quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Absolutamente um must


Considerei-a, no início do mês, a primeira jóia da temporada. Concluído o primeiro quinteto de episódios, sou forçado a insistir: Masters of Sex é uma das séries do ano e é impensável que ainda não a estejam a ver.

Michael Sheen é, provavelmente, o lead masculino mais interessante da temporada, fruto de uma personagem de uma riqueza ímpar. É um homem severo, frio, hostil, que parece incapaz de baixar a guarda ou de reduzir a distância, mas que não tem, contudo, ponta de maldade, e acaba por ser extraordinário que, mesmo que faça ostensivamente pelo contrário, caiam sempre uma série de migalhas pelo caminho que nos fazem empatizar com ele, com a sua vulnerabilidade, as suas assombrações pessoais, os seus medos e os seus desejos.

Lizzy Caplan tem uma aura que, definitivamente, não encontramos muitas vezes. É palpitante e carismática, e não há forma de deixar alguém indiferente assim que entra em cena, na fusão entre imagem, maturidade e uma avassaladora segurança de si, do que faz e do que quer. É mistificada como fantasia, e esse é um caminho no qual embarcamos de bom grado, já que ela está à altura do epíteto, e jamais de uma forma vulgar, mas é verdadeiramente o seu carácter aquilo que a torna apaixonante.

Por esta altura, também já emergiram os secundários: Nicholas D'Agosto é excelente no seu jogo permanente entre luzes e sombras, um médico-aprendiz realmente capaz, com tacto e genuíno bom coração, mas consumido por ambição e por não poder ter aquilo que mais queria; Caitlin FitzGerald, a esposa, é a mulher de cristal, dramaticamente frágil e ingénua, feita para afligir-se em silêncio, mas que vai colocar-se numa posição que me parece vir a dar-lhe uma margem de progressão tremenda.

Masters of Sex continua a surpreender de episódio para episódio. É uma série de época com toques de leveza e de bom humor, mas com constantes e massivos estremecimentos emocionais que nos deslumbram, como uma caixinha de surpresas que parece ter sempre mais um segredo para contar. Fiquei impressionado desde início, mas não achei que pudesse ter tantas camadas e fosse ser tão rica, requintada e densa nas suas narrativas paralelas. Facto é que, para já, não há outra no mercado tão bem escrita e interpretada, e isso fala por si.

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