunca é demais reforçar, numa prestação monumental de Kelsey Grammer.

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