quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

E se o Platini dos Bosques até teve uma boa ideia desta vez?


"Está confirmado: o Campeonato da Europa de 2020 vai ser disputado em algumas das principais cidades do continente, e em vários países." 

Desde que assumiu o gabinete mais importante do futebol europeu, Platini não tem sido propriamente um Presidente ortodoxo: da reconstrução da Liga dos Campeões, para acolher gente de menor monta, à extensão do Campeonato da Europa para 24 equipas, o triplo Bola de Ouro francês tem feito por insinuar uma espécie de capa democrática. Como se fosse um Platini dos Bosques, que dá oportunidades aos mais pequenos, mais uma sempre que possível. A verdade é que o francês aprendeu rápido a ser um negociador de interesses, a dar às pessoas o que elas querem, e a ganhar com isso. Foi, desde logo, eleito com os votos dos países mais pequenos. E como manter amigos dá muito jeito, de repente a Champions e o Europeu foram esticados, e, à custa de uma diminuição evidente de competitividade, Platini pagou os seus almoços em falta.

A última ideia viveu da mesma lógica: para quê dar o Europeu a um quando se pode dar a toda a gente? (e lucrar mais e fazer ainda mais amigos?) Aprovou-se hoje: o Euro-2020 será jogado em várias cidades, ao invés de num único país. Desta vez, porém, e para variar, até pode ser bom para nós. A mobilização de um país inteiro para o torneio vai-se perder, correndo o risco de o descaracterizar, e o desgaste em viagens será bastante maior, o que, num fim de época, pode afectar ainda mais a qualidade da prova. Ao mesmo tempo, desde que seja a título excepcional, e porque são os 60 anos da UEFA, as possibilidades são generosas. Termos, por exemplo, os grupos estacionados pelos quadrantes da Europa, um Lisboa-Madrid-Paris, outro Roma-Atenas-Viena, outro Londres-Amesterdão-Berlim, ou haver, quem sabe, uma rede de transportes feita de propósito para incentivar a ida dos adeptos a todo o lado. No ideal, poderíamos ter todo um continente em espírito de festa durante um mês de Verão, e não se diz não a essa imagem.

As motivações de Platini não foram românticas, mas quem sabe o Euro-2020 escreve-se certo por linhas tortas.

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