"I have no choice but to direct my energies toward the acquisiton of fame and fortune. Frankly, I have no taste for either poverty or honest labor, so writing is the only recourse left for me." Hunter S. Thompson
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Derby. Para um barco sem rumo não há ventos favoráveis
Vitória natural da melhor equipa.
O significado do jogo deu algum alento ao Sporting, mas, ainda estava 1-0, e já se adivinhava o que vinha. Fazer do derby um pontapé na crise era contra-natura para este Sporting, e a incapacidade existencial cheirou-a rápido a máquina do Benfica. Na 2ª parte, foi físico, foi emocional e foi tudo o que a equipa de Jesus bem lhe apeteceu. Não há inevitáveis no futebol, mas às vezes há condenados.
O Sporting fez uma primeira-parte digna, com nervo para responder. Qualidade de Insúa, grande carácter de Rinaudo e Capel, e grande execução de Wolfswinkel no golo. Não tem nível mundial, já se percebeu, mas, fazendo jus à escola holandesa, é um ponta-de-lança com capacidade técnica, culto na movimentação, e a equipa não se tem podido queixar. O fado é que o Sporting está desfeito mentalmente. Os jogadores entram em campo na esperança vã que qualquer coisa lhes espante o destino, porque não acreditam que podem, não acreditam no treinador, muito menos na estrutura e, definitivamente, não acreditam que alguma coisa possa correr bem. Ironicamente, o que o 1-0 fez foi assustar a equipa, queimar-lhe nas mãos. Talvez o nulo era uma coisa que se pudesse defender; estar a ganhar, pelo contrário, era provocar a sorte e pedir-lhes demais.
Claro que não é tudo cabeça, ou não fosse o défice de qualidade tão evidente. Se, em tempos mais desafogados, o Sporting vivia da vitalidade da formação, hoje, em crise, o grupo é paradoxalmente mais caro e mais acomodado. Rojo, internacional argentino, é anedótico. Boulahrouz nunca foi bom o suficiente. Pranjic é um pré-reformado. Capel um overrated. Elias não pode ser o mais caro de sempre, e Carrillo já desistiu. Nisto, ficam a apanhar pó Carriço, Adrien ou André Martins. O Sporting tem um plantel fidalgo demais, a verdade é essa, terrivelmente mal pensado, feito de gente gasta, com tanto nome quanto qualidade duvidosa, difícil de motivar, e de quem se pode esperar pouco.
O jogo, o Benfica virou-o com facilidade, no mundo de diferença que separa as equipas individual, colectiva, táctica e emocionalmente. Ter sofrido primeiro foi só um acaso, a que a equipa, superiormente desenhada por Jesus, pôs fim mais ou menos quando entendeu. Individualmente, Cardozo vai consolidando, em especial nos jogos grandes, o estatuto de mais rentável de todos os mal-amados da história do futebol português. De facto, custa a crer a hostilidade para um jogador capaz de ser tão decisivo tantas vezes. Ola John é espectacular. E André Gomes, mesmo não sendo o puto-maravilha que pintam, tem uma disponibilidade física assustadora, que assenta como uma luva no modelo da equipa. Vai ter espaço, mas fosse mais esclarecido a dar a bola, e não havia quem lhe voltasse a roubar o lugar.
Ouvir os olés no fim do jogo deve ter moído o sportinguismo, mas não seria noite em Alvalade se Godinho Lopes não viesse tornar tudo ainda pior: o "Sinto que estamos a fazer um trabalho de grande dimensão", ainda com o cadáver do derby quente, é mais uma para a sua interminável lista de antologia. Depois da tragédia do ano passado, a 18 pontos do líder e a 2 da linha-de-água no Natal, fora da Taça e da Europa, ainda ser ele o presidente do Sporting é coisa digna do paranormal.
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