terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Tinker Tailor Soldier Spy


Pondo-o de uma maneira simples, é a maior desilusão do ano.

Um filme britânico sobre espionagem na Guerra Fria, com Gary Oldman, Mark Strong, John Hurt, Colin Firth, Tom Hardy e mais um mão cheia deles parecia uma aposta de risco zero.

O resultado, contudo, é incompreensível. A nível de narrativa, é um dos filmes mais infelizes que vi nos últimos tempos: flash-backs, flash-forwards, cortes e recortes, subentendidos mal entendidos, tudo num perfeito exercício de auto-absorção que, mesmo a ter por base a escrita de Le Carré, falha completamente no grande ecrã. O sueco Tomas Alfredson fez um filme críptico, difícil de assimilar, pretensioso e fechado sobre si próprio, sendo complicado acompanhar o próprio desenrolar da acção, tal é a falta de critério com que se vai colando tudo aquilo. Ver Tinker Tailor Soldier Spy é cansativo, e, no fim, não há ponta de grandiosidade.

O argumento tem uma ou outra linha interessante (a relação do protagonista com a mulher que nunca aparece, a lealdade entre alguns dos membros da cúpula mais alta do MI6), mas está longe de salvar o filme, e não merece a nomeação para Argumento Adaptado que teve hoje. O cast, tão recheado, acaba por anular-se mutuamente. Para mim, que gosto muito dele, Gary Oldman também não justificou a nomeação para o Óscar. Bastou-lhe ter postura, num papel fácil, e muito menos desafiante e poderoso do que a maioria das coisas que costuma fazer. Os melhores foram Mark Strong, a personagem com maior empatia, e Benedict Cumberbatch, underdog num elenco tão celebrado, e que tem os momentos mais tensos do filme.

Tudo somado é quase nada, perante tamanho potencial.

5/10

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