The Messenger é, provavelmente, o segundo argumento com mais potencial do ano, depois do Up in the Air. Tinha criativo, esticava o tema da guerra a um ângulo praticamente nunca abordado e tinha uma componente emocional tremenda a explorar. Aliás, a esse respeito, na inovação da abordagem, é um filme com muitos pontos em comum com o filme de Clooney. A grande diferença entre ambos é, no entanto, a realização. Enquanto que o Jason Reitman torna o Up in the Air num must, com uma direcção colorida e inteligente, pelo dinamismo e pela acutilância, the Messenger é um grande argumento mal concretizado. Isto porque a realização acaba por ser muito estilística, com muita exploração de planos e de silêncios, um tanto ou quanto by the book, que lhe retiram fluidez e o tornam maçudo, pesado e desinteressante. Será um caso típico de ausência do keep it simple, ainda por cima porque o filme começa francamente bem.
Fica, ainda assim, a estória de dois "Anjos da Morte", uma das muitas equipas de notificação de mortes do exército americano, e um retrato forte de um trabalho incrivelmente delicado, que exige disciplina e um imenso controlo emocional. Ao mesmo tempo, o argumento deriva para as particularidades dos dois protagonistas, homens do Exército separados por muitos anos de idade, mas iguais na ideia essencial de que não há volta a dar, não há relações a sobreviverem à guerra e à vida militar. O Woody Harrelson, nomeado para Actor Secundário, na pele do velho sargento que nunca teve uma verdadeira experiência de campo, não é suficente para ofuscar o Ben Foster que, mesmo sem brilhar especialmente, é o centro indiscutível do filme. Dois homens perdidos e sozinhos, irmãos apesar das diferenças. Ainda assim, apesar de todos estes pontos positivos, não deixa de ser, no final de contas, um filme bastante mal levado. Infelizmente.
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