O melhor jogador português na África do Sul foi Coentrão. Tal como disse ao longo da prova, mesmo para quem o viu crescer este ano no Benfica, era difícil imaginar que Coentrão saísse do Mundial como o melhor lateral esquerdo da competição. É qualquer coisa de imenso para um miúdo que, há um ano, jogava para não descer no Rio Ave, e não sonhava com mais do que uns toques no sub21. É tanto mais assustador se pensarmos como, até há tempos, parecia imbatível o nosso vazio histórico na lateral esquerda. Insisto que estamos a falar de 4 jogos imensos, a defender e a atacar, que o colocam, aos 22 anos, e depois da única grande época na carreira, no lote de melhores do Mundo.
Depois, Eduardo. Ele e Coentrão foram as improváveis figuras maiores da 3ª Selecção do ranking FIFA neste Mundial, logo eles, um lateral esquerdo e um guarda-redes, dois dos nossos crónicos casos perdidos. Se houver justiça, ele estará entre os 3 melhores guarda-redes da prova, no Plantel da competição. Eduardo é um daqueles jogadores de quem é fácil gostar. Olha-se para ele, e, por mais lírico que isto possa parecer, vê-se que é boa pessoa. Depois, cresceu com calma, a fazer boas opções, e ao abrigo dum projecto único ao nível dos clubes médios em Portugal. Chegou até aqui sem a associação doentia a nenhum dos grandes, sem anúncios de prodígio, sem manchetes e sem cobiça internacional. Agora, merece toda a sorte do mundo. Em especial, o lugar numa grande Liga, onde possa ser titular. O jogo com a Espanha foi, para mim, a melhor exibição que já vi um guarda-redes fazer pela Selecção.
Também é justo que se fale de Ricardo Carvalho e de Tiago. O primeiro, o nosso capitão moral, entrou um pouco hesitante com a Costa do Marfim, mas depois não se afastou um milímetro do velho nível. Ricardo Carvalho, que mesmo que quisesse nunca conseguiria jogar mal, é um filósofo no mundo dos centrais, e ainda se dará ao luxo de, com 32 anos, estar entre os 4 ou 5 melhores do Mundo. Acredito que ainda o teremos na Ucrânia em 2012. O Tiago que passou na África do Sul, mesmo que irregular, foi um jogador que chegou ao nível do Deco dos bons tempos, e esse será o maior elogio que lhe posso fazer. Com espaço para ser titular daqui para a frente, a sua capacidade para se afirmar como "jogador de Selecção" será um dos vectores da dimensão portuguesa nos próximos anos. Moutinho ou Micael são bons, mas não são do seu nível.
Por último, uma pequena menção a Meireles e a Hugo Almeida, que também saem de cara lavada da África do Sul. Meireles contornou uma época muito pobre no Porto e, mesmo sem ter estado num nível altíssimo, é cada vez mais um jogador de rendimento certo, a lembrar Maniche. Em directo do grupo dos eternos questionáveis, Hugo Almeida arrisca-se a passar, por mérito próprio, para o 11 titular dos próximos anos. Mesmo frágil a muitos níveis, é um jogador em quem passei a acreditar e, acho, que passou a acreditar nele próprio. Quem sabe seja uma surpresa no apuramento rumo a 2012.
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