quinta-feira, 8 de julho de 2010

Rolla


RocknRolla é um filme despreocupado. Como Tarantino faz as suas coisas mais para ele do que para o público, Guy Ritchie também tem alguma tradição em explorar argumentos quase de gozo, com muita acção e um certo foco nas personagens. Foi isso que vimos em Snatch, e foi em parte o que vimos em Sherlock Holmes. Só em parte, e acontece que Sherlock Holmes foi o melhor filme que vi de Ritchie. O melhor talvez porque foi o que tinha uma linha de narrativa mais definida, o que potenciou todas as outras características tradicionais dos seus filmes (o cinzento gasto de Londres, os protagonistas poderosos, a acção, etc).

RocknRolla acaba por ser algo confuso. Nota-se que foi feito com muito gosto, de maneira a que todos os envolvidos tivessem gostado de o fazer, mas é sempre curto, no sentido em que não é verdadeiramente bom em nada em particular. A premissa de fundo é só o Smokin Aces em mau, e, dentro da abordagem, o chorrilho de acção não chega ao nível dum Shoot 'Em Up, nem tem o seu quê de novidade como o teve em Snatch. É um filme sobre os meandros do submundo londrino, nas ligações entre a espécie de máfia e o poder político, com a nuance dum bando de personagens entre o bandido romântico e a anarquia, filmado no bom tom britânico de sempre, que se vê bem, admito, que tem bons momentos de humor para o género, mas que é pouco mais do que isso.

Individualmente, o melhor é Mark Strong. Vi-o pela primeira vez no Sherlock Holmes e, depois do Robin Hood e deste RocknRolla, cada vez gosto mais dele. Ainda não terá tido uma prova forte a nível interpretativo, mas pelo menos a figura poderosa no ecrã está lá. Gerard Butler não teve todo o espaço que era de esperar mas, mesmo sem brilhar, é um papel que lhe assenta muito melhor do que as dúzias de comédias românticas que anda por aí a fazer. Tom Wilkinson, depois da monstruosidade em Michael Clayton, e do papel em Valkyrie, foi uma pequena desilusão aqui.

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