terça-feira, 15 de outubro de 2013

Fast & Furious 6. Ainda o melhor guilty pleasure do mercado


Há casos de militância em que uma crítica tende a ser redundante. Fast and Furious é uma dessas situações em que sou suspeito: a franchise tem química, tem carisma, tem história e continua a ser absolutamente competente a concretizar o core da sua acção. O tempo passa e continua a cravar legado e, acredito, a preservar a sua legião de fiéis. De Furious já se sabe o que esperar e só consome quem quer: a reunião do insubstituível velho gangue para cada nova jornada, um sem fim de sequências brutas de acção e uma trama romanticamente moral, seja no crime, num ajuste de contas ou, como agora, do lado da família e da lei. Admiro, muito especialmente, a capacidade da saga para continuar a manter os pés no chão e a ser pura na sua história, sem nunca descaracterizar o seu adn com ambições desmedidas. Hoje, usufrui de um carisma palpável e de uma identificação com os espectadores que é incontornável (um mimo os minutos de genérico, com a alusão a todos os velhos tempos).

Foi o filme número 4 da conta de Justin Lin e o taiwanês voltou a dar bela conta de si. FF continua a valer o bilhete pelo poderio de cada grande sequência - mesmo que não resista a exagerar aqui ou ali -, coisa que conjuga com a sua sempre aprazível corrida pelo globo, cheia de lugares ricos, a fazer a jornada da sua trama. Chris Morgan, no argumento, faz parceria com Lin desde Tokyo Drift e, se é  verdade que a génese da saga não dá espaço para quaisquer refundações, é justo enaltecer a excelente forma como o texto concretizou a linha mais identificativa da história de Furious 6, e aquela que ameaçava ser a sua grande vulnerabilidade: a "ressurreição" da personagem de Michelle Rodriguez. O tratamento dessa narrativa acabou por ser, não só simples e elegante, como uma efectiva mais-valia para a história, numa injecção de química que rendeu, por exemplo, a melhor cena do filme (Letty e Toretto no fim da corrida de rua).

O regresso de Michelle Rodriguez foi, aliás, um aumento de capital exponencial no cast. Mesmo que, agora, num contexto que a forçou a ser mais impessoal, a latina voltou a ser uma verdadeira chapa e é inevitável ficar rendido ao poder que empresta a cada cena. Se a partição da ribalta com Paul Walker foi quase sempre a regra, desta vez, este é, assumidamente, um filme de Vin Diesel, que o aproveita tanto quanto possível. É a sua história, a sua família e a sua saga e, em FF6, Diesel enche a casa, mais plenamente patriarca do que nunca. No resto, é um cast que preserva o je ne sais quoi de sempre e que, realmente, continua a brilhar como um todo.

Como o provou uma vez mais, Fast and Furious continua a resistir ao teste do tempo e, por mérito próprio, a recusar etiquetas de validade. No próximo Verão, com novo realizador e reforços do peso de Jason Statham, Djimon Hounson ou Kurt Russel, aí continuará para as curvas.

7/10

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