quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Pacific Rim. Um blockbuster dos antigos


Foi um dos dois ou três filmes mais caros do ano e, a nível de capacidade digital, vive à altura dessa honraria. Os robots, os monstros e todas as sequências de acção são material de primeira água, digno de ser visto em alta definição, e cumprem o seu desígnio de filme majestático de Verão, irrepreensível para quem queira ter duas horas de escape a consumir espectacularidade por ela própria. Não deixa de ser, contudo, um filme bastante limitado nas suas traves mestras, absolutamente previsível e com uma ilusão de grandeza que lhe tira muitos pontos.

De facto, se o trabalho de Guillermo del Toro na realização, para efeitos de um monster movie, é quase intocável, já do seu argumento, partilhado com Travis Beacham (Clash of the Titans), é impossível dizer o mesmo. Pacific Rim até tem umas nuances interessantes, desde logo, a envolverem a história e a química do seu protagonista. Depois, é igualmente capaz de, muito à laia de Transformers, criar uma certa mística com os seus mega-robots. No entanto, as boas ideias ficam-se por esses arranjos de forma e não de fundo. O esqueleto da história - uma invasão de aliens que vêm do fundo do mar para eliminar a raça humana - é banal, o filme não tem um único momento em que seja capaz de surpreender e, acima de tudo, é autenticamente inquinado por um vitral invejável de clichés, que deixa a sensação de estarmos a ver uma colagem de plágios qualquer, sem nenhuma característica identitária própria. Entre regresso do filho pródigo, confrontações com lágrima no canto do olho, romance, frases enjoativas, discursos de batalha e sacrifícios heróicos, acho que não faltou nenhum.

Mesmo possuído pelo excesso de iconofilia tão caro aos americanos, Charlie Hunnam foi uma boa surpresa como lead. Acima do menino bonito e oco, é um tipo genuíno, capaz de agarrar as suas cenas, com arcaboiço interpretativo. Foi uma mais-valia importante. Idris Elba, pelo contrário, passou largos furos abaixo do que pode fazer. O papel pedia-lhe impessoalidade e frieza e o britânico nunca soube ser crível nesse colete de forças. Rinko Kikuchi, a japonesa que ocupa o principal papel feminino, foi um erro ao comprido, do argumento ao cast. Dos restantes, Max Martini tem grande presença e ficou bem na fotografia.

Em suma, Pacific Rim é um bom junk movie, como todos gostamos de vez em quando, caro e bem executado, e que não vai desiludir ninguém que saiba o que esperar e que se divirta com o que ele oferece. Não se pense, no entanto, que há nele alguma coisa acima da média.

6/10

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