quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Masters of Sex. A primeira pérola da temporada


Pelo menos, parece.

Notavelmente desenvolvida por Michelle Ashford (nomeada ao Emmy como co-argumentista de The Pacific), conta a história de William Masters e Virginia Johnson, a parceria improvável entre um ginecologista e uma ex-cantora de boate, que, no fim da década de 50, se tornaram investigadores pioneiros na pesquisa sobre a resposta sexual humana. Juntos viriam a registar os primeiros dados de sempre sobre o campo a nível anatómico e fisiológico, tendo por base um método de observação directa, então chocante, e nunca dantes levado a cabo. As suas principais conclusões, a respeito da estimulação sexual feminina e do orgasmo, fizeram deles investigadores icónicos e autores de culto.

Ashford adapta aqui um livro de Thomas Maier (Masters of Sex: The Life and Times of William Masters and Virginia Johnson) e, a avaliar pelo piloto, ameaça ter feito um trabalho de eleição. Masters of Sex é uma série híbrida no melhor sentido da palavra, determinadamente séria sem ser pesada, com belíssimas madeixas de humor, mas longe de ser cómica, com um texto tão rico quanto acessível e um inefável manto de curiosidade. É esse, aliás, o mais irresistível de todos os seus trunfos: na fusão entre descoberta, intimidade, preconceitos de uma geração e construção de conhecimento, mais do que qualquer género, Masters of Sex é uma série genuinamente interessante.

Os protagonistas também marcam pontos desde a primeira hora. Michael Sheen tem uma densidade enorme. Não é o tipo carismático ou arrogante que se costuma alugar para lead mas, em vez, um homem inseguro, ainda que determinado, estranho, ainda que com um certa aura. Projecta uma vulnerabilidade magnífica, um contra-peso notável entre o médico supra-sumo que é e a fragilidade dos seus fantasmas pessoais. Lizzy Caplan brilha à mesma altura. É carismática, ágil, tremendamente auto-confiante e tem uma presença extraordinária. Tal como a sua própria personagem, parece uma escolha por instinto, e facto é que acerta à primeira vista.

O piloto da Showtime (29 de Setembro) não podia ter deixado melhor impressão: a série foi reconhecida pelo Critics Choice como uma das mais prometedoras do ano e já lhe viu serem garantidos os 12 episódios da primeira temporada. Pela amostra, a sensação que fica é a de um must para o Outono 2013.

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