domingo, 25 de julho de 2010

Quando o poster é, a boa distância, a melhor coisa presente


Não tenho nada contra blockbusters, pelo contrário. Ao invés das pessoas que acham que os orçamentos milionários nunca rendem filmes decentes, acredito nos bons blockbusters e, sobretudo, acredito que estes podem ser filmes realmente de notar. Aliás, pese todo o dinheiro envolvido, será tão ou mais difícil fazer um filme comercial que não seja descerebrado, do que fazer um bom drama independente. Que ninguém duvide que é um talento, e temos aí os Batmans do Nolan, ou o primeiro Transformers do Michael Bay, para o provar. Um bom blockbuster é um filme que dá gosto ver, e, especialmente, que cumpre uma vertente que está nas entranhas do cinema: entreter, impressionar e alhear pelos efeitos e pela acção.

2012 não é, no entanto, nada disto. É, simplesmente, uma brincadeira de mau gosto que, acabada, só dá a sensação de que poderia ter sido feita por qualquer pessoa, tal é a falta de argumento, de ideias, e de um pingo de consideração estética. Não era preciso ter sido Rolland Emmerich que, no género, até já fez coisas decentes como The Day After Tomorrow, para torrar os 200 milhões do orçamento. Talvez até seja deslocado criticar um filme que não foi feito com quaisquer propósitos à excepção de ser javardão e molhar a sopa a toda a gente, e que portanto não teve de arriscar uma unha que fosse, e pôde ser feito duma ponta à outra em piloto automático, by the book, e com todos os clichés, e momentos populachos, e tontices típicas de qualquer filme rasca para arrancar uma gargalhadazita. Mas, mesmo que já tenha quadriplicado o investimento, pelo menos para quem tem alguma consideração pelos filmes comerciais, é triste ainda saírem coisas assim.

No meio de todos os efeitos especiais abrutalhados, e da estória do pai-divorciado-com-problemas-com-o-filho-cujo-padrasto-é-rico-mas-a-mãe-não-ama-mesmo-a-sério, chegou-se ao cúmulo de, em 2 horas e meia de filme, 2 HORAS E MEIA, só se ter mencionado 2 vezes o mito Maia do fim do mundo que supostamente inspirou a acção, uma através duma espécie de animação em cartoon, outra com um sibilar "Mayas knew it all". 2012 é qualquer coisa entre cinema rasca e prostituição intelectual.

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