O Campeonato e a UEFA perdidas na mesma semana, e o apuramento para o Mundial falhado num último minuto, não foram sorte. Foram mérito teu, pá!
"I have no choice but to direct my energies toward the acquisiton of fame and fortune. Frankly, I have no taste for either poverty or honest labor, so writing is the only recourse left for me." Hunter S. Thompson
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Não te menosprezes, Zé
O Campeonato e a UEFA perdidas na mesma semana, e o apuramento para o Mundial falhado num último minuto, não foram sorte. Foram mérito teu, pá!
Even though I walk through the valley of the shadow of death, i fear no evil
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domingo, 25 de julho de 2010
Quando o poster é, a boa distância, a melhor coisa presente
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Nolan, sempre o maior de todos
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Mesmo assim, e mesmo sendo um sacrilégio querer criticar coisas deste nível, não posso deixar de dizer que estava à espera de algo mais. O filme é fantástico, sublinhe-se, mas a Nolan temos de exigir sempre um pouco mais do que isso. Não digo que faltem morais de fundo, ou quaisquer coisas francamente reflexivas, porque Nolan é muito mais de criatividade do que de morais, mas a sensação que ficou foi que, a dada altura, o próprio Nolan acabou por se perder no hermetismo do filme, e não o conseguiu depois fechar com a maestria de sempre. O fim não é desadequado, fraco, e nem sequer assenta mal, mas é previsível, sobretudo um tanto ou quanto fácil, e isso tem pouco a ver com Chris Nolan.
Ao nível das interpretações, e ao contrário do que seria de esperar, Di Caprio não conseguiu ter o poder de ecrã dos últimos tempos. Mesmo com as especificidades do personagem, acabou por ficar estranhamente distante do ícone que cada vez mais tinha habituado a ser, num papel perturbado, escuro, e pouco intenso. Sem ninguém brilhar muito alto, merecem a nota Gordon-Levitt e Tom Hardy, bons secundários. Marion Cotillard, sem tirar o fôlego, assentou bem ao papel. Ellen Page não é para estas coisas.
Inception será, por certo, o argumento com mais potencial do ano, e definitivamente o mais criativo. Mas faltou maior emotividade à acção, maior propósito para o crime em que tudo aquilo assenta, e, sobretudo, um acabamento de outro campeonato, no fundo, o campeonato de Chris Nolan. E não, ao contrário do que pelo menos o imdb parece fazer crer, este não é, claramente, o melhor filme do génio londrino.
terça-feira, 20 de julho de 2010
Um gajo percebe que isto é grave, quando é o AJJ quem tem de vir chamar à razão
«Esta não é a ideologia do meu PSD. Estou frontalmente contra e estou no direito de estar contra. Expulsem-me, que é um favor que me fazem», disse o líder do PSD-Madeira aos jornalistas, em S. Vicente.
(...)
Jardim declarou rejeitar «o despedimento sem justa causa», incluído na proposta de revisão constitucional do PSD.
Entre as razões para discordar do projecto do PSD, defendeu que «o Estado tem que ter responsabilidades para com as classe mais desfavorecidas, nos domínios da saúde da e educação» e referiu entender que «qualquer mudança de governo tem que estar sujeita ao povo português»."
domingo, 18 de julho de 2010
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Só faltou o Helton, o Rolando, o Hulk, o Falcão, o Moutinho e um "o último a sair que apague a luz"
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Ah miúdo
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Cada vez mais, nos últimos tempos, dava-me para olhar para o Sérgio Paulinho de lado, com um certo despeito. Medalha de Prata em Atenas, e desde cedo na alta roda, até sob a asa dum monstro como Armstrong, os últimos anos não fizeram muito por ele. Com equipas suspensas por escândalos de doping que lhe eram alheios, e, em competição, com responsabilidades de trabalho permanentes para com os seus líderes, sempre candidatos à vitória final, o que me custava não era que ele não andasse a ganhar coisas ou a lutar pelo top 10, era vê-lo, vez sobre vez, a ficar para trás na montanha, sempre numa espécie de poupança para etapas que nunca chegavam. Mesmo neste Tour, nunca o tínhamos visto de peito ao vento na montanha, nem sequer a espreitar nas etapas médias, em que ele, ao estilo das Clássicas, tem, por natureza, potencial para brilhar.
terça-feira, 13 de julho de 2010
África do Sul 2010 - Como Foi
Da França não esperava nada, o mesmo já não posso dizer da Inglaterra. Por Capello, sobretudo. Com ele, Rooney depois da melhor época da carreira, e a enorma equipa de sempre, a Selecção dos Três Leões não podia ter passado tão vergonhosamente pela África do Sul. Nem cinismo, nem segurança, nem inteligência, nem individualidades, nem frieza no último terço. Nada à Capello. A equipa foi banal, ridícula a construir, constrangedora a finalizar, teve frangos, não teve um destaque individual, e saíu goleada. Fala por si.
À medida que o Mundial se aproximava, perdi alguma fé na Itália. Maus resultados na preparação, pouca segurança, e, especialmente, uma imagem de gasto que, apesar do regresso de Lippi, não pensava que se fosse instalar. O tombo italiano só pode ser considerado menor do que o inglês por essa perda de fulgor que se percebeu no pré-Mundial (e porque se esperava muito da Inglaterra), mas ainda assim a performance foi má de mais para ser verdade: a um empate de se qualificar no último jogo, a Azzurra ficou em último, sem vitórias, no grupo mais fácil do Mundial. Depois de 4 anos a falhar muito mais do que poderia, ao recém-chegado Prandelli sobrará muito que fazer nos próximos 2 anos.
Também esperava mais do Brasil. A selecção de Dunga não passou vergonhas como as duas anteriores, caíu dalguma maneira de pé, como disse, na altura, sem ter sido inferior nesse jogo com a Holanda, mas facto é que o Brasil tinha estrutura e tinha equipa, como sempre, para não ter ficado, pelo segundo Mundial seguido, nuns quartos-de-final. Talvez até fosse perdoável a muitos "grandes", não o é à Canarinha.
Os Melhores
Indiscutivelmente, o melhor futebol do Mundial foi o da Alemanha. Disse, e mantenho, que a Espanha é a melhor selecção do Mundo, mas isso, sem pôr em causa a qualidade do futebol jogado, vai muito para além dele. Na intensidade dos 90 minutos, permaneço fã incondicional do jogo alemão. Antevi que, ao contrário de quem os desvalorizava, os alemães fossem aparecer fortes, (como sempre, no fundo), mas nunca pensei que a este nível. Os 4 golos a ingleses e a argentinos entram para a História dos Mundiais, e a potência do seu ataque ficará na memória durante bons anos, como mais uma selecção fantástica que não foi capaz de ganhar. Será ousado dizer isto, na indiscutível Era espanhola, e depois da Roja não ter deixado dúvidas sobre quem é superior, nas meias, mas, entre os dois, eu pagava bilhete para ver a Mannschaft.
A Argentina. Disse que não acreditava numa grande campanha, e a equipa caíu goleada nos quartos. No entanto, ponho-a entre as melhores. Por convicção. Porque gosto de Maradona, e porque ele foi, sempre, uma das figuras da competição. Um ícone enquanto esteve, o incontornável que se espera que ele seja sempre. Enquanto se pôde divertir, a Alviceleste foi marcando golos atrás de golos, teve Messi no seu bailado eterno, teve Higuaín e os mísseis de Tevéz, e teve um coração do tamanho do Mundo. Quando chegou a Alemanha, perdeu por 4, num jogo em que só tinha um médio. É pela pureza, por essa crença infinita no talento dos seus jogadores, que Maradona e a Argentina foram uns dos melhores. Destroçado na despedida, El Pibe disse que esta equipa devolveu o futebol argentino "às suas raízes". Futebol é isto, o resultado é outra coisa qualquer.
Falar ainda daquele que foi, para mim, um quarteto de luxo, senhores do futebol mais entusiasmante para além da Mannschaft: México, Japão, Estados Unidos e Gana. Os três primeiros ficaram todos nos oitavos, mas deixaram muito que contar na África do Sul. Os mexicanos foram uma das selecções mais fortes da primeira fase, assentes num delicioso ataque a três, e numa equipa imensamente cativante de trás à frente, em 3-4-3. Terão sido a equipa com mais revelações individuais, de Juárez a Chicharrito, passando por Barrera ou Guardado, a que se juntaram os mais consagrados Marquéz, Salcido ou Giovanni dos Santos. Tivessem empatado o jogo com o Uruguai, e ganho o grupo, e a história do Mundial podia ter sido diferente.
O Japão foi uma lufada de ar fresco. Tão equilibrados e disciplinados como os sul-coreanos, que também passaram, ao Japão nunca faltou, no entanto, a alegria de jogar e o improviso, assentes numa das maiores revelações do Torneio: o extraordinário Keisuke Honda. Perder para o sequíssimo Paraguai, nos penalties, foi criminoso.
Ainda os Estados Unidos. Os norte-americanos eram, destas 4, a selecção mais modesta individualmente. E isso só reforça, de facto, o mérito do trabalho de Bob Bradley. Os Estados Unidos foram uma selecção fresca, muito bem armada, que jogou surpreendentemente bem com o que tinha, e que juntou a isso potes de emoção, da recuperação extraordinária contra a Eslovénia (2-2, a perder por 0-2), ao apuramento para os oitavos no último minuto do jogo (Donovan, contra a Argélia). Nos oitavos, felizmente perdeu para alguém que merecia, num dos grandes jogos do Torneio.
Por fim, o Gana, e os píncaros do seu drama. Para mim, foram o 2º melhor futebol do Mundial, ao transportarem, em cada célula, a extrema alegria de jogar africana. Não foram a primeira equipa do Continente a chegar a uma meia-final porque falharam um penalty no último minuto do prolongamento, o que diz muito sobre a beleza do jogo. Ainda assim, o trabalho de Rajevac perdurará, numa geração que já tinha dado de si em 2006, que foi campeã do Mundo sub20 em 2009, e que não será esquecida por todos quantos acompanharam o África do Sul 2010. Ayew, Asamoah e o extraordinário Gyan, num ataque fantástico, mais Kingston, Mensah e Boateng. Longa vida ao coração africano.
As Surpresas
Admito que, para mim, a Espanha foi uma surpresa. Não era discutível que a Roja tinha um potencial imenso, e chegava como Campeã da Europa, depois de ganhar todos os jogos da qualificação, mas os espanhóis tinham um passado derrotista pesado demais. Apostava, sim, nesse triunfo da História, na sua queda tradicional antes das meias, como já lhes tínhamos visto cair tantas vezes em Campeonatos do Mundo. Mais por essa convicção realmente, por esse entendimento histórico-cultural, do que por não gostar de espanhóis, diga-se. Sobre o que fez esta Espanha, já disse quase tudo nos últimos tempos. Sobra reforçar que consolidaram anteontem, definitivamente, uma nova Era no futebol mundial. A ver que dimensão a farão adquirir.
Na antevisão do Mundial, disse que esperava uma Holanda de futebol bonito, uma Holanda que comprometesse algum favorito, mas que não estivesse na África do Sul para ganhar nada. A velha Holanda, portanto. A verdade é que aconteceu quase todo o contrário, uma Holanda dura e fria, impenetrável, que discutiu a final do Campeonato do Mundo até aos últimos 5 minutos do prolongamento. Também já disse quase tudo o que tinha a dizer sobre a Holanda, no essencial, a tristeza pela Laranja ter sacrificado o seu apaixonante estilo, mas era absurdo não reconhecer o mérito do trabalho de Van Marwijk. 32 anos passados da geração de Cruijff, Neskeens, Rep e Resenbrink, a Laranja voltou a jogar uma final. Muito longe do mesmo brilhantismo, mas uma final.
Por fim, obviamente o Uruguai. Muita gente olhará para este Mundial, e falará sobre um Uruguai dum futebol louco a apaixonante. No essencial, isso não foi verdade. Tal como insisti especialmente até aos quartos-de-final, este Uruguai teve muitos predicados, desde a táctica, ao sacrifício e à disciplina, até à transbordante qualidade individual no ataque, mas esteticamente, ao nível da construção, a equipa nunca foi capaz de jogar bonito. A partir dos quartos, a Celeste acabou por passar do auto-controlo para a componente emocional, e é isso o que lembrarei com mais gosto desta impensável caminhada uruguaia. Disso, e de Suárez e de Forlán, um velho caminhante que saíu do United pela porta pequena, mas que acabou 2010 como melhor jogador da Liga Europa e Melhor Jogador do Campeonato do Mundo. És dos que merece, Diego.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
O golo
Podia ter sido este, mas a Itália não merecia.
O pequeno balanço antes da reflexão
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Sem uma linha que seja a atacar a vitória de Forlán, que a merece do fundo da alma, para mim, o Melhor Jogador do Mundial foi Wesley Sneijder. O Pequeno Genial foi a luz da inesperadíssima caminhada da Laranja até à final, o único fora de série da equipa e, individualmente, foi o jogador mais determinante dentre todos os que subiram hoje ao relvado do Soccer Stadium. Depois de ganhar a Serie A, a Taça de Itália e a Liga dos Campeões, onde foi o melhor jogador, Sneijder sai como melhor marcador do Mundial, e, sobretudo, como figura maior duma Holanda finalista 32 anos depois. Na era de Messi, Ronaldo, Xavi e Iniesta, a FIFA cometerá uma barbaridade se não o escolher a ele, em Janeiro, como o melhor de 2010.
O 11:
GR: Neuer (Ale); D: Sérgio Ramos (Esp), Puyol (Esp), Juan (Bra) e Coentrão (Por); M: Muller (Ale), Schweinsteiger (Ale), Sneijder (Hol) e Iniesta (Esp); A: Villa (Esp) e Forlán (Uru).
Os 12 suplentes:
GR: Casillas (Esp), Stekelenburg (Hol); D: Lahm (Ale), Rafa Márquez (Mex), Salcido (Mex); M: Bommel (Hol), Xavi (Esp), Messi (Arg), Ozil (Ale), Robben (Hol); A: Suárez (Uru), Gyan (Gan).
Os underdogs:
GR: Kingston (Gan), Enyeama (Nig); D: Tanaka (Jap), Belahdj (Arg); M: Ríos (Uru), Juárez (Mex), Boateng (Gan), Vera (Par), Honda (Jap), Kwadwo Asamoah (Gan), Beausejour (Chi), Donovan (EUA); A: Krasic (Ser), Giovanni dos Santos (Mex), Tshabalala (Afr), Jovanovic (Ser), Ayew (Gan), Gervinho (Gan), Chicharrito Hernández (Mex), Lucas Barrios (Par).
domingo, 11 de julho de 2010
Foi Assim Que Aconteceu #25 - FINAL
A Holanda foi melhor do que eu esperava. Mesmo sufocados no início das partes e no prolongamento, os holandeses não abdicaram do jogo, não foram afogados como os alemães e, mesmo que às vezes por linhas tortas, e sem espaço para abrirem no sobredotado trio de ataque, fizeram o seu jogo, contrariaram a Espanha no possível e, justamente, tiveram bolas instrumentais para mudar o rumo do jogo, Mathijsen e Robben, sobretudo, que o digam. Contudo, desde o início, disse que esta não era a Holanda dos velhos tempos, apaixonada e apaixonante, e para mim, sem o estilo, incaracterística, era difícil acreditar nela campeã. Entendeu o destino que a Laranja há de sê-lo, mas realmente não assim.
A Espanha é a melhor selecção do Mundo. Não foi a que jogou melhor, talvez nem a 2ª ou a 3ª, não foi a mais entusiasmante, e é uma selecção menos inspiradora do que a de 2008, com menos vertigem nos últimos 20 metros, menos Barça, mas se aos holandeses falta estilo, filosofia própria, os espanhóis são dum mundo à parte. O tiki taka foi esticado e posto à prova, podia ter caído (Del Bosque é, curiosamente, bem mais conservador do que era Aragonés), mas estes são, definitivamente, novos tempos para o futebol mundial. Mourinho impediu, há uns meses, que a equipa da década fosse a primeira da história a bisar uma Liga dos Campeões, mas esta Espanha, campeã da Europa e campeã do Mundo, o 3º país a consegui-lo, consolidou a filosofia deste século XXI: o carrossel (tão ironicamente cruijffiano na essência), e, acima de tudo, a extrema inteligência em jogo.
À espera da geração Barça, que juntou hoje o Campeonato do Mundo ao Campeonato da Europa, à Liga dos Campeões, ao Campeonato do Mundo de Clubes, à Supertaça Europeia, à Liga espanhola, à Supertaça Espanhola e à Taça do Rei, estará um admirável mundo novo nos próximos 4 anos. Por mais que me custe a admiti-lo, e custa, o caminho para esta Espanha, tão jovem, inacomodada, confiante, e a jogar pela sua cabeça, é o do futuro. Até ao Rio de Janeiro, em 2014, escrever-se-á se cabe mesmo a esta Espanha passar da História para outro lugar qualquer. Acima.
sábado, 10 de julho de 2010
Foi Assim Que Aconteceu #24 - 3º LUGAR
Não acho que o jogo de 3º e 4º lugares faça sentido. Depois duma meia-final, é absurdo obrigar equipas a picar o ponto, só para a FIFA ter o seu calendário pré-final preenchido. É sempre um jogo difícil de se gostar e difícil de interessar, porque praticamente já não se joga para nada, depois duma competição intensa, e bem fez a UEFA em acabar com isto nos Europeus.
Ainda assim, isso não invalida que Uruguai e Alemanha tenham dado de si mais uma vez, e contribuído para o espectáculo. Houve gente a ter oportunidades, houve pouco de táctica e menos de rigor, e jogou-se pelo gozo, mas isso rendeu muitos golos, abriu espaço para a técnica e para as individualidades, gerou duas reviravoltas e, grand finale, uma bola à trave no último segundo do jogo, que valeria um prolongamento. Foi o último momento dum grande Uruguai neste Mundial, obra e graça desse extraordinário jogador chamado Diego Forlán, que merecia ter marcado esse último golo, e merece acabar como melhor marcador, ao lado, curiosamente, daqueles que são, para mim, os 3 melhores do Mundial: Sneijder, Villa e Muller.
O Uruguai despede-se como a maior surpresa, a Alemanha como o melhor futebol. Ambos marcaram, de maneira indelével, o África do Sul 2010.
Pelos vistos o pessoal não interpretou "estrutura amadora" da maneira correcta
sexta-feira, 9 de julho de 2010
E um treinador a sério, não?
Muller
Os nomeados são Diego Forlán (Uruguai), Asamoah Gyan (Gana), Andrés Iniesta (Espanha), Lionel Messi (Argentina), Mesut Ozil (Alemanha), Arjen Robben (Holanda), Bastian Schweinsteiger (Alemanha), Wesley Sneijder (Holanda), David Villa (Espanha) e Xavi (Espanha)."
Uma pessoa com muito tempo livre
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Diferendo significante-interpretativo sobre "falha chocante"
Theresa Hennessy, vice-presidente da Playboy Enterprises, disse ao site norte-americano “Gawker” que a capa da edição de Julho, que pretendia ser uma homenagem ao livro “Evangelho Segundo Jesus Cristo", de José Saramago, “não foi aprovada” pela empresa norte-americana, como estaria acordado.
“É uma falha chocante dos nossos critérios e não a teríamos aprovado se a tivéssemos visto antes de ser publicada”, disse ainda a responsável pela área de comunicação da Playboy."
A Playboy podia querer acabar com a revista em Portugal por 13874 razões. Aí num ano e meio, a Playboy do burgo não teve mais do que 2 ou 3 edições decentes. Além disso, conseguiu fazer ensaios tão deprimentes como o da velhota dos Malucos do Riso, cometeu a proeza de publicar ensaios piores do que os das revistas soft, e ninguém lhe tira, para todo o sempre, o ónus das capas mais constrangedoramente más da história das revistas de gajos, desde a Maya ter podido dizer legitimamente que fazia uma capa melhor que o desastre-Mónica no nº1, até esta de não-vamos-arranjar-uma-gaja-que-toda-a-gente-queira-ver-nua-mas-sim-apaneleirar-o-evangelho-do-saramago, mais o auge que foi pôr esse vulcão de sensualidade que é o Araújo Pereira numa capa. Mas não, com tudo isso a Playboy Enterprises e a Sra. Theresa Hennessey estiveram na boa. Com tudo, até à falha chocante que foi a revista mais historicamente iconográfica da gaja boa nua fazer umas maluquices para com a nação católica. Ser uma merda podia. Agora o recato e o pudor da Playboy que ninguém ponha em causa.
Rolla
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RocknRolla acaba por ser algo confuso. Nota-se que foi feito com muito gosto, de maneira a que todos os envolvidos tivessem gostado de o fazer, mas é sempre curto, no sentido em que não é verdadeiramente bom em nada em particular. A premissa de fundo é só o Smokin Aces em mau, e, dentro da abordagem, o chorrilho de acção não chega ao nível dum Shoot 'Em Up, nem tem o seu quê de novidade como o teve em Snatch. É um filme sobre os meandros do submundo londrino, nas ligações entre a espécie de máfia e o poder político, com a nuance dum bando de personagens entre o bandido romântico e a anarquia, filmado no bom tom britânico de sempre, que se vê bem, admito, que tem bons momentos de humor para o género, mas que é pouco mais do que isso.
Individualmente, o melhor é Mark Strong. Vi-o pela primeira vez no Sherlock Holmes e, depois do Robin Hood e deste RocknRolla, cada vez gosto mais dele. Ainda não terá tido uma prova forte a nível interpretativo, mas pelo menos a figura poderosa no ecrã está lá. Gerard Butler não teve todo o espaço que era de esperar mas, mesmo sem brilhar, é um papel que lhe assenta muito melhor do que as dúzias de comédias românticas que anda por aí a fazer. Tom Wilkinson, depois da monstruosidade em Michael Clayton, e do papel em Valkyrie, foi uma pequena desilusão aqui.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Foi Assim Que Aconteceu #23 - MEIAS
Vendo agora, era um contra-senso esta Alemanha ser Campeã do Mundo. Porque foi a melhor equipa, a que teve melhores individualidades, a que, indiscutivelmente, mais e melhor jogou, a que mais marcou e a que arrancou os jogos mais memoráveis deste Campeonato do Mundo. Esta Alemanha era muito dada ao jogo, e, percebeu-se hoje, muito pura para ganhar o que quer que fosse. Quem ganha não pode ter tanto espírito, e tanta fidelidade para com o jogo e para com o espectáculo. Foram assim a Hungria em 54, a Holanda em 74 ou o Brasil em 82. Como esses, mesmo que só acabe em 3º ou 4º, é a Alemanha a selecção de quem todos se vão lembrar depois da África do Sul. Estará aí a beleza do jogo.
Essa Alemanha do bom futebol já não esteve hoje em campo. Sem Muller, que provou, ausente, que era o jogador mais determinante e mais insubstituível da equipa, e contra uma selecção tão violenta tacticamente como a espanhola, não houve nada a fazer. Podia falar duma primeira parte equilibrada ou dalguma reactividade alemã, materializada em 2 ou 3 oportunidades, mas não faria sentido. A verdadeira Alemanha não esteve em jogo hoje, e, sejamos justos, mais por mérito espanhol do que por demérito próprio. A Espanha fez o seu melhor jogo até agora e, pela sobriedade na abordagem e pela maneira como resolveu, parecia que os papéis históricos estavam trocados, dum lado futebol mais alegre a ir embora, do outro o cinismo a seguir em frente. A Espanha, pese a extrema segurança de si (confirmou-se hoje, de vez, uma nova era no futebol espanhol), além de ter sido sempre a melhor equipa, também foi a que melhor jogou. Na retina os primeiros 25 minutos da 2ª parte, dum futebol enorme, ao nível de 2008, coroados legitimamente com o golo de Puyol.
Para o fim-de-semana, a Mannschaft merece o pódio. A Espanha é favorita na final.
Jogadores:
Espanha - No jogo mais denso e exigente até agora, Iniesta. O hiato na 2ª metade da época fê-lo chegar fresco à África do Sul, e ainda por cima foi em crescendo. Instrumental hoje, foi sempre irrepreensível a pegar no jogo, e foi a base do tiki taka. Xavi tem andado mais discreto, mas hoje apareceu muito bem no último toque, ligeiro. Também a defesa espanhola merece menção, com destaque para Capdevilla e Puyol que, na fase de bombeamento alemão, foi muito importante (é no futebol mais intenso que Puyol se sente melhor).
Alemanha - Num jogo para defender, Neuer assinou, para mim, a prova de que é o melhor guarda-redes do Mundial. Altivo, sem espalhafato e sem jogar para a fotografia, é jogador duma segurança a toda a prova, muito bom na ocupação na baliza. Boateng, adaptado à esquerda, fez uma excelente primeira-parte, poderosíssimo que é. E, no jogo em que faltaram Ozil e Podolski, esteve até à última Schweinsteiger, um comboio, que, depois do que fez no Bayern e na África do Sul, merecia sair para as grandes ligas.
terça-feira, 6 de julho de 2010
Foi Assim Que Aconteceu #22 - MEIAS
Ao contrário do que vou lendo aqui e ali, acho que este tem sido um grande Mundial. Grandes jogos, grandes jogadores, várias surpresas, muitas filosofias diferentes e, sobretudo, muita emoção. Por mais redutor que isso possa parecer, falar do Holanda - Uruguai é falar de emoção. Da emoção dos últimos 4 minutos, sempre, mas, em muito também, do coração do jogo uruguaio, que hoje, sem Suárez, com 4 trincos, e perante a imperturbável Holanda, pareceu finalmente uma equipa verdadeiramente humana. Muito mais do que o cinismo das eliminatórias, hoje esteve em campo a raça uruguaia, que deu para resistir durante muito tempo à evidente maior qualidade holandesa, deu para empatar e, cúmulo, deu para lutar até ao último segundo do jogo, depois de, ao minuto 90, estar a perder por dois golos. Até para mim, que gostava muito mais de ter visto nesta fase um México, um Gana ou uns Estados Unidos, é impossível não admirar o trabalho de Tabárez. É bonito ver estas equipas chegarem até aqui, e é bonito vê-las sair duma maneira que se gosta, de cabeça erguida.
A Holanda ganhou com mérito, e é uma justa finalista. O ataque é apaixonante, e a equipa jogou mais hoje, foi melhor, e concluíu a sua extraordinária caminhada até à final com 25 vitórias seguidas em jogos oficiais, mérito, mais ou menos resultadista, de Van Maarwick, o homem que pôs a velha Holanda a ganhar a sério. Só não posso deixar de reforçar, nunca, que é pena que não tenha chegado cá uma Holanda como a de 2008, por exemplo.
Jogadores:
Holanda - Para mim, o MVP foi Van Bommel. O trinco foi a fonte do equilíbrio de toda a equipa, mesmo sem De Jong na primeira parte (com De Zeeuw), e sozinho na 2ª. Incrível como conseguiu segurar quase sempre o meio-campo por si, a bater sempre com a cabeça nos dois ou três momentos seguintes. De resto, a defesa e o apoio do meio-campo não brilharam. Sobraram Sneijder, todos os dias mais próximo de ser o Jogador do Ano, mais Kuyt, Robben (hoje muito forte outra vez) e Van Persie, que fez o seu melhor jogo até agora na competição.
Uruguai - Na "despedida", a certeza de que Forlán merece estar no 11 do Torneio. Orfão de Suaréz no ataque, Forlán aguentou ideologicamente sozinho o jogo da equipa, inventou o 1-1, como inventou já tantos momentos neste Mundial, recuou no apoio, e fez tudo o que pôde. Merecia ter jogado a meia-final até ao último minuto.
Por Dios, Um Mundo à Parte, Fé deve ser isto ou Diego não te vás
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"«Diego não te vás», era o que mais entoavam as cerca de 20 mil pessoas que aguardavam Messi e Companhia à chegada a Buenos Aires, depois da queda da Selecção nos quartos-de-final do Mundial 2010. «Que se teria passado se a Argentina fosse campeã 24 anos depois?» é a pergunta que o diário argentino Olé deixa no ar."
"Não se cumpriu o sonho, mas encontrou-se o caminho para respeitar o futebol argentino de tocar a bola, de ir para a frente, de voltar às raízes. (...) Este é o futebol que as pessoas gostam de ver. (...) O meu ciclo terminou"
domingo, 4 de julho de 2010
Em Busca de um Mundo Melhor
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"Larissa Riquelme, a rainha do Mundial. Assim foi baptizada a paraguaia que acompanhou de perto a selecção do país, na África do Sul. A modelo tinha prometido despir-se, caso a «Albirroja» chegasse às meias-finais. O que não aconteceu. No entanto, Larissa Riquelme revelou que vai mesmo despir-se.
A paraguaia argumenta que o desempenho dos jogadores merece ser reconhecido e, por isso, vai posar nua. «Será um prémio para os futebolistas e para que todo o povo paraguaio possa desfrutar depois do esforço deles, que deixaram tudo em campo», disse Larissa Riquelme, em declarações ao «Diario Popular»."
sábado, 3 de julho de 2010
Foi Assim Que Aconteceu #21
Se dúvidas houvesse, a Mannschaft é a melhor Selecção do Mundial. Vinga não pela consistência brasileira, não pelo cinismo holandês, não pela teia espanhola, nem pela paixão ofensiva argentina. Ganha porque é, a milhas talvez, a selecção mais incrivelmente completa, porque joga, a milhas, o melhor futebol do Campeonato, e porque faz isso conjugando tudo, da defesa à táctica e aos equilíbrios. Esta Alemanha ressuscitada por Klinsmann em 2006, na altura com Low como adjunto, e que esteve na final em 2008, é um projecto de futebol fantástico, com uma maturidade quase inalcançável ao nível do futebol de selecções. A Mannschaft tem a segurança dos grandes e a alegria dos mais pequenos, e nunca contemporiza, nunca pára, nunca circula: a regra é sempre o ataque, abrangente, rápido, assassino.
Para Maradona e para a Alviceleste, acabou o sonho. Podia ter sido, mas ter Maradona no banco não foi suficiente para repetir 86, nem chegar às meias a que os argentinos não chegam desde 90. A realidade crua e dura diz que, ao primeiro adversário verdadeiramente duro, a Alviceleste caíu, e caíu sem apelo nem agravo, sem nunca ter sequer chegado a discutir o jogo. Valheu-lhe a alma que nunca podia ter faltado, o coração e a crença, que, até ao 2-0, pareceu tornar possível outro resultado. Mas era pura ilusão. Mesmo assim, goste-se ou não, critique-se ou não o fundo como treinador, o Mundial fica mais pobre sem Diego. Vê-lo na sala de imprensa tão genuinamente triste, é ver futebol da cabeça aos pés, personificado num homem.
Jogadores:
Alemanha - Os elogios repetem-se, mas não há nada a fazer. Pelo jogo de hoje, mais o que fez contra a Inglaterra, mais tudo o resto, Muller é, neste momento, o Melhor Jogador do Torneio. Classe, classe e mais classe. Lê sempre bem, chega primeiro, é rápido, tem técnica, é inteligentíssimo, e assiste até quando está no chão e tem 3 adversários à volta. Palavras para quê? Depois Schweinsteiger, um comboio permanente, certamente o melhor box-to-box da competição, e alguém que, com formação de extremo, parece que nasceu ali. E a jogada do 3-0, deus. Podolski mais Ozil a bom nível, com mais Podolski hoje, e Klose claro, a garantir que metade das bolas que lhe caem ali acabam na baliza. Viva a Mannschaft.
Argentina - Despediu-se Messi sem glória. Não tinha marcado, mas andava a jogar muito futebol. Faltava-lhe o nirvana, e o nirvana não chegou. Uma sentença dura este Mundial para todos os grandes da actualidade, com Ronaldo, Kaká e Rooney, ainda que Messi tenha jogado mais que qualquer deles. Maxi Rodriguez, meio médio direito, meio médio centro, terá sido o jogador mais acertivo da equipa, num meio-campo com um único jogador fixo. Por último, Tevéz que devia ser titular para a vida.
Espanha - Paraguai, 1-0
Jogadores:
Espanha - Se dúvidas houvesse, é ele o melhor jogador espanhol da actualidade, e o melhor avançado da prova. A Espanha anda a jogar muito menos, mas com Villa pode sempre contar, a qualquer altura. Iniesta, outra vez mais do que Xavi, tem feito o resto.
Foi Assim Que Aconteceu #20
Para mim é uma surpresa imensa, ao nível de ver a Itália ser eliminada quando só precisava dum empate para se qualificar. O Brasil parecia-me, à partida para os quartos-de-final, a equipa mais dura, mais consistente e, tal como disse, a maior candidata à vitória final. É verdade que se havia uma Holanda capaz de derrotar a Canarinha era esta, escura e cínica, mas muito mais madura e competitiva, mas mesmo assim custava-me a crer. Até porque o Brasil tinha pouco de desiquilíbrio e, apesar do talento no ataque ser comparável, no resto os brasileiros eram superiores.
Não vi o jogo todo, mas, do que vi, é um resultado um pouco ingrato para Dunga. O Brasil foi bem melhor na primeira parte, marcou e até podia ter posto uma pedra no jogo, mas, até assim, nada fazia crer numa reentrada da Holanda, até ao frango do Júlio César. Logo ele, depois duma época monstra, a sair daquela maneira. Depois, admito, a Holanda pôs em campo um nível que nunca lhe foi habitual, não de qualidade de jogo (só mais visível com o Brasil totalmente descompensado, à medida que o jogo ia para o fim), mas justamente a nível de competitividade, que prendeu o Brasil, e cresceu progressivamente no jogo. Depois do 2-1 de laboratório e da expulsão de Felipe Melo (custa a ver um jogador que tão bem lê o jogo ter o cérebro do tamanho duma ervilha), consumou-se a surpresa. Com o Uruguai nas meias, a Laranja está mais perto do que nunca duma final inatingível à partida.
Jogadores:
Brasil - sem nunca terem sido verdadeiramente estratosféricos, Kaká e Robinho são dois dos jogadores do Torneio. Mesmo sem um Brasil de futebol espectáculo, mesmo a ficar nos quartos, ambos corresponderam ao estatuto que têm hoje em dia. Fica a expectativa para o que fará Kaká nas mãos de Mourinho, e o desejo dum regresso imediato de Robinho à Europa.
Holanda - Depois de ter sido o MVP da Champions deste ano, Sneijder tem escancaradas as portas da final e da Gala Anual da FIFA. Dele, dizer apenas que decidiu o jogo com golos de pé esquerdo e de cabeça, do alto do seu 1,70m. Van Bommel é um imprescindível, sobretudo nestes jogos, Stekelenburg fez-se maior do que é, e Kuyt, quando Van Persie anda apagado e Robben a levar porrada, é sempre imparável. Como já disse, o jogador mais útil da equipa, seja em que circunstâncias forem.
Uruguai - Gana, 1-1 (4-2 a.p.)
Emocionalmente, o jogo mais violento do Mundial. A eliminação do Gana, a falhar um penalty no último segundo do prolongamento, fica para a história como um momento no limite da poesia, o apontamento dum destino que os ganeses não podiam cumprir. O Gana seria a primeira equipa africana a chegar a umas meias-finais, foi a 3ª ou 4ª equipa com melhor futebol da prova, mas, quando só dependia de si, dum gesto, do seu melhor jogador, falhou. Não nasceram para isso. O Gana foi para jogar, para entusiasmar e para ter muitos, como eu, a torcerem por eles. Para ganhar a valer, ficou o Uruguai, qualificado da maneira mais espelhável possível do seu jogo, a impedir, no ilícito, sorrateiramente e na sombra, a alegria e a vitória adversária. É assim o futebol.
Não o mereciam, concerteza, Rajevac (extraordinariamente a esta distância das meias finais, depois de ter sido finalista na CAN) e, ainda menos, Gyan que, dentre tudo o que já fez neste Mundial, não merecia estar a dizer no fim do jogo que "Suárez é que é agora um herói no seu país".
Jogadores:
Uruguai - Suárez sairá do Mundial com tudo. Já tinha a comprovação do talento, transcendendo até o que de melhor se poderia esperar dele, agora sai com a aura e o mito à sua volta. É isso, no fundo, o que o porá na história. Ah e Forlán, claro, sempre porque sim.
Gana - Bem-vindo Muntari à titularidade. Intenso, foi muito importante no jogo do Gana, apesar de menos criativo do que Ayew. Boateng, uma das grandes surpresas deste Mundial, sai como um dos melhores 8 da prova. E Gyan não merecia o que lhe aconteceu. Só isso.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Perguntem ao Queiroz
Ainda assim, por desconcertante que seja, cabe reconhecê-lo: à vista da substituição mais inepta que já vi em futebol profissional (quer dizer, mesmo quando joguei nos distritais pelo montemorense estive longe de vislumbrar algo tão patético), são de Ronaldo as palavras mais memoráveis na revisitação da viagem portuguesa à Àfrica do Sul. "Assim não ganhamos, Carlos!" O anelo de Carlos Queiroz ao powerpoint encontrou no desespero egocêntrico de Ronaldo o mais expedito acusador. Nem ao maluco da aldeia se retira ao mérito de dizer umas verdades no tempo certo."